GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CAMINHOS PARA UMA CONSCIÊNCIA SOCIOAMBIENTAL CRÍTICA
GEOGRAPHY AND ENVIRONMENTAL EDUCATION: PATHS TO CRITICAL SOCIO-ENVIRONMENTAL AWARENESS
Ana Cássia Barbosa Lopes Ripardo[1]
RESUMO
Este artigo analisa a integração entre Geografia e Educação Ambiental (EA) no contexto escolar, destacando a importância de uma abordagem interdisciplinar e crítica para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. A partir de uma revisão bibliográfica de autores como Milton Santos, David Harvey e Aziz Ab’Sáber, o estudo discute a dualidade entre Geografia Física e Geografia Humana, reflete sobre o papel da EA na formação de uma consciência socioambiental crítica e propõe práticas pedagógicas inovadoras, como aulas de campo, jogos digitais e projetos interdisciplinares, que promovem o protagonismo estudantil e a integração entre teoria e prática. A problemática central reside na fragmentação do pensamento geográfico e no ensino tradicional baseado na memorização, que limitam a capacidade da Geografia de oferecer soluções integradas para os problemas ambientais. Conclui-se que a efetivação dessa integração depende da superação de desafios como a fragmentação do conhecimento e a falta de preparo dos professores, reforçando a necessidade de investir na formação continuada e na construção de currículos que valorizem a EA como tema transversal para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis.
Palavras-chave: Geografia, Educação Ambiental, Preservação Ambiental.
1 INTRODUÇÃO
A relação entre sociedade e natureza tem sido um dos temas centrais da Geografia desde sua institucionalização como ciência no século XIX. No contexto atual, marcado por uma crise ambiental global, essa relação assume contornos ainda mais complexos, exigindo uma abordagem interdisciplinar que integre conhecimentos científicos, práticas educacionais e ações transformadoras. A Educação Ambiental (EA) emerge, nesse cenário, como uma ferramenta fundamental para promover a conscientização socioambiental e a formação de cidadãos críticos e comprometidos com a sustentabilidade. No entanto, como a integração entre Geografia e Educação Ambiental pode contribuir para a construção de um modelo de ensino que supere a dicotomia entre natureza e sociedade e promova a formação de indivíduos conscientes de seu papel na transformação do espaço geográfico?
Este artigo tem como objetivo analisar as potencialidades da integração entre Geografia e Educação Ambiental no contexto escolar, destacando a importância de uma abordagem interdisciplinar e crítica para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. Para isso, busca-se: (1) discutir a dualidade entre Geografia Física e Geografia Humana e suas implicações para o ensino; (2) refletir sobre o papel da Educação Ambiental na formação de uma consciência socioambiental crítica; e (3) propor práticas pedagógicas inovadoras que promovam o protagonismo estudantil e a integração entre teoria e prática.
A metodologia utilizada neste trabalho consiste em uma revisão bibliográfica, baseada em autores clássicos e contemporâneos da Geografia e da Educação Ambiental, como Milton Santos, David Harvey, Aziz Ab’Sáber, entre outros. Foram selecionados autores cujas obras abordam diretamente a integração entre Geografia e Educação Ambiental. A partir dessa revisão, busca-se construir uma análise crítica sobre o ensino de Geografia e suas interfaces com a Educação Ambiental, propondo caminhos para a superação dos desafios identificados.
O artigo está organizado em três seções principais. Na primeira, discute-se a dualidade entre Geografia Física e Geografia Humana, destacando a necessidade de uma abordagem integrada que considere as interações entre sociedade e natureza. Na segunda, reflete-se sobre o papel da Educação Ambiental na formação de uma consciência crítica e na promoção da sustentabilidade. Por fim, na terceira seção, são apresentadas propostas práticas para o ensino de Geografia, com foco no protagonismo estudantil e na integração entre teoria e prática.
