Início » AVALIAÇÃO OU EXAME, O QUE A ESCOLA PRATICA?

AVALIAÇÃO OU EXAME, O QUE A ESCOLA PRATICA?

por JOCILENE LIMA ALVES DE OLIVEIRA
métodos-de-avaliação

AVALIAÇÃO OU EXAME, O QUE É A ESCOLA PRATICA?

Jocilene Lima Alves de Oliveira
Orientador: Iron Gonçalves Pereira

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo compreender como ocorre a avaliação utilizada pelos docentes da Educação Básica para a análise do desenvolvimento cognitivo dos educandos e promoção de uma série para outra. Se a escola de fato avalia ou examina a aprendizagem. Para isso, buscou-se salientar a função da avaliação na educação fazendo um estudo de como o educador deverá avaliar os aspectos concretos da sua prática, observando os instrumentos e critérios apresentados, de forma que subsidiasse um estudo mais aprofundado do que realmente vem sendo praticado pela educação básica para a promoção da aprendizagem. A pesquisa caracterizou-se através de observação indireta e aplicação de questionários para os professores desta modalidade da Educação, para que indicasse quais os métodos aplicados na coleta de dados que lhes possibilitasse observar a evolução e o progresso dos educandos nas atividades educativas. Respondendo ao questionamento que direcionou a pesquisa, ficou evidente que comumente os professores mesmo com uma gama de possiblidades em aplicar a averiguação dos resultados da aprendizagem, ainda utilizam de métodos arcaicos como aplicação de testes e provas, por estes estarem nos Projetos pedagógicos das escolas e em sua maioria sendo exigidos pela direção das instituições. Foi percebido que houve mudanças nas metodologias, mas, ainda a muito o que fazer para obtenção dos resultados.

Palavras-Chave: Avaliação, Exame, Educação Básica.

ABSTRAT

This work aimed to understand how the evaluation used by teachers of Basic Education to analyze the cognitive development of students and promotion from one grade to another occurs. If the school actually evaluates or examines learning. To this end, we sought to highlight the function of evaluation in education by conducting a study of how the educator should evaluate the concrete aspects of his practice, observing the instruments and criteria presented, so as to subsidize a deeper study of what has actually been practiced by basic education for the promotion of learning. The research was characterized by indirect observation and the application of questionnaires to the teachers of this modality of Education, in order to indicate which methods were applied in data collection that would allow them to observe the evolution and progress of the students in the educational activities. In response to the questioning that directed the research, it became evident that teachers, even with a range of possibilities in applying the verification of learning results, still use archaic methods such as tests and exams, because these are in the pedagogical projects of the schools, and most of them are required by the institutions’ management. It was noticed that there were changes in the methodologies, but there is still much to be done in order to obtain the results.

Keywords: Evaluation, Exam, Basic Education.

