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Adão Gonçalves da Silva Filho1
Luciana Cruz de Freitas 2
PLASTICIDADE NEURAL INDUZIDA POR TREINAMENTO MUSICAL E PROCESSAMENTO CONTEXTUAL
RESUMO
O treinamento musical tem o potencial de movimentar o sistema sensório-motor e a cognição. O processo engloba a escuta, o movimento, a visão, e as emoções. Nos últimos tempos, isso tem sido usado em estudo nas mudanças cerebrais. Os estímulos podem ser facilmente adaptados, estudos feitos entre 2021e 2025, indicam que o treinamento musical altera a estrutura do córtex auditivo primário e secundário, isso aumenta a conexão entre as redes frontotemporais, aperfeiçoando na capacidade de processar estímulos sonoros ao decorrer do tempo. Adicionalmente intensifica a sensibilidade às previsões auditivas e auxilia no uso no contexto musical. Por outro lado teorias modernas de processamento preditivo explicam como o cérebro faz previsões com base em modelos internos, Músicos treinados têm modelos mais precisos, predições mais corretas e erros menores ao interpretar estímulos, No entanto estudos de múltiplos locais mostram resultados diferentes em alguns aspectos Especificamente na plasticidade subcortical, como na Frequency-Following Response (FFR), implicou em resultados desigual, Isso indica que nem todos os efeitos do treinamento musical podem ser aplicados a todos os casos. Este artigo revisa esses resultados, discute possíveis mecanismos estruturais, funcionais e computacionais. Propõe uma direção para futuras pesquisas, conclui que o treinamento musical causa mudanças na rede cortical, No entanto mais estudos controlados e com registro prévio são necessários para confirmar a causa de mudanças específicas.
Palavras-chave: Plasticidade neural, Treinamento musical, Processamento contextual, Codificação preditiva, Neurociência da música, Conectividade funcional, Predição temporal, Cognição auditiva, Neuroplasticidade, Reabilitação neurológica.
1 Aluno de doutorado pela EBWU.
2 Orientadora, pesquisadora, professora, doutora.
INTRODUÇÃO
A música é uma habilidade cognitiva humana. Ela envolve perceber o tempo, analisar sons, integrar diferentes sentidos, mover o corpo e entender padrões hierárquicos. Aprender a tocar um instrumento exige muitos anos de prática. Geralmente, essa prática começa na infância. Ela consiste em repetir tarefas, receber feedback e desenvolver modelos internos. Por isso, a música é importante para estudar como o cérebro muda com o tempo. Pesquisas mostram que músicos profissionais têm diferenças no cérebro, essas diferenças aparecem em áreas como o córtex auditivo, o córtex motor, cerebelo e no corpo caloso. Essas descobertas sugerem que o treinamento musical pode mudar o cérebro. Estudos recentes tentam entender se essas mudanças vêm da prática ou de fatores que já existiam.
Avanços em neurociência computacional e teorias de processamento preditivo ajudam a entender como o cérebro trabalha na música. O cérebro cria expectativas com base no que escuta. Assim, estudar o treinamento musical também é estudar como o cérebro constrói e ajusta modelos internos ao longo do tempo.
Nesse contexto, entender a plasticidade cerebral induzida pela música significa saber onde o cérebro muda, como muda, por que muda, quando muda e quais teorias explicam esses processos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS: Fundamentos da Plasticidade Neural
A plasticidade neural é identificada como a capacidade de modificação do sistema nervoso, sendo em sua estrutura tendo como resposta nos estímulos internos e externos (Kolb & Whishaw, 2022). No contexto clássico e atual indica que a plasticidade se obtém em níveis como:
Celular e sináptico – mudanças na quantidade de junção entre neurônio e a membrana de outro neurônio (Hebb, 1949; Kandel et al., 2014).
Estrutural – alteração da ramificação da neurogênese e sensibilidade (Merzenich, 2013).
Funcional – atualização ou modelação na atividade neural (Pascual-Leone et al., 2015).
Conectivo – força e afinação das substâncias brancas (Fields, 2015).
As Pesquisas revelam que o trabalho intenso de atividades musicais com modos diferenciados e prolongados, tem grandes potencialidades para desenvolvimento da plasticidade, pois envolvem integração sensorial, motora, cognitiva e emocional.
