
OFICINAS DE LEITURA E ESCRITA CRIATIVA PARA ALUNOS COM HISTÓRICO DE FRACASSO ESCOLAR: IMPACTOS NA MOTIVAÇÃO E AUTOESTIMA
CREATIVE READING AND WRITING WORKSHOPS FOR STUDENTS WITH A HISTORY OF SCHOOL FAILURE IMPACT ON MOTIVATION AND SELF-ESTEEM
Adevail Santos Rocha 1
RESUMO: O problema do fracasso escolar, frequentemente caracterizado por reprovações e dificuldades acadêmicas persistentes, consegue influenciar nos alunos sentimentos de incapacidade e distanciamento do processo de aprendizagem. Dentro dessa linha de pensamento as oficinas de leitura e escrita criativa podem se consubstanciar em caminhos pedagógicos para recuperação da confiança, estímulo da expressão e aproximação dos alunos com a escola. Tais práticas, por meio da ênfase em criatividade, serviriam ainda para transformar a relação do aluno com o conhecimento promovendo, portanto, um espaço escolar mais acolhedor e promotor do desenvolvimento lídimo do aluno. O objetivo busca analisar de que maneiras oficinas de leitura e escrita criativa podem contribuir para o aumento da motivação e da autoestima de alunos com histórico de fracasso escolar, favorecendo sua permanência e engajamento nos processos de aprendizagem. O presente texto foi elaborado a partir de uma revisão de literatura, com o intuito de verificar como diferentes pesquisas e textos acadêmicos têm tratado o problema da relação entre leitura e escrita criativa. Para esta fundamentação, foram fundamentais os autores como Freire, Solé, Kleiman, Antunes e Cosson. Os resultados apontam que oficinas de leitura e escrita criativa favorecem a autonomia dos alunos, o desenvolvimento de uma identidade leitora e o prazer pela produção textual. Conclui-se que, se a escola acolher a subjetividade do aluno, o ambiente educativo poderá tornar-se em um espaço do reconhecimento e do pertencimento. Reitera-se, portanto, a importância de metodologias humanizadas que articulem criatividade e inclusão para a construção de aprendizagens significativas.
Palavras-chave: Leitura; Escrita criativa; Fracasso escolar; Motivação; Autoestima.
ABSTRACT: The problem of school failure, often marked by repeated retentions and persistent academic difficulties, can generate in students feelings of incapacity and detachment from the learning process. In this perspective, creative reading and writing workshops emerge as pedagogical paths for rebuilding confidence, stimulating expression, and fostering a closer relationship between students and the school. Such practices, by emphasizing creativity, can also transform the student’s relationship with knowledge, creating a more welcoming educational environment that promotes genuine personal development. Objective to analyze how creative reading and writing workshops can contribute to increasing the motivation and self-esteem of students with a history of school failure, thereby supporting their permanence and engagement in learning processes. This study was conducted through a literature review, aiming to identify how different research and academic texts address the relationship between reading, creative writing, and overcoming school failure. Authors such as Freire, Solé, Kleiman, Antunes, and Cosson were fundamental in grounding the discussion, offering perspectives that highlight the value of creativity and humanized practices in education. Findings indicate that creative reading and writing workshops foster student autonomy, the development of a reading identity, and enjoyment in producing texts. It is concluded that when schools welcome students’ subjectivity, the educational environment can become a space of recognition and belonging. Thus, the importance of humanized methodologies that integrate creativity and inclusion for the construction of meaningful learning is reinforced.
Keywords: Reading; Creative writing; School failure; Motivation; Self-esteem.
INTRODUÇÃO
Historicamente, o fenômeno do fracasso escolar tem promovido exclusão, baixa autoestima e desmotivação, entre os estudantes que não acompanham o ritmo imposto pela escola. Os traços desse processo extrapolam o campo escolar, considerando diretamente a segurança e o pertencimento desses jovens no espaço da educação, porque é nesse contexto que as oficinas de leitura e de escrita criativa aparecem em um primeiro momento como uma prática alternativa, que torna possível novas formas de expressão, criando possibilidades de para a imaginação e o resgate do prazer, da possibilidade de aprender. A escola ocupa o lugar da reintegração, do acolhimento, quando depara-se com a oferta de experiências significativas.
A motivação que deu origem a este estudo reside na necessidade de construir práticas pedagógicas que possam intervir no ciclo da repetência e do fracasso escolar. As oficinas de leitura e escrita criativa podem ser capazes de reconstruir o vínculo dos alunos com a aprendizagem, permitindo que criem suas narrativas. O incentivo para a produção do texto, em ambientes livres de julgamentos, educa para autoconfiança. Portanto, a pesquisa objetiva demonstrar que metodologias criativas e inclusivas têm potencial relevante na transformação das trajetórias escolares, ressignificando a experiência escolar.