INTRODUÇÃO

O termo avaliação apresenta uma multiplicidade de conceitos e dentre eles estão o da diagnose, exame, averiguação, classificação, análise e observação dos resultados do desenvolvimento dos educandos e da práxis pedagógica frente uma ação planejada.
Historicamente avaliar só começa a ser discutido e dar mais atenção ao assunto a partir dos anos 30, época em que a educação brasileira estava marcada e apoiada pelas propostas de Ralph Tyler1 conhecidas como “avaliação por objetivos”. A partir dos anos 60 principalmente, foram muito amplas as divulgações e a proposta passou a ser referencial teórico – básica nos cursos de formação de educadores, causando até hoje grande e duradoura repercussão nos meios educacionais.
Na atualidade o fenômeno dos resultados além de assumir diversas definições, os educadores, técnicos e até mesmo os educandos apesar de atribuírem diferentes significados para a avaliação terminam indicando uma recorrência à prática de uma avaliação conservadora de dar nota; registrar conceitos; fazer prova; descrever comportamentos; analisar desempenho ou dar julgamento de resultados.
O objetivo desse trabalho, é saber se a escola de fato avalia ou examina a aprendizagem. Em consequência disto, procurou-se fazer uma pesquisa que comprovasse de que forma acontece no processo da aprendizagem e quais os instrumentos utilizados pelos professores para a coleta de dados e dentre os conceitos apresentados quais os praticados pela escola para mediar às ações de ensino-aprendizagem que possibilite uma diagnose das possíveis necessidades dos educandos.
Neste artigo são abordados aspectos referentes a Avaliação da Aprendizagem, através de uma interação positiva entre o avaliador e o avaliado, averiguação como processo de diagnose e promoção, e não somente de resultados quantitativos mais qualitativos analisando o sujeito integralmente a partir do conceito de avaliação, bem como os instrumentos, objetivos e função da avaliação, seguido da metodologia empregada e a discussão dos resultados oriundos da pesquisa.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A maneira como os educadores lidam com a avaliação da aprendizagem indica claramente suas crenças, ideias e princípios acerca da Educação; sua finalidade e objetivos. É preciso ter claro por que, para que, como, quem e quando educamos e avaliamos.
A questão avaliação é amplamente discutida em todos os segmentos educativos e nos últimos anos tem sido uma busca por parte das escolas de redefinir e ressignificar, o que seja avaliar, e nesta busca, tem havido contradições entre as intenções e o processo da avaliação.
No contexto pedagógico, o termo avaliar normalmente está vinculado ao ato de fazer prova exame, teste, atribuir notas repetir o passar para as séries subsequentes. Desta a forma o ensino é tratado como um processo de tramitação e memorização de informações prontas, de forma que o educando passa a ser um indivíduo passivo, ou apenas um depósito de informações, o pode gerar recuperação e/ou reprovação. Romão .2008. p.44 deixa claro que “A recuperação e a reprovação batem fundo na autoestima do aluno e aumenta o processo de internalização da cultura do fracasso”. O fracasso leva ao desânimo e consequentemente a evasão escolar.
Para comparar os resultados obtidos e analisar os objetivos pretendidos, a escola encontra-se diante de duas correntes, pautadas nos modelos de sociedade; liberal conservadora e liberal democrática. Assim, a pedagogia, de acordo com os modelos sociais, se apresenta como conservadora ou transformadora. Diante desta realidade é possível avaliar tanto numa perspectiva democrática quanto autoritária. É uma questão de escolha!
Numa perspectiva democrática, liberal ou de negociação inclui-se todos os indivíduos envolvidos e respeitam-se possibilidades e limites de cada um, permitindo assim, atribuição de sentido ao fato de aprender e consequentemente compromisso, disposição e abertura, dando prioridade à educação como instrumento de transformação, de formação para a cidadania.
Assim, a avaliação é diagnóstica ou inicial, e ocorre no início do ensino-aprendizagem, é formativa, pois o educador não observa apenas as respostas, mais analisa os processos e estratégias usadas para enfrentar os desafios, e somativa, pois desenvolve a autoavaliação, tanto do docente, quanto do discente, possibilitando investigar continuamente se os conteúdos e metodologias estão adequadas à aprendizagem dos educandos e significativas para suas concepções.
Já numa perspectiva autoritária ou conservadora, o professor é o centro do processo e, portanto, responde e é o único responsável por todas as questões que ocorrem em sala, consequentemente as ações educativas geram uma realidade de não reconhecimento do sentido de aprender.
Conforme Hoffmann (2000), a apreciação influi diretamente na maneira como o aluno se situa diante da aprendizagem e suas expectativas de êxito, seu autoconceito como aluno ou por fim, a possibilidade de atribuir certo sentido do fato de aprender e de abordar a aprendizagem escolar com enfoque em profundidade.