2.2.Eficiência na detecção de mudanças auditivas
Testes feitos por meio de imagens no MEG em músicos apresentaram:
Uma maior amplitude e uma menor latência, com isso reflete uma grande sensibilidade ocasionando alteração nas questões melódicas e rítmicas, tendo uma melhor identificação ou discriminação de intervalos. Nesse sentido a informação sugere que um cérebro com treinamento musical, precisa de menos informações para perceber irregularidades, garantindo um funcionamento interno de forma mais afinada.
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Aumento da coerência neural em redes de longa escala
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As análises de conexão nas atividades elétricas no cérebro e suas mudanças no fluxo sanguíneo (EEG e fMRI) sobretudo nos músicos permitiram visualizar:
Uma maior harmonização e sincronização em regiões temporais, pré-frontais e parietais.
Melhor integração motora quando se está executando um instrumento.
Ampliação da comunicação entre os dois lados do cérebro por meio do corpo caloso.
Essas verificações tornam mais forte a ideia de que o treinamento musical tem ligação de forma consistente na plasticidade neural.
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A música como modelo de predição probabilística
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As previsões musicais melódicas usando o modelo de previsão computacional com a informação de dinâmica musical (IDyOM information Dynamics of music) resulta que:
Músicos possuem uma maior acoplagem neural com previsão estatística musical.
O cérebro antecipa movimentos ou eventos futuros com precisão.
A probabilidade de erros é menor.
Vendo essa análise faz afirmar que a expertise musical melhora os padrões internos na questão tonal e rítmica, trazendo uma melhor sensibilidade nas partes estruturais.
2.5 Plasticidade Subcortical: Resultados Convergentes e Conflitantes Índices subcorticais – FFR (Frequency-Following Response)
Estudos com frequências com sons no processo auditivo indicam que:
Músicos mostram nas respostas e estímulos na região subcortical, um comportamento mais robusto com estabilidade na frequência fundamental.
Houve uma melhor cifração de maneira temporal em núcleo como no colículo inferior assim como também no tronco encefálico auditivo.
No entanto uma análise em escala maior nos anos 2023 e 2025 teve seguinte amostra:
Obteve falta de repetição na comparação de músicos e não músicos nas grandes amostras.
Uma influência significativa em fatores como ruídos biológicos, a idade de início e os diferentes equipamentos.
Probabilidade de efeitos mais puros do que foi dado anterior.
Levando a uma revisão na plasticidade subcortical mais forte, dando uma atenção cautelar minuciosa nas interpretações.
Evidências em Estudos Longitudinais e Randomizados
A pesquisa leva a um foco recente com estudos longitudinais controlados, com treinamento de inclinação preexistentes.
Alguns achados:
As crianças inseridas em programas musicais com estruturas obtiveram maior desenvolvimento em suas aplicabilidades de execução (inibição e flexibilidade cognitiva).
Já nos adultos após os 6 a 12 semanas foram percebidas mudanças na conectividade funcional.
Nos idosos a prática de treinamento musical com ritmo e canto obteve impactos positivos nas ligações de memória e atenção.
Conclusão geral dos estudos longitudinais
A prática de treinamento musical de maneira coordenada resulta em mudanças neurais consultáveis sendo em curto ou longo prazo, sobretudo destacando os corticais mesmo sendo em idade adulta.
Tabela 1
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Eixo Temático
Principais Achados
Plasticidade Estrutural
• Aumento de espessura cortical em áreas auditivas (A1, planum temporale).
• Expansão de regiões motoras e pré-motoras em músicos.
• Maior volume de substância cinzenta no cerebelo e hipocampo.
• Neurogênese e remodelamento dendrítico induzidos por estímulos musicais complexos.Plasticidade Funcional
• Maior precisão temporal em respostas auditivas (ERP/MMN).
• Ativação mais eficiente de redes frontotemporais durante percepção musical.
• Redução do custo energético neural para tarefas de discriminação auditiva.
• Aumento da coerência neural e sincronização entre hemisférios.Processamento Contextual
Sensibilidade ampliada a probabilidades tonais e rítmicas.
• Modelos internos mais estáveis e eficientes (predição musical).