A pergunta que orienta este estudo é a seguinte: como as oficinas de leitura e de escrita criativa podem contribuir para a motivação e autoestima de estudantes com histórico de fracasso escolar? A hipótese é a de que essas práticas pedagógicas, ao abrirem espaço para a imaginação e a livre expressão, constituem estratégias de inclusão que podem ressignificar a experiência escolar. Considera-se que ao se reconhecerem como sujeitos do saber e do fazer, os estudantes redescubram o prazer pela escola e que passem a perceber a aprendizagem como um ato que vale a pena ser novamente vivenciado. Este pressuposto baseia-se na consideração de que afetividade e criatividade encontram-se numa relação indissociável no ato educativo, sustentando a instituição de vínculos significativos entre o aprender e o sentir.
O objetivo busca analisar de que maneiras oficinas de leitura e escrita criativa podem contribuir para o aumento da motivação e da autoestima de alunos com histórico de fracasso escolar, favorecendo sua permanência e engajamento nos processos de aprendizagem. Objetivos Específicos: Investigar as políticas públicas educacionais brasileiras que entendem o direito à leitura e à escrita como ações de inclusão, identificando suas potencialidades e limites no enfrentamento do fracasso escolar; Identificar como práticas criativas influenciam a motivação e a autoestima dos alunos; Refletir sobre metodologias inclusivas que possam ressignificar trajetórias escolares; Mapear possibilidades de integração entre práticas de leitura e escrita e a promoção do engajamento do aluno.
A sistemática adotada nesta pesquisa fundamentou-se em uma revisão de literatura que buscou dialogar com referenciais teóricos consagrados no campo da educação e da linguagem. Mobilizaram-se as contribuições de Freire, ao defender a pedagogia crítica e libertadora; de Solé, ao refletir sobre as estratégias de leitura; de Kleiman, ao tratar da leitura como prática social; de Antunes, ao enfatizar o ensino da língua em uso e de Cosson, ao conceber a leitura literária como espaço de formação do sujeito. Essa base teórica proporcionou uma análise consistente, tendo como eixo a perspectiva de ressignificação da leitura e da escrita como práticas inclusivas e transformadoras.
A pesquisa objetiva colaborar com a área educacional, oferecendo subsídios teóricos que possam estimulá-los a inserir oficinas criativas no fazer escolar, evidenciando impactos na motivação e na autoestima, e ampliando, assim, o entendimento de como metodologias inovadoras lidam com o fracasso escolar. Além disso, o trabalho reafirma o valor de práticas pedagógicas humanizadoras que reconheçam a singularidade e a particularidade de cada aluno. Em termos de expectativas em longo prazo, este trabalho poderá inspirar fluentemente o desenvolvimento de projetos de formação docente voltados à criatividade como recurso inclusivo.
2. DO MARCO LEGAL À CONSTRUÇÃO COTIDIANA: POLÍTICAS PÚBLICAS E OFICINAS DE LEITURA E ESCRITA NA RESSIGNIFICAÇÃO ESCOLAR
Intitulado Do Marco Legal à Prática Escolar: Políticas Públicas e Oficinas de Leitura e Escrita Criativa, o gráfico apresenta o percurso do reconhecimento normativo à efetivação na prática escolar. Observa-se então a contínua ampliação do alcance das políticas públicas voltadas à valorização da leitura e da escrita, acompanhada da gradual incorporação das oficinas criativas no espaço escolar. Esta representação indica que, enquanto a legislação seguiu num ritmo sustentado, a sua incorporação em práticas estruturadas necessitou de tempo, de mediação docente e da articulação institucional. Portanto, a imagem demonstra o diálogo entre o plano normativo e o pedagógico, evidenciando que a consolidação jurídica dos marcos legais provoca mudanças na escola.
Gráfico 1- Do Marco Legal à Prática Escolar: Políticas Públicas e Oficinas de Leitura e Escrita Criativa

Elaborado pelo autor
Sem dúvida, as políticas públicas são vigas-mestras para a legitimação e estruturação das práticas pedagógicas inovadoras. Carvalho (2020, p. 39) afirma que “a lei educacional tem o papel de abrir caminhos para a escola se reinventar”. No que se refere às oficinas de leitura escrita e criativa, os marcos legais foram viabilizadores dentro da institucionalidade, fazendo com que essas práticas não fossem apenas iniciativas isoladas, mas passassem a se integrar os programas oficiais; sua transição representa uma busca pela transformação de direitos em experiências pedagógicas.
Silva (2021, p. 58) observa que “entre o que se prescreve na lei e o que se vive no cotidiano escolar existe uma distância” o gráfico demonstra esse abismo: enquanto o marco legal avança de forma consistente, a prática escolar avança mais lentamente. Isso se dá pelo fato da efetivação estar sujeita a diversos fatores, como formação docente, a estrutura dos meios materiais e a gestão favorável à implementação. Mesmo assim, já é possível vislumbrar um movimento de aproximação entre as duas, dando indícios do efeito positivo das políticas.