A abordagem apresentada por Hoffman (200) deixa claro que a averiguação dos resultados também reflete a atitude do professor, através de opinião entre a prática de ensino e de aprendizagem, chamando o professor a se autoavaliar ao avaliar, desta forma ele teria a oportunidade de observar se a sua análise está coerente com a forma em que foram distribuídos os conteúdos e se permitiu ao aluno uma aprendizagem eficaz.
De acordo com Cunha (2006), a “avaliação é uma forma de juízo de valor da aprendizagem, atitudes e habilidades dos alunos, realizados pelo professor” por ser “juízo de valor” requer julgamentos de méritos, de valores, o que pressupõe subjetividade da parte do avaliador. Enquanto que Coll (2004) reafirma a definição acima considerando a avaliação como “ênfase à valorização das aquisições realizadas pelos alunos como consequência de sua participação em determinadas atividades de ensino e aprendizagem.”
Nesta concepção, a análise não é meramente pontual, o valor aqui atribuído não é o da nota em sim, mas valorando o que foi aprendido de forma global, ao contrário disso, é examinadora, quantifica o aluno e o desempenho é provisório, ou seja, nesta pedagogia os professores ensinam somente com esta finalidade, priorizando a avaliação dos conteúdos livrescos; a escola novista, as relações afetivas, e a tecnicista, os meios técnicos ou o fazer. Segundo Luckesi (2005), esta modalidade de avaliação é classificada como exame e não avaliação, ambos diferem um do outro. A intencionalidade é a mesma mais os meios seguem caminhos diferentes, ou seja, deixa de ser uma avaliação, passando a ser exame.
O exame possui quatro características fundamentais: opera com o desempenho final, são pontuais, classificatórios, seletivos e excludente as quais Luckesi (2005) destaca como de heranças examinatórias, pois, os professores mesmo diante das propostas para coleta de dados acabam utilizando do método conservador. O autor argumenta que a avaliação também possui quatro características: opera com desempenhos provisórios, ou seja, o resultado não é estático, são de diagnose, é processual, dinâmica e inclusiva.
Destaca-se, portanto, a partir desta abordagem que a avaliação contribui para o aluno progredir na aprendizagem, de forma que seja infinitamente capaz de aprender e apreender. Ou seja, é preciso além de apoderar- se do conhecimento, aprender, reter o que foi ensinado também fazê-lo sentir-se empoderado, ou capaz de transmiti-lo. Segundo Luckesi (2005) o conhecimento empodera, capacita, traz segurança. para demonstrar de forma clara e natural suas compreensões, sem sentirem impostos, mas participantes ativos da obtenção e análise das informações que a avaliação gera.
Quando a aprendizagem é adquirida pelo aluno, há uma mudança de atitude aparente, contemplando os objetivos do ensino que é conceituar, mudar atitude e procedimentos. Nesta perspectiva espera-se que o aluno contemple os quatro pilares da educação em saber fazer, ser, conhecer, e a viver.
A função da avaliação não é tão somente promover o aluno para as séries seguintes, mas deve ser compreendida como um processo dinâmico e transformador do contexto social conscientizando os docentes de que devem considerar o ambiente em que o educando está inserido, valorizando a vivência cotidiana de quem aprende.
Gimeno (1995) deixa claro na importância do professor ao avaliar tomar o cuidado para que não tomar como base apenas em suas concepções. O autor coloca que “quando avalia, o professor o faz a partir de suas concepções, seus valores, expectativas e também a partir das determinações do contexto (institucional), sendo que muitas vezes nem ele próprio tem muita clareza ou mesmo sabe explicitar estes dados considerados na avaliação dos alunos”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº. 9394/96 com base no Art. 24º. inciso V alínea a apresenta a avaliação, observando alguns critérios: avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; o que confirma a abordagem dos autores em analisar observando as competências e habilidades do educando prevalecendo o qualitativo.
O objetivo da avaliação é assumir a dimensão orientadora, pois permite que o aluno tome consciência de seus avanços e dificuldades para continuar progredindo na construção do conhecimento, bem como informar, promover e regular o ensino e a aprendizagem. E enquanto componente da prática pedagógica a avaliação possui: intencionalidade, meios, condições e resultados.
Para Feuerstein (et al.1993), o desvendamento do potencial de aprendizagem através da avaliação dinâmica requer fixar alguns pressupostos básicos relativos à natureza e desenvolvimento do processo de pensamento, até alcançar tal modificabilidade.
[…] Uma parte essencial do modelo conceptual que serve de base à avaliação do potencial de aprendizagem através das técnicas dinâmicas é a suposição de que os processos de pensamento lógico, da aprendizagem (FEUERSTEIN et al., 1993, p.13).