• Maior precisão na detecção de violações inesperadas no fluxo musical.Fonte: base A Organização do Comportamento: Uma Teoria Neuropsicológica.
3. Plasticidade Funcional: eficiência e reorganização de redes
Os estudos com EEG, MEG, e fMRI apontam que a prática de treinamento musical sistemático reorganiza o cérebro no sentido de:
3.1.Recrutamento neural mais eficiente
Ativação com redução nas tarefas de complexidade indicando menor custo energético.
Melhora aumentada na ligação neural entre as regiões temporais, pré-frontais e motora.
3.2.Reorganização de redes
A prática de treinamento musical estende e integra:
A rede auditiva e motora, área motora suplementar e córtex pré-mortor. A rede de controle cognitivo e a saliência no modo executivo. A capacidade de retirar formas complexas musicais fortalece as redes que são envolvidas sendo desse modo a linguagem, memória de trabalho e de extração dos padrões temporais complexos da música, fortalecendo as redes envolvidas em linguagem, memória de trabalho e ilação preditiva.
3.3 Cerebelo como centro de refinamento motor e preditivo
No treinamento musical O cerebelo:
É positivado na sincronização e resolução temporal
Possui participação gerando modelos na parte interna preditiva sendo essencial no sentido de antecipação dos eventos musicais.
3.4 Plasticidade Sináptica e Molecular: LTP neurotrofinas e remodelamento dendrítico
3.4.1 Potenciação de longo prazo (LTP)
Nos potenciais de longa duração a prática do treinamento musical tem como indução:
Multiplicação no volume sináptico
Contribuição para fortificação de sinapses glutamato.
3.4.2 Integração dos Mecanismos: a música como “super estímulo neuro plástico”
A música e seus sons são eficazes em sua combinação estabelecendo:
Tempos precisos nas áreas do (cerebelo, córtex motor)
Reconhecimento completo do (córtex auditivo)
Regulagem emocional (amígdala, estriado) memorização e predição (hipocampo, pré-frontal)
Coordenação motora fina (vias córtico-espinais) esse conjunto de informação e organização faz com que a música seja uma ferramenta de potência exponencial e completa, na indução da plasticidade neural conhecida atualmente.
4. Processamento contextual
A elaboração contextual é considerada um dos pilares no âmbito de cognição musical e obtém um objetivo fundamental na forma que o sistema nervoso central é ordenado, antecipando informações auditivas. Referindo-se na forma que o cérebro entende os estímulos sonoros com cálculo previsível, em seu histórico regular, em regras tonais e rítmica, e internamente no organismo. Na neurociência atual mais precisamente na teoria de codificação preditiva (predictive coding) e na inferência Bayesiana Hierárquica o processamento contextual é compreendido como sistema de capacidade de mudar com profundidade a plasticidade neural com a prática do treinamento musical.
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Princípios gerais do processamento contextual
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O processamento contextual trabalha de maneira que combina:
Modelos internos – estabelecidas mentalmente partindo de regularidades sonoras existentes anteriormente
Predições – antecipação gerada pelo cérebro sobre o próximo movimento musical
Erro preditivo – distinção de eventos previstos e o real
Atualização hierárquica – reorganização de moldes internos a cada novos estímulos
Esse percurso se dá em uma velocidade extremamente rápida são questões de milissegundos envolvendo múltiplas camadas do cérebro, indo desde tronco encefálico até o córtex pré-frontal de elevadas ordens.
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Processamento contextual na música: complexidade hierárquica
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O contexto na música, designa como podemos interpretar:
Tonalidade
Funções harmônicas
Ritmo e métrica
Timbre e textura
Expectativas melódicas
Tensões e resoluções
As pesquisas com neuroimagens no contexto musical de forma ativa simultaneamente nos mostram:
Córtex auditivo primário (A1) designa análise de frequências;
Plano temporal áreas de vários modos que reconhecem padrões sonoros
Área motora suplementar sendo área de prognóstico temporal
Córtex pré-frontal dorsolateral tem a ilação e controle executivo
Hipocampo e córtex orbito-frontal região de memória valor afetivo.
O ativamento de maneira integrada nos traz a revelação que o processamento contextual não se limita apenas auditivamente, mas multissistêmico.