Para Gomes (2019, p. 72), “as políticas públicas podem ser entendidas como instrumentos democratizadores, uma vez que asseguram que iniciativas pedagógicas alcancem todos estudantes (não apenas as camadas privilegiadas)”. Desse modo, as oficinas de leitura e de escrita criativa, por consequência, se tornam recursos de inclusão, na medida em que objetivam minimizar desigualdades educacionais. Elas possibilitam que estudantes que historicamente tiveram sua trajetória marcada pelo fracasso escolar, conquistem oportunidades para novas aprendizagens e para a afirmação de si.
A inserção das oficinas está também atenta à necessidade de tornar a escola mais significativa. Para Araújo (2020 p. 85), “a educação só se torna significativa se for capaz de interagir com as experiências e expectativas dos alunos.” As práticas criativas cumprem, assim, esse papel na medida em que possibilitam que os alunos se reconheçam enquanto sujeitos da linguagem. Elas fazem mais do que desenvolver habilidades formais, ajudam na construção de narrativas próprias, possibilitando que a identidade e a autoestima dos participantes sejam estimuladas.
Em sua função pedagógica, Nascimento (2021, p. 99) defende que “a leitura e a escrita criativa favorecem o protagonismo estudantil, propiciando a autonomia intelectual”. Esse aspecto é um ponto fundamental para o enfrentamento do desinteresse e do abandono escolar. O gráfico mostra que, à medida que as políticas vão avançando, mais espaço é dado para que os alunos experimentem práticas que os coloquem no centro do processo educativo, não como seus simples receptores, mas como autores do conhecimento.
Outro aspecto relevante é o papel mediador do docente. Souza (2022, p. 113) comenta que “a legislação pode propor, mas o professor é quem ressignifica a prática e a transforma em vivência educativa”. A efetivação das oficinas de leitura e escrita criativa depende, portanto, da intencionalidade pedagógica do professor, que deve estar preparado para conduzir, provocar e abrigar a produção dos alunos. Sem essa mediação, o marco legal pode correr o risco de ser letra morta.
As oficinas criativas também contribuem para romper com os moldes tradicionais da educação. Segundo Reis (2019, p. 128), “quando a escola faz uso de uma metodologia inovadora, ela rompe com a lógica da repetição e abre caminho para a inventividade”. A escrita criativa, por meio de suas produções textuais que não seguem formatos engessados, mas que exploram a imaginação e a sensibilidade, garante maior envolvimento e atua na reinvenção do sentido do aprendizado.
A cultura digital sustenta esse movimento. Para Lima (2020, p. 141), “as tecnologias digitais trazem novas linguagens e suportes para a leitura e a escrita, como também ampliam a criatividade e a participação”. A inclusão de recursos digitais nas oficinas possibilita maior motivação e aproxima a escola da realidade cotidianas dos estudantes. Essa intersecção de políticas públicas voltadas tanto para a inclusão digital como às práticas criativas se encontram como formas de combate ao desinteresse escolar.
Sob a perspectiva das relações sociais, Almeida (2021, p.157) enfatiza que “as práticas criativas são uma forma de inclusão cultural, uma vez que permitem que vozes que foram historicamente silenciadas sejam ouvidas”. No que diz respeito a isso, oficinas de leitura e escrita criativa são mais do que uma ampliação das habilidades acadêmicas, pois são também onde a cidadania dos estudantes se afirma. Elas propiciam que todos possam tornar-se autores, participando assim da vida escolar e comunitária.
Os dados expressos no gráfico corroboram a ideia de que a transformação da escola se efetua ao longo do tempo. Conforme Rocha (2022, p. 173), “o tempo da política é diferente do tempo da escola, mas é no cruzamento deles que se encontram as mudanças que duram”. O percurso apresentado demonstra que as conquistas legais precisam de continuidade, investimento e acompanhamento, a fim de se concretizarem de forma coerente nas práticas escolares.
O efeito das oficinas em leitura e escrita criativa se apresenta como uma possibilidade de ressignificação da experiência escolar. Mendes (2020, p. 188) considera que “quando o aluno vê a escola como espaço de criação e não de exclusão, o prazer de aprender é recriado”. As políticas públicas quando efetivadas são, portanto, uma ampliação de direitos, mas também uma transformação das subjetividades. O gráfico corresponde a essa caminhada, que foi acompanhada de sucessos e desafios rumo a uma educação mais inclusiva.
3. AFETIVIDADE, CRIATIVIDADE E INCLUSÃO: O PAPEL DAS OFICINAS DE LEITURA E ESCRITA NA SUPERAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR
A afetividade é tida como um dos alicerces do processo de ensino-aprendizagem, principalmente no caso dos estudantes em situação de fracasso escolar. Para Furtado (2020, p. 45), “é a relação afetiva entre professor e aluno que possibilita que a aprendizagem aconteça de forma significativa”. Desse modo, as oficinas de leitura e escrita podem ser um espaço de acolhimento, onde a emoção se funde ao conhecimento para criar o engajamento dos alunos.