Ao longo do texto, argumenta-se que a Geografia, enquanto ciência de síntese, possui um papel central na promoção da sustentabilidade socioambiental, mas que seu potencial só será plenamente realizado por meio de uma abordagem interdisciplinar e crítica. A Educação Ambiental, por sua vez, surge como uma aliada essencial nesse processo, permitindo que os estudantes compreendam as complexas relações entre sociedade e natureza e se engajem na construção de um futuro mais justo e sustentável.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A Geografia é reconhecida como uma ciência de síntese, cujo objeto de estudo é o espaço geográfico, entendido como o palco das interações entre os elementos naturais e sociais. Nesse espaço, coexistem aspectos políticos, culturais, econômicos e ambientais, que se inter-relacionam de forma complexa. Dessa maneira, a Geografia não se limita a descrever fenômenos isolados, mas busca compreender as dinâmicas que moldam o espaço, incluindo as relações entre o ser humano e o meio ambiente. Desde sua institucionalização no século XIX, a Geografia tem se dedicado a investigar essas interações, embora o pensamento geográfico seja anterior à sua formalização como ciência, remontando às primeiras civilizações humanas.
O pensamento geográfico pode ser entendido como a forma pela qual os seres humanos, desde tempos remotos, interpretaram e interagiram com o meio em que viviam. Nas sociedades primitivas, por exemplo, a necessidade de sobrevivência levou ao desenvolvimento de técnicas como a caça, a domesticação de animais e a agricultura, que representaram avanços significativos na relação entre o homem e a natureza. Essas práticas, embora realizadas de forma intuitiva, refletiam uma compreensão incipiente do espaço e dos recursos disponíveis. Ao longo da história, o pensamento geográfico evoluiu, permitindo o surgimento de sistemas comerciais, o desenvolvimento tecnológico e, mais recentemente, a globalização. Contudo, esse progresso trouxe consigo impactos ambientais significativos, que demandam uma reflexão crítica sobre o modelo de desenvolvimento adotado.
A Geografia, portanto, sempre esteve intrinsecamente ligada ao meio ambiente, uma vez que surgiu da necessidade humana de compreender e transformar o espaço em que vive. Essa ciência permite analisar fenômenos naturais e sociais em diferentes escalas, do local ao global, utilizando ferramentas metodológicas variadas. No entanto, o avanço tecnológico e o crescimento populacional das últimas décadas acentuaram os problemas ambientais, como a degradação dos ecossistemas, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas. A década de 1970 marcou um ponto de inflexão nesse processo, com a realização de conferências internacionais que alertaram para a necessidade de preservação do patrimônio ambiental e da qualidade de vida no planeta.
Diante desse cenário, a Geografia assume um papel fundamental na promoção da sustentabilidade, entendida não apenas como um conceito natural, mas também social. A sustentabilidade socioambiental pressupõe a harmonização entre o desenvolvimento humano e a conservação dos recursos naturais, garantindo o bem-estar das gerações presentes e futuras. Nesse contexto, a Geografia Cultural oferece ferramentas valiosas para analisar as práticas socioculturais que influenciam a relação entre sociedade e meio ambiente. Ao estudar as diferentes formas de ocupação e transformação do espaço, a Geografia contribui para a construção de um modelo de desenvolvimento que valorize a diversidade cultural e a preservação ambiental.
Em síntese, a Geografia, enquanto ciência de síntese possibilita uma compreensão integrada das relações entre sociedade e natureza. Sua abordagem interdisciplinar e sua capacidade de analisar fenômenos em múltiplas escalas a tornam essencial para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. A promoção da sustentabilidade socioambiental requer, portanto, uma visão holística que considere tanto os aspectos naturais quanto os sociais, utilizando as práticas socioculturais como base para a construção de um futuro mais equilibrado e justo. Assim, a Geografia não apenas descreve o mundo, mas também oferece caminhos para transformá-lo, reforçando seu papel como ciência comprometida com o bem-estar humano e a preservação do planeta.
Dualidade entre Geografia Física e Geografia Humana
A Geografia, enquanto ciência, tem sido historicamente marcada por uma dualidade conceitual entre a Geografia Física e a Geografia Humana. Essa divisão, que remonta ao século XIX, reflete a complexidade do objeto de estudo da Geografia: o espaço geográfico, que abarca tanto os fenômenos naturais quanto os sociais. Autores como Lacoste (1977) e Santos (1996) destacam que essa separação foi influenciada pelo positivismo e pela necessidade de especialização do conhecimento, mas também gerou debates sobre a fragmentação do pensamento geográfico. Enquanto a Geografia Física se concentra nos processos naturais, como clima, relevo e vegetação, a Geografia Humana foca nas dinâmicas sociais, culturais, econômicas e políticas que moldam o espaço.