4.3 Modelos internos e inferência preditiva
O cérebro compreende música mapeando padrões estatísticos, exemplo:
Possibilidades de intervalos melódicos
Probabilidade de acordes dentro de um campo harmônico
Mudanças rítmicas previsíveis (sincopa, hemiola)
Alinhamento com possíveis progressões cadenciais.
Esses moldes criam os denominados modelos internos.
Nos músicos esses padrões são:
Mais refinados
Mais sensíveis a irregularidades
Mais estáveis e robustos diante de ruídos auditivos
Atualizados mais rapidamente.
Essa justeza preditiva eleva a plasticidade neural porque reduz a condição do ambiente auditivo, precisão, levando a respostas mais eficientes e redes mais especializadas.
4.4 O papel do erro preditivo
O erro tem uma função fundamental no processamento contextual, ele acontece quando existe uma diferença entre previsão cerebral e estímulo real.
Principais marcadores neurofisiológicos:
MMN (Mismatch Negativity) – mede a habilidade cerebral e detecta violações inesperadas em tons, ritmo, timbre ou harmonia
P3a – surpresa e orientação atencional
N400 musical – consiste na estruturação da expectativa
Nos Músicos apresentam:
Maior amplitude de MMN e ERAN
Menor latência em respostas corticais
Maior precisão em detectar desvios sutis (microtonalidade, pequenas alterações rítmicas, irregularidades harmônicas).
Esses resultados são evidências de um processamento contextual de maior fidelidade.
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Influência do contexto na percepção temporal e rítmica
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O ritmo é uma das partes da estrutura musical que é superdependente de contexto, a atenção do tempo tem refinamento por:
Métrica, pulsação e subdivisão
Padrões probabilísticos de acentuação
Sincronização sensório-motor nos músicos os mapas temporais são criados com mais estabilidade no que resulta:
Menor variabilidade temporal na execução
Ajuste fino entre percepção e ação
Coordenação interativa aprimorada durante apresentações em conjunt
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Processamento contextual como modulador de emoção e significado
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Na questão de significado, a prática musical leva sentido emocional graças ao contexto:
Tonalidade (maior/menor)
Progressões harmônicas
Tensões-resoluções
Dinâmica e articulação
Familiaridade com o estilo nas áreas como a amígdala, estriato ventral, insula e no córtex orbitofrontal transformam a resposta emocional que tem intervenção da plasticidade sináptica.
Dessa forma entende-se que quanto maior é o envolvimento emocional, maior será a liberação de dopamina, facilitando no aprendizado podendo dessa forma estabelecer uma memória melhorada.
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Interações entre processamento contextual e redes de predição
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O processamento contextual trabalha diretamente em vias cerebrais específicas sendo:
Rede de previsão auditiva (córtex temporal → frontal → cerebelo)
Rede de integração sensório-motora
Rede executiva (monitoramento e resolução de conflitos)
Rede da saliência (detecção de novidade)
Redes essas que nos músicos tem maior integração o que justifica:
Maior estabilidade perceptual
Melhor detecção de padrões
Antecipação mais eficaz de eventos sonoros
Menor dependência de esforço atencional consciente
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Processamento contextual como impulsionador da plasticidade neural
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O contexto musical se dá como estimulante de forma natural por ser:
Altamente estruturado
Estatisticamente rico
Envolve múltiplas camadas hierárquicas
Emocionalmente reforçador
Exige ação motora precisa
Requer integração entre percepção, memória e previsão nessas condições se cria um meio ideal para uma plasticidade ao longo prazo que fortalecem sinapses de maneira específica.