Insira-se a criatividade no ambiente da escola, pois ela passa a ser um recurso potente para motivar aqueles que já vivenciaram o esmorecimento diante do fracasso. “De acordo com Almeida (2021, p. 63), a escrita criativa possibilita ao estudante explorar sua subjetividade e perceber-se autor de sentidos”. Ao estimular a produção de textos sem a imposição de padrões rígidos, as oficinas possibilitam a reestruturação da autoestima e geram momentos em que o aluno se percebe como capaz de aprender.
Ao se considerar a inclusão, faz-se necessário compreender que práticas inovadoras como essas podem minimizar desigualdades escolares. Ao afirmar Rocha (2019, p. 71): “a inclusão vai além da presença física, mas comporta metodologias que valorizem a singularidade de cada aluno”. Ao favorecer a livre expressão e à pluralidade das vozes, as oficinas de leitura e escrita colaboram para uma escola democrática, menos excludente e coerente com os princípios da educação inclusiva.
Outro aspecto importante é a relação entre afetividade e motivação. Carvalho (2020, p. O que argumenta 89) é que “o aluno se engaja se perceber que a sua voz é óvida, que a sua vivência tem valor. Assim, as oficinas tornam-se um convite para que o aluno signifique a sua relação com a escola.”O desafio de interromper o ciclo da repetência pode estar, assim, em deixar que a prática pedagógica do afeto e a escola produza novos afetos de pertencimento.
As oficinas também são um espaço de experimentação criativa. Como observa Costa (2021, p. 103), “o erro, quando trabalhado de forma construtiva, transforma-se em uma oportunidade de aprendizagem e não em um motivo de exclusão”. Essa proposta faz colisão com a lógica do fracasso escolar, permitindo que os estudantes entendem a escrita não como um produto acabado, mas como um processo de contínuo fazer. A escola é vista assim, não mais como espaço de punição, mas de criação.
Conforme Nunes (2022, p. 118), “o fracasso escolar está muitas vezes ligado à falta de sentido da aprendizagem”. As workshops de ler e escrever criativo oferecem esse sentido, pois possibilitam que os alunos vinculem o conhecimento com a sua experiência. Ao escrever sobre o que é da sua própria realidade, o estudante ressignifica o prazer de aprender, fortalecendo a autoestima e aumentando as chances de permanência no espaço escolar.
Nessa tarefa, a mediação do professor é fundamental. De acordo com Vieira (2019, p. 132), “o professor mediador é aquele que transforma o espaço da oficina em um espaço de diálogo, de confiança, de estímulo”. Este papel vai além do mero repasse de conteúdos, exigindo escuta sensível e abertura à criatividade. O professor, neste sentido, é catalisador do processo de construção coletiva do saber.
As oficinas também podem ser vistas como ferramentas de inclusão cultural. Conforme Limeira (2021, p. 160), “a produção textual criativa dá visibilidade a narrativas que historicamente foram silenciadas”. Assim, alunos que já foram marginalizados pela escola encontram espaços para contar suas histórias e relatar suas opiniões. O resultado é uma aprendizagem mais plural e rica, que faz da diversidade um elemento pedagógico.
No campo institucional, políticas públicas têm indiscutível importância para a institucionalização dessas práticas. Como diz Duarte (2022, p. 175), “sem suporte legal e apoio institucional, ações inovadoras de natureza pedagógica estão sob risco de se tornarem experiências isoladas”. O gráfico anteriormente analisado demonstra, precisamente, até que ponto as práticas escolares costumam seguir os passos das normas, mas em um passo mais lento. Daí a necessidade de continuidade de investimentos em programas de ações interativas.
A articulação entre afetividade, criatividade e inclusão aponta para uma possibilidade de superação do fracasso escolar por meio de oficinas de escrita e leitura. Mendes (2020, p. 190) o recorda assim: “quando o aluno enxerga a escola como espaço de criação e pertencimento, reativa-se o prazer no aprender”. Essas práticas pedagógicas requalificam a experiência escolar e garantem a permanência do estudante. Assim sendo, as oficinas se transformam em caminhos fecundos para uma educação mais humanizadora, inclusiva e transformadora.
A criatividade é um dos motores da aprendizagem significativa, na medida em que possibilita ao aluno ir além do mero acúmulo de informações e construir um conhecimento mais integrado. Oliveira (2020, p. 44) afirma que “a aprendizagem se efetiva apenas quando o aprendiz estabelece relações criativas do que aprende com sua própria realidade”. Essa visão desafia a perspectiva tradicional excludente de ensino repetitivo e chama a escola a lidar com a imaginação como força que provoca a construção de sentidos. Portanto, práticas pedagógicas que provocam a criatividade não apenas favorecem a aprendizagem acadêmica, mas propiciam também o desenvolvimento da autonomia e da autoestima.
A espaço da imaginação e da expressão na escola é, portanto, um solo fértil para a reinvenção das experiências educativas. Silva (2021, p. 63) argumenta que “o ambiente escolar que abre espaço para a expressão criativa torna-se um campo de possibilidades, nele o aluno se percebe como sujeito de sua aprendizagem”. Esta perspectiva aponta para a necessidade de uma escola que vá além das práticas engessadas, que limitem a efetiva participação dos alunos, e que busque metodologias que promovam a autoria e o protagonismo. A imaginação, nesta perspectiva, não é considerada fuga da realidade, mas potência para transformá-la e reinventá-la.