A Geografia Física dedica-se ao estudo dos elementos e processos naturais que compõem a superfície terrestre. Seu enfoque está na compreensão dos sistemas ambientais, como a atmosfera, a hidrosfera, a litosfera e a biosfera, e suas interações. Segundo Christofoletti (1999), a Geografia Física busca analisar a dinâmica da natureza, desde a formação do relevo até os padrões climáticos, com o objetivo de entender como esses fenômenos influenciam e são influenciados pela ação humana. Essa vertente da Geografia utiliza métodos quantitativos e técnicas como sensoriamento remoto e geoprocessamento para mapear e monitorar mudanças ambientais.
No que diz respeito ao meio ambiente, a Geografia Física tem uma visão centrada nos processos naturais e suas dinâmicas. Autores como Ab’Sáber (2003) destacam a importância de compreender os sistemas naturais para a gestão sustentável dos recursos ambientais. Por exemplo, o estudo dos biomas e ecossistemas permite identificar áreas prioritárias para conservação e entender os impactos das mudanças climáticas. No entanto, a Geografia Física moderna reconhece que a ação humana é um fator determinante na transformação do meio ambiente. Assim, tem incorporado uma perspectiva mais integrada, que considera as interações entre sociedade e natureza.
Por outro lado, a Geografia Humana concentra-se nas atividades humanas e suas repercussões no espaço geográfico. Seu campo de estudo abrange temas como urbanização, globalização, migrações, desigualdades socioespaciais e cultura. Para Santos (1996), a Geografia Humana busca entender como os seres humanos produzem, organizam e transformam o espaço, criando territórios, paisagens e lugares. Essa vertente da Geografia utiliza abordagens qualitativas, como entrevistas e análises discursivas, para explorar as dimensões simbólicas e políticas do espaço.
A Geografia Humana tem uma visão crítica sobre o meio ambiente, enfatizando as relações de poder e as desigualdades que permeiam a produção do espaço. Autores como Harvey (1980) e Massey (1994) destacam que a degradação ambiental está intimamente ligada ao modelo de desenvolvimento capitalista, que prioriza o lucro em detrimento da sustentabilidade. Por exemplo, a expansão urbana desordenada e a exploração predatória de recursos naturais são vistas como consequências de um sistema econômico que não considera os limites ecológicos. Além disso, a Geografia Humana tem se dedicado a estudar os movimentos sociais e as políticas públicas que buscam promover a justiça ambiental e a sustentabilidade.
A dualidade entre Geografia Física e Geografia Humana tem sido alvo de críticas e reflexões no campo geográfico. Para Lacoste (1977), essa divisão reflete uma fragmentação do pensamento geográfico, que dificulta a compreensão integral do espaço como uma totalidade. O autor argumenta que a separação entre natureza e sociedade é artificial, uma vez que ambos os elementos estão intrinsecamente ligados. Da mesma forma, Santos (1996) defende que a Geografia deve superar essa dicotomia, adotando uma abordagem mais integrada que considere as interações entre os sistemas naturais e sociais.
No contexto do meio ambiente, essa divisão pode limitar a capacidade da Geografia de oferecer soluções para os problemas ambientais contemporâneos. Enquanto a Geografia Física fornece ferramentas para entender os processos naturais, a Geografia Humana oferece insights sobre as dinâmicas sociais que influenciam a gestão dos recursos ambientais. No entanto, é essencial reconhecer que a sustentabilidade só pode ser alcançada por meio de uma abordagem holística, que integre as perspectivas das duas vertentes. Por exemplo, o combate às mudanças climáticas requer tanto o conhecimento dos padrões climáticos (Geografia Física) quanto a compreensão das políticas públicas e dos comportamentos sociais que influenciam as emissões de gases de efeito estufa (Geografia Humana).