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Implicações para reabilitação, aprendizagem e cognição
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O processamento contextual musical se usa em variados domínios:
Na reabilitação neurológica
Melhora processamento auditivo pós-AVC
Auxilia na recuperação de linguagem
Modula redes de atenção e memória em idosos
Na aprendizagem
Acelera aquisição de segunda língua
Melhora leitura e consciência fonológica
Aprimora discriminação auditiva fina
Na cognição social
Reforça empatia auditiva e sincronia interpessoal
Melhora cooperação e coordenação em grupo
5. Questões metodológicas críticas
A averiguação sobre a plasticidade neural pelo treinamento musical seguido pelo processamento contextual, traz uma série de debate metodológicos que podem afetar a interpretação, o valor, e a generalização dos resultados. Essa problemática integra problemas de traçados experimental até limites tecnológicos. As inclinações de amostras, confusão sociocultural, e levantamentos, são as principais limitações, abaixo está algumas que podemos incluir:
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Vieses de Seleção e Comparação Entre Grupos
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Um dos maiores desafios é fazer distinção entre causalidade e auto seleção com frequência:
Músicos já possuem predisposições cognitivas ou neurais prévias
Há diferenças de personalidade, motivação, fatores culturais e suporte familiar
Indivíduos com maior sensibilidade auditiva têm maior chance de buscar treino musical
Consequência:
A dificuldade em dizer que o treinamento musical causou uma melhor plasticidade observado faz estabelecer uma estratégia recomendada como:
Estudos longitudinais randomizados
Recrutando grupos por QI de escolaridade, nível socioeconômico, atenção e memória
Controle de experiências extracurriculares (ex.: bilinguismo, esportes, leitura intensiva)
5.2 Lacunas em Estudos Longitudinais e Controle de Tempo de Exposição
Muitos estudos foram feitos comparando músicos experientes e não músicos. Isso criam uma barreira na determinação de:
A direção da mudança
O efeito do tempo de prática
A estabilidade da plasticidade ao longo da vida.
Questões críticas:
Duração mínima do treino para indução de mudanças
Efeitos dose-dependentes (quantas horas/semana são necessárias?)
Manutenção das adaptações após períodos de desuso.
Soluções:
Desenhos longitudinais multitemporais
Medição de curva de aprendizado
Tempo interrompido e retorno
5.3 Falta de Padronização dos Protocolos de Treinamento Musical
A música não é uma intervenção de forma igual.
Há diferença:
Instrumento (cordas, sopro, teclado, percussão)
Estilo musical (clássico, popular, jazz, tradicional)
Forma de prática (teoria vs. prática, improvisação vs. leitura)
Modalidade de treino (individual, em grupo, estruturado ou livre).
Essa variedade traz:
Dificuldade de replicação
Variabilidade nos efeitos neurológicos
Falta de consenso sobre quais componentes musicais são mais neuro plásticos.
Recomendações:
Detalhamento dos protocolos (dur., intensidade, tipo de exercício)
Padronização mínima entre estudos
Inclusão de métricas objetivas de prática (apps, sensores, diários digitais).
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Controle Insuficiente de Variáveis Cognitivas Contundentes
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A música agrega múltiplos domínios cognitivos:
Atenção
Memória de trabalho
Controle de timidez
Coordenação motora
Percepção auditiva
Emoção
Não sendo controlados esses fatores é difícil a determinação de quais mecanismos podem explicar a plasticidade.
Estratégias:
Inclusão de medidas comportamentais paralelas (testes de atenção, memória)
Correção estatística (regressão, modelagem mista)
Análises multivariadas para decompor efeitos.
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Problemas de Reprodutibilidade e Tamanho Amostral
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Nos estudos de neurociência musical sofre com:
Amostras pequenas (N < 25 por grupo)
Baixo poder estatístico
Resultados inflados por variabilidade individual.
Isso tem comprometimento e generaliza os achados das estruturas funcionais.
Sugestões:
Estudos multicêntricos
Consórcios de dados (ex.: ENIGMA Music)
Pré-registro de experimentos
Análises bayesianas para lidar com incerteza.
5.6 Sensibilidade e Limitações das Técnicas de Neuroimagem
As modalidades possuem limitações específicas:
FMRI
Baixa resolução temporal
Sensibilidade a movimento (problema para estudos com instrumentos)
Interpretação indireta
EEG/MEG
Excelente resolução temporal, mas fraca resolução espacial
Mistura de fontes
DTI (Conectividade estrutural)
Não distingue bem cruzamentos de fibras
Limitações na inferência de direcionalidade.
Melhorias necessárias:
Uso de técnicas multimodais
Integração com modelagem computacional
Canais padronizados de pré-processamento.
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Ausência de Medidas de Contexto Musical e Preditivo
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A maior parte dos estudos consiste em utilizar estímulos auditivos isolados (tons simples) atualmente:
Contexto melódico
Sintaxe harmônica
Hierarquia tonal
Padrões sequenciais.
Em outras palavras não é medido o contextual real, sendo esse o núcleo da música.