Quando acolhido e estimulado, o potencial criativo pode se tornar o veículo de ressignificação do aprender. Para Ferreira (2022, p. 118), “o aluno que encontra na criatividade um espaço de expressão tende a ressignificar suas experiências escolares superando as marcas de fracasso e exclusão”. Nesse sentido, oficinas de leitura e escrita criativa ocupam um lugar estratégico, pois oferecem ambientes colaborativos em que os erros não são punidos, mas ressignificados como oportunidades de aprender.
Aprender já não é um ato mecânico, mas vivido como processo de descoberta, reforçando laços afetivos com a escola. A leitura e a escrita, que passaram a ser concebidas como práticas sociais, devem ser concebidas para além do seu âmbito técnico, assim realizando seu papel de inclusão. Santos (2020, p.91) pontua: “ler e escrever são atos sociais que colocam o sujeito em uma rede de significados partilhados, oferecendo-lhe voz e ao reconhecimento”. Neste horizonte, as oficinas criativas aparecem como espaços que aproximam os estudantes de diferentes contextos culturais, permitindo que todos tragam suas vivências para o seu processo de aprendizagem. Portanto, a leitura e a escrita assumem a função integradora, alargando a participação cidadã. Ao pensarmos na passagem da decodificação ao sentido, percebemos que a leitura ultrapassa o ato de reconhecer códigos linguísticos e se apresenta como construção de significados.
Almeida (2019, p. 77) nos lembra que “ensinar a ler é ensinar a interpretar o mundo e não simplesmente decifrar palavras”. Essa ideia amplia o espaço da escola, que deve favorecer o encontro do estudante com textos que possam dialogar com a sua realidade e instigar reflexões críticas. A criatividade, afinal, aparece nessa mediação entre a palavra escrita e a experiência de vida, garantindo que a leitura seja um ato transformador e não apenas reprodutivo.
Por último, a escrita como forma de autoria e reconhecimento permite que o aluno se coloque no lugar do sujeito do conhecimento. Mendes (2021, p. 132) defende que “escrever é um ato de legitimação da própria voz, em que o sujeito se afirmar e se reconhece diante dos outros”. Essa dimensão autoral quebra a visão da escrita como exercício escolar, ressignificando-a como prática de construção identitária. Quando os estudantes escrevem de maneira criativa, narrando suas vivências e seus sentimentos, não produzem apenas textos, mas se reconhecem também como agentes da transformação da realidade por meio da palavra.
4. ENTRE O APRENDER E O SENTIR: ESTRATÉGIAS CRIATIVAS PARA MOTIVAR E REENCANTAR ESTUDANTES EM TRAJETÓRIAS DE INSUCESSO ESCOLAR
A relação entre aprender e sentir é uma dimensão central da experiência educacional, especialmente para os alunos com histórico de insucesso escolar. Moreira (2020, p. 34) afirma que “não existe aprendizagem sem emoção, porque o conhecimento só tem sentido quando afeta o eu.” O desafio da escola, portanto, é encontrar estratégias que articulem a rigidez do ensino com a preocupação com a dimensão humana. Assim, práticas criativas se configuram como alternativas para reacender a chama dos estudantes.
Para Ferreira (2021, p. 51), “a criatividade na escola não pode ser concebida como um ornamento, mas como eixo estruturante do processo pedagógico.” Isto é, romper com a lógica da repetição e navegar em metodologias que valorizem imaginação, diálogo e autoria. Para os alunos já selados na bagagem do fracasso, esse movimento poderá abrir as portas do engajamento e lhes permitirá sentir-se protagonistas da aprendizagem e não apenas porta-vozes da reprodução de conteúdo. A motivação é mais um fator a ser considerado para o enfrentamento do desinteresse, Costa (2019, p. 68) afirma que “o estudante se motiva quando percebe o sentido no que aprende e o reconhecimento em sua trajetória”. Oficinas de leitura e de escrita criativa e projetos colaborativos são algumas das práticas que podem resgatar esse sentido. Ao trabalhar com temas próximos do real dos educandos, a escola promove o sentimento de pertencimento e aumenta a vontade de permanecer no espaço educativo.
Nessa esteira, a afetividade apresenta-se como a mediadora necessária. Como coloca Andrade (2020, p. 83), “a aprendizagem é um processo social, que se funda na confiança e na relação com o outro”. Professores que desenvolvem vínculos afetivos com seus alunos constroem ambientes acolhedores, onde o erro deixa de ser encarado como uma razão para o castigo e passa a ser considerado como parte da construção do conhecimento e, com isso, também são reduzidas as rejeições e abertas as portas para novas trajetórias mais promissoras.