Apesar dessa divisão, que não é uma unanimidade entre os pesquisadores, é importante compreendermos que o conceito de meio ambiente permeia a Geografia em seus conceitos-chave. Como afirma Souza (2017, p. 4):
“O conceito de meio ambiente não é um dos cinco conceitos-chave da Geografia, que são: espaço, território, região, paisagem e lugar; é possível encontrarmos o meio ambiente em todos os cinco conceitos, uma vez que o meio ambiente está presente por todo o espaço geográfico. Os cinco conceitos nada mais são do que divisões didáticas que a Geografia encontrou para estudar de forma mais particular o espaço geográfico.”
A Geografia, desde sua institucionalização no século XIX, tem se dedicado a estudar as relações entre sociedade e natureza, refletindo sobre o conceito de meio ambiente e suas transformações ao longo do tempo. Inicialmente, influenciada pelo determinismo ambiental de Friedrich Ratzel (1882), a Geografia Clássica via o meio ambiente como um fator determinante das atividades humanas. Ratzel, em sua obra Antropogeografia, argumentava que características físicas como clima e relevo condicionavam o desenvolvimento das sociedades. No entanto, essa visão foi questionada por Vidal de La Blache (1903), que propôs o possibilismo, destacando que o meio ambiente não determinava, mas possibilitava diferentes formas de ocupação humana, dependendo das técnicas e culturas das sociedades.
No século XX, a Geografia passou por uma renovação teórica, influenciada pelo marxismo e por movimentos sociais. Milton Santos (1996), em A Natureza do Espaço, redefiniu o meio ambiente como uma construção social, moldada pela interação entre técnica, sociedade e natureza. Para Santos, o espaço geográfico é produzido por relações de poder e dinâmicas socioeconômicas, o que implica que a degradação ambiental está intrinsecamente ligada ao modelo de desenvolvimento capitalista. David Harvey (1996), em Justice, Nature and the Geography of Difference, reforça essa ideia, argumentando que a exploração predatória dos recursos naturais é uma consequência de um sistema que prioriza o lucro em detrimento da sustentabilidade. Harvey defende que a justiça ambiental deve ser parte integrante da luta por justiça social, já que os impactos da degradação ambiental afetam desigualmente diferentes grupos sociais.
Nas últimas décadas, a Geografia Ambiental emergiu como um campo interdisciplinar, buscando integrar as perspectivas da Geografia Física e Humana. Aziz Ab’Sáber (2003), em Os Domínios de Natureza no Brasil, enfatiza a importância de uma abordagem integrada para a conservação dos biomas e ecossistemas, destacando o papel da Geografia na promoção da sustentabilidade. Becker e Egler (1997) também defendem que a Geografia deve contribuir para a construção de um modelo de desenvolvimento que equilibre crescimento econômico, equidade social e preservação ambiental. Essa visão é reforçada por Henri Acselrad (2004), que destaca a importância da participação social e da governança ambiental na gestão dos recursos naturais.
A Geografia, enquanto ciência interdisciplinar, tem como objeto de estudo as complexas relações entre sociedade e natureza. No entanto, no contexto escolar, essa disciplina enfrenta uma crise que se reflete na desvalorização de seu ensino e na fragmentação de seus saberes. A dicotomia entre Geografia Física e Geografia Humana, herdada de sua tradição acadêmica, tem limitado a capacidade de formar cidadãos críticos e conscientes de seu papel na transformação do espaço geográfico. Além disso, políticas educacionais reducionistas e práticas pedagógicas tradicionais têm contribuído para a percepção da Geografia como uma disciplina de memorização, desprovida de significado prático.
A Geografia escolar enfrenta uma crise multifacetada, resultante de fatores políticos, teóricos e metodológicos. Straforini (2008) identifica três principais causas para essa desvalorização: as políticas educacionais implementadas a partir da década de 1990, a crítica à Geografia crítica e as contradições teóricas e metodológicas da disciplina. As reformas educacionais influenciadas por organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, priorizaram disciplinas como Matemática e Língua Portuguesa em detrimento da Geografia, reduzindo sua carga horária e relevância no currículo escolar.