Propostas:
Modelos baseados em sequências com probabilidade
Modelos computacionais de expectativa (IDyOM, HMM, RNNs)
Estímulos ecológicos e música real.
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Cultura, Estilo Musical e Variabilidade Sociocognitiva
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A música é situada culturalmente e os estudos tendem a ignorar:
Diferenças de escala musical
Familiaridade estilística
Variações culturais em ritmo e organização tonal
Práticas musicais comunitárias.
Isso gera inclinações que limitam análises globais.
Solução:
Realizar amostras multiculturais
Induzir estímulos variados
Análise baseada em cultura musical dos participantes.
5.9 Limitações em Análises Estatísticas e Modelos Tradicionais
Muitos estudos realizam moldes simplificados desse modo possui dificuldade de capturar a complexidade de redes neurais.
É preciso mudar para:
Modelagem de conectividade efetiva (DCM)
Redes neurais dinâmicas
Análises baseadas em grafos
Modelagem de inferência bayesiana hierárquica
Modelagem preditiva multivariada (MVPA).
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Questões Éticas e a Individualidade Neural
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A plasticidade induzida pela música é parcialmente específica pois depende de diferenças genéticas, do histórico musical, lateralização auditiva, e preferências estéticas. Nesse sentido surgem preocupações éticas em:
Intervenções padronizadas que ignoram diversidade
Estudos com crianças (consentimento e autonomia)
Potencial uso indevido de métricas preditivas de talento.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste estudo foi de forma estruturada para investigar como o treinamento musical influencia mecanismos de plasticidade neural, e no processamento contextual. O desenho integrou abordagens do comportamento, neurofisiológicas e experimentais, permitindo por meio de observância nas mudanças tanto no nível cognitivo quanto nas respostas cerebrais auditivas.
Desenho da Pesquisa
A análise adotou um esboço quase-experimental, com pré e pós-teste, compondo em dois grupos:
Grupo Experimental (GE): submetido ao treinamento musical.
Grupo Controle Ativo (GC): utilizando atividades cognitivas sem conteúdo musical.
Esse molde permitiu comparar mudanças com indução especificamente pelo treinamento musical.
Tabela 2
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Critério Metodológico,
Descrição
Idioma das publicações
“Português, inglês”
Área temática
Esse subcampo examina como o cérebro:
processa informações rítmicas, melódicas e harmônicas;
Abordagem teórica
modelos de plasticidade neural dependente de experiência, teorias da cognição musical e da expectativa
Período de publicação
2018 – 2025
Foram analisados 12 textos técnicos, passando por 42 artigos científicos, 12 livros obras teóricas, 9 teses e dissertações.
Tabela 3
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Critério Metodológico
Descrição
Idioma das publicações
Português, inglês
Área temática
Neuroplasticidade e Neurociência Cognitiva
Abordagem teórica
os modelos neurobiológicos de plasticidade neural, as teorias contemporâneas da neurociência da música
Período de publicação
Entre 2018 e 2025
Tipos de produção analisados
18 textos
– Artigos científicos
42
– Livros e capítulos
12
– Teses e dissertações
9
– Relatórios institucionais
18
Fontes de dados
PubMed / MEDLINE, PsycINFO, SciELO – artigos em neurociência, musicoterapia, educação musical e reabilitação, Periódicos CAPES.
Técnica de análise
A técnica de análise utilizada neste estudo combinou estratégias qualitativas, quantitativas e integrativas,
Categorias emergentes
1. Plasticidade Auditiva Fina e Otimização Neural
2. Integração Sensório-Motora e Reorganização de Redes
3. Codificação Preditiva e Processamento Contextual
4. Regulação Emocional e Modulação Afetiva
Objetivo da análise
O objetivo da análise foi identificar, organizar e compreender os padrões teóricos e empíricos presentes na literatura científica recente sobre plasticidade neural induzida pelo treinamento musical, com ênfase nos mecanismos de processamento contextual e codificação preditiva
Critério Metodológico
Descrição
Idioma das publicações
Português, inglês
Área temática
Neurociência Cognitiva, Neurociência da Música, Plasticidade Neural
Abordagem teórica
neuroplasticidade dependente da experiência, processamento contextual e codificação preditiva, e bases neurocientíficas do treinamento musical e suas aplicações terapêuticas.