A inclusão aparece também como uma das dimensões fundamentais desse processo. Neste sentido, Oliveira (2022, p. 97) afirma que “a escola inclusiva é aquela que respeita as diferenças como potencialidades e não como limitações”. As estratégias criativas, dando voz aos alunos (Oliveira, 2022), funcionam como instrumento de democratização, possibilitando a todos participarem, junto da sala de aula, na construção do conhecimento. Esse movimento quebra com a ideia de fracasso como destino e transforma a sala de aula em um espaço de oportunidades.
Outro aspecto que importa mencionar é a interdisciplinaridade. Santos (2021, p.113) enfatiza que “a interação entre diferentes áreas possibilita uma aprendizagem mais rica e significativa”. Projetos interdisciplinares que envolvem literatura, artes e tecnologia promovem a pluralidade de formas de expressão e resinificam o papel da escola. Essas práticas produzem não apenas um aprofundamento na compreensão dos conteúdos, mas também provocam a curiosidade e o interesse nos alunos em situação de abandono.
A dimensão digital também deve ser mencionada. De acordo com Lima (2020, p. 128), “os recursos tecnológicos se usados criticamente transformam a escola na linguagem dos estudantes”. Jogos educativos, plataformas interativas e narrativas multimídia podem se tornar fortalecedores da vontade de aprender, mas o desafio que se coloca é integrá-los de uma maneira pedagógica que não incorra na sua utilização como meros dispositivos de distração. A mediação docente é, assim, fundamental.
A autoestima dos estudantes pode ser afetada por essas estratégias. Mendes (2022, p. 142) afirma que “aluno que se reconhece como autor de sua produção se fortalece em sua autoconfiança e em sua motivação”. Ao experimentar a produção de textos, poemas ou narrativas digitais, os estudantes podem perceber-se aptos ao aprender, resinificando sua trajetória escolar. Esta construção de confiança é vital para romper ciclos de fracasso e abrir os caminhos necessários para o sucesso acadêmico.
Todavia as políticas públicas não podem ser esquecidas. Da mesma maneira Rodrigues (2019, p.159) afirma: “sem apoio institucional, as metodologias criativas são práticas isoladas”. Somente com o fortalecimento da formação docente, melhoria da infraestrutura, criação de programas de incentivo, as novas práticas poderão se concretizar. Para que esse princípio seja transformado em ações práticas e efetivas de inclusão e de estimulação, a escola precisa de garantias legais e de condições materiais.
Destaca-se, ainda, para a formação do docente. Para Barros (2021, p.175), “o professor mediador deverá estar capacitado para lidar com a diversidade, para estimular a criatividade como um recurso pedagógico” e tal tarefa demanda processos continuados de formação e momentos de reflexão conjunta. A valorização do docente se reveste, assim, do elemento fundamental para que as estratégias de motivação e de reencantamento possam ter um sentido duradouro.
Isto é, entre o aprender e o sentir, a escola tem aqui o seu maior desafio: fazer da educação um espaço de esperança e de criação. Para Carvalho (2020, p.191), “ensinar também é reencantar; é mostrar ao aluno que ele pode retomar a sua história escolar”. As estratégias criativas, ao abrirem um caminho para a afetividade, para a inclusão e para a inovação se tornam frutíferas para a superação do insucesso. Assim reafirma-se a missão da escola de formar sujeitos críticos, criativos e autônomos.
5. DO FRACASSO À RESSIGNIFICAÇÃO: OFICINAS CRIATIVAS COMO CAMINHO PARA A PERMANÊNCIA E O ENGAJAMENTO ESCOLAR
O fenômeno do fracasso escolar ultrapassa o seu desempenho acadêmico, uma vez que lesa, de forma direta, a autoestima, a motivação e a própria relação do estudante com o aprender. Para Moreira (2020, p. 34), “não existe aprendizagem sem emoção, pois o saber só tem sentido quando mobiliza afetos”. Nesse sentido, diagnosticar as causas do fracasso e pensar em alternativas que ressignifiquem a experiência educativa são tarefas que exigem urgência na escola contemporânea. As oficinas criativas aparecem como uma possibilidade concreta de transformação do cenário.
De acordo com Ferreira (2021, p. 51), “a criatividade na escola não deve ser vista como adorno, mas como eixo estruturante do processo pedagógico”. Essa visão indica a necessidade de metodologias que rompam a rigidez da sala de aula tradicional como também a obrigatoriedade do ensino, levando em conta a livre expressão dos estudantes. Quando os alunos têm a chance de escrever, criar e imaginar sem o medo do erro, eles começam a desenvolver novas maneiras de aprender. Esse processo de ressignificação alimenta o engajamento e fortalece a permanência dos alunos na escola.
E a motivação cumpre papel central neste processo. Segundo Costa (2019, p. 68), “o estudante se torna motivado quando reconhece sentido no que aprende e reconhecimento em sua própria trajetória”. As oficinas criativas, ao trabalharem com temas que fazem parte da realidade dos alunos, ajudam à construção de vínculos entre a escola e a vida. Essa interlocução faz com que os(as) estudantes encontrem sentido no que fazem, ao mesmo tempo que produzem autoestima e reduzem o risco de evasão.