Além disso, a introdução da Geografia crítica nos currículos ocorreu de forma superficial, sem o devido debate entre educadores. Como resultado, a Geografia escolar perdeu parte de seu potencial crítico e transformador, tornando-se uma disciplina fragmentada e desconectada da realidade dos estudantes. Essa fragmentação é agravada pela dicotomia entre Geografia Física e Geografia Humana, que impede uma visão holística das interações entre sociedade e natureza.
O ensino tradicional de Geografia, baseado na transmissão unilateral de conhecimento, tem reforçado a ideia de que essa disciplina se resume à memorização de fatos e dados. Cavalcanti (2012) critica essa abordagem, argumentando que ela reduz o aluno a um mero receptor de informações, sem espaço para a reflexão crítica ou a produção de conhecimento. Freire (1978) descreve esse modelo como “educação bancária”, no qual o professor deposita conteúdos nos alunos, que são avaliados pela capacidade de reproduzi-los.
Essa prática pedagógica não só desvaloriza a Geografia, mas também aliena os estudantes, impedindo-os de compreender as complexas relações entre sociedade e natureza. Como resultado, a Geografia é vista como uma disciplina inferior, desprovida de significado prático e desconectada da realidade vivida pelos alunos.
Para superar os desafios atuais, é necessário repensar o ensino de Geografia com base em uma abordagem integrada e crítica. Cavalcanti (2012) defende que o conhecimento geográfico deve ser construído de forma colaborativa, com o professor atuando como mediador e o aluno como produtor ativo de saberes. Essa abordagem valoriza a realidade vivida pelos estudantes, incentivando a reflexão crítica e a busca por soluções para problemas locais e globais.
A utilização de recursos didáticos variados, como mapas, aulas de campo e tecnologias audiovisuais, é essencial para tornar o ensino mais atraente e significativo. Além disso, é fundamental que o ensino de Geografia promova a interação entre teoria e prática, conectando os conteúdos geográficos à realidade dos estudantes e incentivando a transformação social.
O professor desempenha um papel central na renovação do ensino de Geografia. Demo (2006) defende a formação de educadores pesquisadores, capazes de refletir criticamente sobre sua prática e de motivar os alunos a se tornarem produtores de conhecimento. Essa formação deve ir além da transmissão de conteúdos prontos, incentivando a investigação e a criação de metodologias que aproximem os estudantes da realidade.
Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) reforçam que a docência é uma atividade intelectual que exige constante atualização e reflexão, visando à transformação social. O professor pesquisador não se limita a reproduzir conhecimentos, mas cria e recria metodologias de ensino, conectando os conteúdos geográficos à realidade dos alunos e promovendo uma educação crítica e emancipadora.
A crise ambiental contemporânea, caracterizada pela degradação dos ecossistemas e pelo modelo de desenvolvimento insustentável, exige respostas urgentes da sociedade e da educação. Nesse contexto, a Educação Ambiental emerge como uma ferramenta fundamental para promover a conscientização socioambiental e a transformação das relações entre sociedade e natureza. Aliada ao ensino de Geografia, ela possibilita a reflexão crítica sobre o papel do ser humano no ambiente e a importância do cuidado com os recursos naturais (LEFF, 2012; MOURA et al., 2014).
A Educação Ambiental é definida de diversas formas, dependendo do contexto e da abordagem. Cascino (2003) a entende como uma prática que busca “a compreensão dos ambientes de maneira integrada e não excludente, privilegiando as relações de igualdade e respeito entre os indivíduos”. Essa visão enfatiza a importância do diálogo e da cooperação para resolver conflitos socioambientais. Já Santos (2009) define a Educação Ambiental como uma educação interdisciplinar e política, que propõe “a reapropriação da natureza por meio de uma pedagogia transformadora”. Essa abordagem destaca o caráter emancipatório da Educação Ambiental, que visa não apenas informar, mas também transformar comportamentos e práticas sociais.
No contexto escolar, a Educação Ambiental assume um papel fundamental, permitindo a reflexão crítica e a intervenção nos problemas socioambientais. Guimarães (2001) destaca que essa prática ajuda os educandos a “entenderem sua relação com o meio ambiente, que atualmente parece estar desequilibrado”. A Lei nº 9.795/1999, que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil, prevê a integração dessa temática em todos os níveis de ensino formal. No entanto, sua implementação enfrenta desafios, como currículos pragmáticos e visões pessimistas de professores, que muitas vezes não conseguem abordar a integração entre ser humano e natureza de forma efetiva. Como aponta Guimarães (2001), “o professor precisa conscientizar os alunos de que o ser humano é natureza e não apenas parte dela”.