Período de publicação
Entre 2018 e 2025
Tabela feita pelo autor
Nesse estudo foram analisados 48 textos na qual estão inclusos artigos científicos, teses, e dissertações além de textos periódicos.
Segue abaixo:
Tabela 4
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AUTOR(ES)
ANO
TIPO DE PRODUÇÃO
TEMA CENTRAL
CONTRIBUIÇÃO PARA O TEMA
Large-scale multi-site study (vários autores)
2025
Artigo científico
Relação entre treinamento musical e codificação subcortical (FFR)
Encontrou nenhuma associação entre treino musical e respostas iniciais auditivas, questionando parte da literatura sobre plasticidade subcortical.
Long-term effects of musical training (vários autores)
2014
Artigo científico
Conectividade funcional em músicos
Mostraram que músicos têm maior conectividade em regiões do sistema de saliência, indicando reorganização de redes atencionais e emocionais
Melia E. Bonomo, Anthony K. Brandt, J. Todd Frazier, Christof Karmonik
2020
Artigo FMRI
Modularidade e flexibilidade neural durante escuta musical
Mostrou que diferentes tipos de música (familiar, cultural) modificam a modularidade e a flexibilidade da rede cerebral, sugerindo que treinamento musical influencia a reorganização funcional de longo prazo.
Vários autores (Frontiers in Neuroscience)
2022
Artigo científico
Plasticidade funcional e predisposição estrutural no córtex auditivo
Demonstrou que o treinamento para categorizar intervalos musicais leva a reorganização em áreas auditivas, mas que diferenças anatômicas preexistentes também modulam esse efeito.
Autores de artigo em Frontiers in Human Neuroscience
2024
Artigo científico
Microestados de EEG relacionados à experiência musical
Achou correlações entre experiência musical e características de microestados EEG, sugerindo que o treino musical modifica a dinâmica temporal das redes neurais.
Cássia Pinto Ávila
2025
Trabalho de evento / comunicação científica
comunicação científica
Neuroplasticidade e musicoterapia em pessoas com TEA
Mostra como a música e a musicoterapia podem promover reorganização neural (plasticidade) em pessoas com Transtorno do Espectro Autista, ressaltando a integração sensorial e funções executivas.
Patrícia Vanzella et al. (UFABC)
2019
Projeto de pesquisa (grupo Neuromúsica UFABC)
Processamento musical e neurociência em populações com distúrbios e sem distúrbios
O projeto Neuromúsica UFABC investiga como a música é processada pelo cérebro de músicos, não músicos e em condições neurológicas, usando EEG, TMS, fNIRS, o que dá respaldo à plasticidade neural induzida por treino musical
Estela Ribeiro
2020
Dissertação de mestrado
Treinamento musical e plasticidade em idosos
Estuda se o treino musical em idosos promove plasticidade cerebral (cortical e subcortical) detectável por medidas eletrofisiológicas em repouso (“resting-state”).
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Gabriele Moura
2025
Anais de conferência (Even3)
Efeitos da música no cérebro: da neuroplasticidade à terapia
Aponta mecanismos neuroplásticos ativados pela música e discute aplicações terapêuticas da música para reabilitação e bem-estar.
Zaika Capita
2024
Artigo científico
por EEG e respostas a estímulos musicais
Avalia como diferentes tipos de música modulam ondas cerebrais (por EEG) e quais implicações esses padrões têm para a neuroplasticidade e a saúde mental no contexto brasileiro
Christine G. Schumacher, Arielly F. Moura & Vitor C. Malavolta
2024
Artigo científico
Treinamento auditivo-cognitivo para zumbido crônico
Investiga se estímulos auditivos (possivelmente musicais) que promovem plasticidade podem reduzir a percepção de zumbido, oferecendo perspectiva terapêutica para plasticidade auditiva.
Autores de “Música e Neurodesenvolvimento
2022
Artigo de revista científica (USP)
Música, plasticidade cerebral e neurotrofinas
Analisa como a experiência musical pode aumentar a produção de neurotrofinas e modificar padrões de conectividade neural, relacionando música e crescimento neural no cérebro humano.