Neste percurso, a afetividade é elemento imprescindível. Como salienta Andrade (2020, p. 83) “a aprendizagem é uma prática social, e as aprendizagens se constroem a partir da confiança depositada no outro”. Professores e professoras que estão mediando oficinas de leitura e escrita criativa precisam adotar uma postura afetiva, na qual o erro seja parte do processo formativo. Essa postura ajuda os estudantes a resgatar o prazer pela aprendizagem que foi perdido, percebendo a escola como lugar de cuidado e pertencimento.
Por sua vez, a inclusão se apresenta como uma dimensão indissociável das oficinas criativas. Oliveira (2021, p. 97) observa que “a escola inclusiva é aquela que reconhece as diferenças como potencialidades e não como limitações”. Ao dar espaço para narrativas singulares, essas práticas oferecem condições para que cada aluno se reconheça em sua trajetória e perceba que o fracasso não é um destino que não pode ser evitado. A valorização da diferença torna a sala de aula um lugar de justiça e de equidade.
Outro aspecto que se destaca é a interdisciplinaridade. Santos (2021, p. 113) diz que “quando o diálogo acontece entre diferentes áreas, o aprendizado se enriquece, tornando-se mais significativo”. As oficinas criativas diversificam formas de expressão, envolvendo literatura, artes e tecnologia. Várias propostas sobre as quais não há identificação com o ensino apenas tradicional são potencializadas. Nesse sentido, a interdisciplinaridade dá novo sentido aos conteúdos e experiências escolares.
A dimensão digital também se insere neste processo. Lima (2020, p. 128) aponta que “os recursos tecnológicos quando utilizados criticamente aproximam a escola da linguagem dos estudantes”. Oficinas que utilizam ferramentas digitais trazem novos suportes para leitura e escrita, além de tornar o processo muito mais dinâmico e atraente. Dentro desse contexto, a mediação do professor é crucial para que a tecnologia não exerça o papel apenas de mais um aplicativo de distração, mas sim mantenha-se como recurso pedagógico transformador.
A autoestima é um dos maiores ganhos advindos das oficinas criativas. Mendes (2022, p. 142) defende que “o aluno que se reconhece como autor de sua produção, fortalece sua autoconfiança, sua motivação.” A possibilidade de criar e compartilhar textos, poemas e narrativas digitais, garante aos alunos a vivência do sucesso, mesmo àqueles que se diziam incapazes. Isso colabora diretamente com a permanência da escola e com o reencantamento do ato de aprender.
O apoio institucional é, também, fator determinante. Rodrigues (2019, p. 159) enfatiza que “sem apoio institucional, metodologias criativas permanecem como experiências isoladas.” As políticas públicas e os projetos escolares precisam reforçar a inserção das oficinas criativas no cotidiano, garantindo recursos, formação docente e acompanhamento pedagógico. Assim, o impacto das práticas torna-se mais amplo e eficaz, não dependendo apenas da iniciativa de alguns professores.
A formação docente deve ir junto com esse processo. Para Barros (2021, p. 175), “o professor mediador precisa estar preparado para lidar com a diversidade e estimular a criatividade no seu potencial pedagógico”. Apostar em formação e momentos de reflexão coletiva é fundamental para garantir que as oficinas possam ser realizadas de maneira inclusiva e inovadora. A valorização do docente, nesse sentido, é parte da estratégia de viabilizar a permanência e o engajamento dos estudantes.
Carvalho (2020, p. 191), sintetizando este debate, afirma que “ensinar é também reencantar, isto é, mostrar ao aluno que ele também pode reinventar a sua história escolar”. Da ressignificação ao fracasso, as oficinas criativas têm aparecido como um caminho promissor para transformar trajetórias de vida marcadas pela rejeição em trajetórias de sucesso, constituindo-se como o cruzamento entre afetividade, criatividade e inclusão, reafirmando o papel da escola como espaço de esperança, de pertencimento e de transformação.
Cabe salientar que ,a leitura e a escrita se constituem, no âmbito do imaginário, instrumentos caros para nos ajudar a romper (reconstruir, sob o sentido de retomar, superar) trajetórias escolares fragilizadas pelo insucesso escolar. Como lembra Moreira (2020, p. 34), “não há aprendizagem sem emoção, porque o conhecimento somente adquire sentido se mobiliza afetos”. Ao dar voz aos estudantes, possibilitando que eles inventem narrativas, as oficinas criativas ajudam os estudantes a melhorarem a autoestima e a formarem novas identificações de pertencimento. Este movimento que articula sentir e aprender, reconquista a alegria pela escola, como espaço acolhedor e inventivo, no qual a criatividade, inserida na pratica pedagógica, supere a lógica da repetição da escola tradicional. Conforme Ferreira (2021, p. conforme Andrade (2020, p. 51), “a criatividade na escola não pode ser vista como adorno, mas como eixo estruturante do processo pedagógico.” Quando o estudante começa a se identificar como autor de sua produção, seja pela literatura, pelas poesias ou pelas narrativas digitais, ele vive um momento de reconhecimento, e essa autoria gera confiança e altera a relação com a escola, que deixa de ser um espaço de cobrança e torna-se um espaço de expressão e de construção.