Assim, no processo avaliativo apenas resultado de quantidade não tem a capacidade de determinar a evolução do sujeito numa determinada atividade se não acontecer aprendizado de qualidade.
Avaliação deve ser uma função diagnóstica para análise dos resultados, não só verificação para a promoção através de médias ou notas é preciso que quem avalie diagnostique e não somente verifique interpretando as ideias construídas pelos alunos.
E os exames, são inúteis? Não, os exames possuem o seu valor no contexto Escolar e não escolar. Servem para situações que exijam classificação, a exemplo de concursos, vestibular, classificação de conhecimento a exemplo da área do Direito, Medicina, candidato a uma vaga, certificação pública, análise e/ou de curso. Na escola a função da avaliação deve ser trabalhada para uma tomada de decisão de novas estratégias de aprendizagem e não de forma classificatória e pontual.
Quem avalia, deve ter em mente os processos democráticos da análise dos resultados. Iniciando com uma diagnose que lhes permita compreender as possíveis necessidades do educando, utilizar das estratégias e metodologias que contemplem a capacidade de cada um e forneça subsídios para uma formação sem traumas.
Luckesi (2005) defende a tese que os professores hoje ainda praticam exames, e afirma: …historicamente, passamos a denominar a prática de acompanhamento da avaliação da aprendizagem do educando de “Avaliação da aprendizagem escolar”, mas, na verdade, continuamos a praticar “exames “. O autor ainda reafirma o comentário quando diz:

“A sala de aula é o lugar onde, em termos de avaliação, deveria predominar o diagnóstico como recurso de acompanhamento e reorientação da aprendizagem, em vez de predominarem os exames como recursos classificatórios (LUCKESI, 2003, p. 47).”

Comumente o educador se depara com alunos enfadados, desmotivados e desacreditados da sua capacidade, em virtude de alguns educadores utilizarem apenas de um método avaliativo que não permite uma abordagem mais global da capacidade do educando. Os alunos são únicos, cada um tem o seu tempo e sua forma de compreensão, cabe ao educador possuir esse feeling (pressentimento) do que seja aplicável para cada um dos seus educandos.
O aluno está inserido em uma sociedade que exige conhecimento e não apenas uma aprendizagem rasa. Aprender só gera valor se for significativo para quem aprende. Avalia-se não apenas para quantificar, mais para prosseguir com o que foi planejado. A avaliação está interligada- projeto>execução>avaliação>tomada de decisão. Uma análise pronta, engessada sem profundidade de conhecimento, apenas mascara o que foi “aprendido” e não permite que sejam tomadas novas estratégias.
Sendo assim, a avaliação só fará sentido se permitir que quem avalia, tenha como prosseguir com todos os critérios para uma nova ação.

METODOLOGIA

Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994) na qual analisou-se o processo de avaliação da aprendizagem praticadas pelo educador trata-se de avaliar ou meramente examinar os resultados obtidos pelos educandos.
A investigação deste estudo se deu através do método dedutivo para análise dos resultados e comprovação das hipóteses levantadas durante o processo de metodologia básica tendo como base o estudo de caso único, buscando saber se a escola avalia ou apenas examina os resultados para a promoção das séries subsequentes.
As observações foram registradas por meio de questionários, entrevistas semiestruturadas, preservando-se o anonimato, sendo participantes da pesquisa:
Professores e alunos da Educação Básica em Escolas Públicas e Privadas do Município de Xinguara no Pará. O que trouxe embasamento para que se concluísse a análise dos resultados informados.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O recorte dos resultados da pesquisa, apresentados neste artigo, é decorrente de intervenções feitas em sala de aula, a partir de pesquisa em loco a respeito da avaliação na Educação básica, de forma que permitisse analisar se a escola de fato avalia, ou simplesmente aplica exames que somente classificam os alunos pontualmente.
Ficou percebido que grande parte dos educadores e todas as escolas pesquisadas, ainda fazem uso da aplicação de testes e provas para análise dos resultados. Em algumas instituições, os educadores mantinham o desejo em aplicar outros métodos avaliativos, entretanto a direção escolar, mantinha a aplicabilidade dos exames por tradição ou crença de que seja um método eficaz.
Sobre essa questão um dos professores pesquisados argumentou:
“Percebo que meu aluno apenas decorou as respostas, pois no processo do ensino/aprendizagem não demonstrou nenhum interesse pelo assunto trabalhado. Entretanto consegue tirar a nota máxima. Quando perguntado sobre o mesmo assunto aplicado nas prova, demostra desconhecer, mas me vejo obrigado a manter a nota, pois, foi a apresentada na correção”

Situações como as apresentadas acima, tem sido comum nas escolas. Ou porque o projeto da Escola já tem pré-definido que se trata do método eficaz, ou até mesmo porque os pais dos alunos ainda apostam nesse tipo de análise.
A avaliação destina-se fornecer informações ao educador que favoreçam no processo de aprendizagem, no desenvolvimento das crianças e ampliação de seus conhecimentos. O método de aplicação de testes e provas limita a capacidade da análise, já que o educador apenas obterá resultados quantitativos, sem que analise de forma mais aprofundada o que de fato foi assimilado pelo educando que qualifique sua aprendizagem
Outro método apresentado foi à utilização do livro como ferramenta de avaliação o que deixa evidente que algumas escolas ainda adotam um modelo tradicional durante a verificação da aprendizagem. Nesta questão observou-se na análise indireta que as escolas pesquisadas que utilizam tais métodos mais evidentes não utilizam nenhum registro que possibilite fazer um diagnóstico do processo da aprendizagem dos educandos, diferente das escolas que apresentaram ferramentas como observações e registros e pode se perceber que tais métodos têm auxiliado os professores para um análise mais aprofundada do processo de ensino e aprendizagem dos educandos permitindo avaliar quantiqalitivamente seus educandos.
A esse respeito uma das professoras pesquisadas argumentou:
“Sou obrigada a usar todas as avaliações presentes no livro mesmo que discorde da aplicabilidade dela no processo de ensino, pois os pais dos alunos cobram da coordenação que o livro seja utilizado em todas as páginas, tirando assim a autonomia do educador em escolher o conteúdo de acordo com a necessidade da turma”