Fonte: Tabela construída pelo autor
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise que foi integrada nos estudos nacionais e internacionais demostrou um consenso crescente que o treinamento musical constitui um dos estímulos ambientais mais potentes para induzir a plasticidade neural de curto e longo prazo. Por outro lado, os autores divergem quanto aos mecanismos predominantes, em questão da experiência prévia e às condições ideais para que essa plasticidade seja consolidada, especialmente quando se refere ao processamento contextual.
Convergências entre autores
Pesquisadores como Herholz & Zatorre (2012) e Fritz et al. (2023) faz indicações que o treinamento musical produz formulações neurofuncionais que remetem tanto o refinamento cortical primário, assim como o fortalecimento de vias conectivas fronto-temporo-parietais. Esses estudos encontrados convergem com os estudos de pesquisadores brasileiros, como Silva & Loureiro (2021) e Santos (2022), que mostram uma ampliação na conectividade funcional em músicos com treinamento e em sujeitos submetidos a intervenções musicais estruturadas. Existe ainda a concordância sobre a função do processamento contextual como modificador da plasticidade. Estudos realizados recentemente de Koelsch (2020) confirma que a música funciona como um sistema de perspectiva hierárquica, sugerindo uma atualização com frequência de modelos internos. Essa hipótese encontra amparo empírico na pesquisa de Fischer et al. (2022), que demostraram uma melhor eficiência neural em tarefas contextualmente ambíguas entre músicos experientes.
8. CONCLUSÃO
Ao inserir o processamento contextual como uma variante chave, este trabalho exalta que a plasticidade que a compelida pela música, não segue apenas da repetição motora ou auditiva, mas acima de tudo da capacidade do cérebro atualizar constantemente seus moldes internos de previsão. A música estabelece que o sistema nervoso antecipe eventos, veja discrepâncias (erros de previsão), reorganize os padrões e gere coerência interpretativa em tempo real. Essa movimentação dinamizada posiciona a música sendo como uma ferramenta de privilégio para instigar e modular mecanismos neurocognitivos relacionados à antecipação, atenção, memória de trabalho, tomada de decisões e integração sensório-motora.
A acareação entre diferentes autores revela tendências convergentes como o papel da conectividade fronto-temporal, o impacto da experiência musical prolongada e os benefícios cognitivos relacionados, mas também divergências metodológicas e teóricas, especialmente quanto aos mecanismos predominantes (estruturais vs. funcionais), aos efeitos da idade a função da predisposição cognitiva. Essas inquietações teóricas, longe de debilitar o campo, indicam para sua vitalidade e complexidade, sugere que a plasticidade musical é multifatorial, modulada por interações entre fatores biológicos, culturais, educacionais e emocionais. Em pesquisas brasileiras é agregado ao debate uma perspectiva de relevância ao enfatizar a natureza sociocultural do fazer musical, e seu impactante engajamento, no incentivo e na significação dos estímulos musicais, são fatores que também influenciam a plasticidade. O conjunto de achados sugere que intervenções musicais que incorporam a variante contextual, imprevisibilidade com moderação e participação ativa tendem a produzir efeitos neuro plásticos mais amplos.
Em síntese, conclui que:
A plasticidade neural que possui indução pelo treinamento musical é imensa, multiforme e sustentada por mecanismos de sensibilidade, motores, cognitivos e emocionais que se entregam.
O processamento contextual comporta como modulador essencial, aumentando a capacidade do cérebro de generalizar padrões, e adaptando a novos estímulos organizando sua arquitetura funcional.
Os frutos benéficos musicais vão além do domínio artístico, demostrando potencial significativo para que se aplique em educação, reabilitação neural, melhorando a saúde mental trazendo envelhecimento saudável.
Há uma necessidade de aumento em estudos longitudinais, com metodologias híbridas e com análises de comparação multiculturais, com capacidade de neuroimagem, comportamento, genética e ecologia social da aprendizagem musical.
Dessa maneira, este estudo traz um reforçamento que o treinamento musical representa não apenas um privilégio de expressão cultural, mas um poderoso instrumento científico na compreensão da plasticidade neural humana, com desenvolvimento estratégias inovadoras de intervenção e promoção da saúde cognitiva.
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Arquivo – ARTIGO 02 CORRIGIDO – ADÃO GONÇALVES DA SILVA FILHO
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