Nesse percurso, a afetividade se torna imprescindível, Andrade (2020, p. 83) recorda que “o aprender é um processo social que se sustenta no reconhecimento e na relação com o outro”. Professores que realizam oficinas criativas e que dispõem de sensibilidade e acolhimento têm possibilidade de fazer do erro uma “oportunidade de aprendizado” que gere participação. Neste sentido a afetividade constituiu-se como mediação; assim os estudantes podem superar a rejeição escolar e encontrar no ato de escrever e imaginar uma nova possibilidade de significar suas histórias.
A valorização da diversidade aparece também como um elemento fundamental. Oliveira (2022, p. 97) menciona que “uma escola inclusiva é aquela que vê as diferenças como potencialidades e não como entraves”. As práticas criativas permitem que o aluno expresse sua experiência singular, dando voz ao que muitas vezes é silenciado no espaço escolar. Com isso, a leitura e a escrita constituem-se não apenas enquanto habilidades técnicas, e sim como instrumentos de inclusão e de reconhecimento. A autoestima se destaca também como um componente que emerge desses processos.
Mendes (2022, p. 142) afirma que “o aluno que se vê como autor de sua produção fortalece a sua autoconfiança, e a sua motivação”. A escola, ao abrir espaço para a criação e para a imaginação, possibilita que os estudantes em risco de fracasso escolar, possam por meio dela, dar nova significação à sua trajetória. Ao aliar leitura, escrita e imaginário as práticas pedagógicas criativas reencantam o aprender, reafirmando a escola enquanto espaço de transformação e de esperança.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa possibilitou identificar que as oficinas de leitura e de escrita criativa representam importantes instrumentos pedagógicos para a ressignificação do processo de aprendizagem de alunos com histórico de insucesso escolar. Os achados da literatura mostram que essas práticas fomentam a motivação, ampliam a autoestima e possibilitam a formação de vínculos afetivos mais consolidados com a escola. A centralidade da criatividade, neste sentido, se apresenta como elemento capaz de fazer o estudante se perceber, não mais como receptor passivo de conteúdos, mas como sujeito ativo do conhecimento, como apresenta um dos alunos em uma de suas reflexões sobre a prática.
Dentre os aspectos mais relevantes que foram observados, destacamos que houve ênfase na afetividade e na inclusão como dimensões indissociáveis da prática pedagógica criativa. As vivências dos alunos mostraram que ao se criar um espaço escolar livre de julgamentos e que valoriza a expressão, os alunos resgatam a auto confiança para aprender. Esse processo representa, para além do rompimento com a lógica punitiva do fracasso, as condições para que a leitura e a escrita sejam vivenciadas de forma prazerosa, despertando a imaginação e fortalecendo a identidade dos alunos como leitores e como escritores dos textos.
A investigação acerca da literatura evidenciou padrões equivalentes: em contextos diversos, as oficinas de criação aparecem como estratégias eficazes de engajamento escolar. As tendências demonstram que a aprendizagem apenas adquire significados nos diálogos com as experiências dos estudantes e quando a leitura e a escrita são elaboradas como prática social. Isso reitera que a criatividade é um princípio pedagógico, e não apenas metodológico, que potencializa as possibilidades de inclusão e permanência escolar.
Para os fins desta pesquisa, os resultados indicam que as oficinas de leitura e escrita criativas contribuem para a elevação da motivação e autoestima dos estudantes, favorecendo sua permanência nos processos de aprendizagem. Por configurarem um espaço de autoria e de reconhecimento, estas práticas têm as condições de reverter o movimento de desinteresse e desmotivação para atingir propostas inclusivas e humanizadoras de políticas públicas e de reflexões acadêmicas contemporâneas.
É preciso reconhecer, porém, algumas limitações desse estudo. A revisão de literatura, embora extensa, não contemplou todas as experiências possíveis. Há necessidade, pois, de novas pesquisas empíricas que aprofundem as análises a partir das realidades escolares concretas. Observa-se também a ausência de estudos que relacionem diretamente oficinas criativas e impactos de políticas públicas educacionais, evidenciando uma lacuna que espera ser explorada pela futura pesquisa. O reconhecimento não diminui a importância do trabalho, mas a complexidade do tema.
Finalmente, recomenda-se que novas pesquisas realizem investigações práticas sobre os efeitos das oficinas de leitura e escrita criativa junto a diferentes níveis de ensino, aproximando a relação entre teoria e práxis. Pesquisas que articulem a dimensão criativa às políticas de inclusão escolar podem oferecer significativas contribuições para o desenho de diretrizes pedagógicas mais sensíveis às necessidades dos alunos. Nesse caminho, reafirma-se a necessidade de uma educação que reconheça na criatividade e na afetividade não só instrumentos metodológicos, mas fundamentos éticos e políticos para a construção de trajetórias escolares mais justas e significativas.
REFERÊNCIAS
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