Esse tipo de argumento vem crescendo diariamente, pois o educador não se sente à vontade na escolha dos conteúdos. O ensino avançou, a educação vivencia um currículo totalmente pós crítico para o processo de ensino/aprendizagem, entretanto os métodos avaliativos ainda estão atrasados
É evidente pouca ou quase nula utilização de atividades dinâmicas que podem ser direcionadas para a avaliação dos resultados. Ainda é tímida a aplicação de feedback dos alunos que possibilite fazer uma análise do seu aprendizado conforme
Alguns dos entrevistados justificaram a ação de não darem feedback aos alunos por considerar que são imaturas para que se faça uma autoavaliação do seu progresso e que algumas delas poderiam sentir-se diminuídas diante dos colegas e professores. Mas, aos que utilizam o método como instrumento da análise dos resultados, foi percebido uma maturidade por parte dos educandos com desenvolvimento aparente do cognitivo, demonstrando que o método além de auxiliar no cognitivo, desenvolve o lado afetivo de quem aprende ao serem avaliados por tal método sentem-se mais acolhidos por quem os avalia, não compreendendo como um processo avaliativo mais de bate papo entre educandos e educadores.
Um outro dado que chamou a atenção foi o do docente não interagir com os educandos na pratica do planejamento deixando-os a parte do que desejam aprender ou demonstrar ao docente o que seria significativo durante o processo de ensino. Tal procedimento recai para uma capacidade de mudança do sujeito por meio do qual procura medir seu grau de modificabilidade identificados educandos por meio das análises dos processos utilizados por ela na solução das tarefas propostas
É evidente o desenvolvimento das metodologias aplicadas à educação, com atividades mais relacionadas ao contexto social do grupo e uma preocupação na aplicação de conteúdos relevantes e significativos por parte dos docentes. Entretanto mesmo havendo mudanças da aplicação dos conteúdos de forma mais dinâmica, ainda há muito por fazer e compreender que avaliar não é um processo estático. Requer percepção, atenção, observação, participação de todos para que seja eficaz.
Quando a escola avalia e não apenas examina, quem está sendo avaliado demonstra tranquilidade, pois compreende que faz parte de todo um processo. Apenas examinar expressa somente aquilo que o educando conseguiu fazer com as lições, avaliar mostra o caminho para trilhar tanto pelo educando quanto pelo educador, pois é uma via de mão dupla.
A conclusão desse estudo é que a escola comumente vem aplicando exames com a proposta de avaliação, entretanto o método ainda é ultrapassado e não fazem sentido para os alunos. Não possui a capacidade de garantir saberes enraizados e em termos de acompanhamento da aprendizagem é falho na diagnose.
Uma atividade pedagógica que envolva avaliar está atenta a diagnose e principalmente ao processo para que produzam resultados positivos e não apenas classificatórios.
Assim sendo, é dinâmica, já os exames não deixam de ser úteis, pois exigem classificação para demonstração de determinada habilidade. Avaliar é global e permite um acolhimento maior com o educando e caminhar para uma nova tomada de decisão.
Em síntese, faz – se necessário que a escola caminhe com a avaliação na mesma velocidade dos métodos de ensino /aprendizagem. A prática pedagógica diariamente tem sofrido mudanças, o que permite um aluno mais autônomo do próprio saber. Da mesma forma, espera-se que o ato de avaliar seja mais personalizado e que permitam ao próprio educando perceber o seu progresso qualitativamente e não apenas pontualmente de forma classificatória.

REFERÊNCIAS
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Características da investigação qualitativa. In: Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto Editora, 1994. p.47- 51

BRASIL. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.

COLL,Cesar (et alli) Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação escolar.São Paulo; Artmed,2004,VI.2,p371

CUNHA, Soraia. Concepção docente sobre avaliação qualitativa da aprendizagem. ABC EDUCATIO, SP. ano 7, n56,p25 mai.2006

FEURERSTEIN RAND, Y.; HAYWOOD, H. C.;HOFFMAN, M. B.; JENSEN, M. R. Evaluación Dinámica Del Potencial de Aprendizaje. Hadassah-Wizo-Canada Institute. Jerusalem. Tradução de juan Santisteban e José M.ª Martinez. Madri: Editorial Bruño, 1993

GIMENO SACRISTÁN, José. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos professores. In: NÓVOA, António. Profissão professor 2. ed. Porto: Porto, 1995.

HOFFMANN, J. Avaliar para promover: as setas.do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola- 2. Ed.rev. – Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2005.

ROMÃO, J. E. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2008. 7ª edição. Instituto Paulo Freire. ( Guia da Educação Cidadã);v2

Revision List

Autor

   Send article as PDF   

você pode gostar

Deixe um comentário

Translate »