A interdisciplinaridade da Educação Ambiental permite que ela dialogue com diversas disciplinas, especialmente a Geografia. Cavalcanti (2010) argumenta que essa aliança “potencializa no aluno a criação de um conceito crítico de ambiente, na dimensão social, ética e política”. A Geografia, com suas teorias e métodos, oferece ferramentas para a compreensão das complexas relações entre sociedade e natureza, permitindo uma abordagem mais realista e crítica dos problemas ambientais. Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) reforçam que a Geografia pode auxiliar “na compreensão de questões ambientais e no aumento da consciência ambiental de alunos e professores”.
Essa integração entre Educação Ambiental e Geografia permite uma abordagem mais complexa e integrada da natureza, promovendo práticas ambientalmente orientadas e a valorização do meio ambiente. Além disso, ela contribui para a formação de cidadãos críticos e responsáveis, capazes de intervir na realidade e de promover a sustentabilidade. Como destacam Moura et al. (2014), a Educação Ambiental, aliada ao ensino de Geografia, “potencializa mudanças de atitudes e comportamentos frente ao meio ambiente, promovendo a consciência ambiental, a coletividade, o respeito e o exercício da cidadania”.
Uma Educação Ambiental crítica deve incorporar novos valores e métodos, mobilizando a sociedade para o enfrentamento da crise ambiental. Leff (2009, p. 252) defende uma educação capaz de gerar “consciência e capacidades próprias para que as populações possam apropriar-se de seu ambiente como uma fonte de riqueza econômica, de prazer estético e de novos sentidos de civilização”. Essa abordagem busca promover a solidariedade e a harmonia com a natureza, incentivando a participação ativa dos indivíduos na construção de um futuro mais sustentável.
No ambiente escolar, a Educação Ambiental crítica deve partir da realidade vivenciada pelos alunos, facilitando o processo de conhecimento a partir do cotidiano. Como afirma Penteado (1997, p. 53), “uma coisa é ler sobre o meu meio ambiente e ficar informado sobre ele, outra é observar diretamente o meu meio ambiente, entrar em contato direto com os diferentes grupos sociais que o compõem”. Essa prática permite que os alunos compreendam as relações sociais que permeiam o meio ambiente e desenvolvam uma consciência crítica sobre sua responsabilidade na preservação dos recursos naturais. Como destacam Leff (2009) e Jacobi (2004), a Educação Ambiental crítica é um caminho necessária para a construção de um futuro mais justo e sustentável.
A Educação Ambiental (EA) emergiu como um campo de estudo e prática educativa a partir de marcos globais, como a Conferência de Estocolmo (1972) e a Conferência de Tbilisi (1977), organizada pela UNESCO em parceria com o Programa de Meio Ambiente da ONU. Esses eventos consolidaram os princípios e estratégias que orientam a EA até os dias atuais, com o objetivo de promover uma consciência planetária e a formação de indivíduos comprometidos com a sustentabilidade (BRASIL, 2007; BOFF, 1974). No contexto brasileiro, a EA é amparada por uma Política Nacional específica, o que representa um avanço significativo, embora sua implementação ainda enfrente desafios devido ao início tardio das discussões sobre o tema no país (MENDONÇA; CÂMARA, 2012).
A EA é reconhecida como uma necessidade social e cultural, cujo propósito transcende a resolução imediata de problemas ambientais. Ela visa fomentar o respeito pela natureza e a responsabilidade intergeracional, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e participativos (VIRGENS, 2011). Nesse sentido, a EA é entendida como uma ferramenta pedagógica que possibilita aos estudantes compreenderem e interagirem com o meio ambiente de forma contextualizada e reflexiva, promovendo a construção de uma consciência crítica sobre as relações entre sociedade e natureza (SILVA; SANTOS, 2018).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) reforçam a importância da EA como tema transversal, integrado às diversas disciplinas escolares. Nos PCNs, a EA é proposta como uma abordagem que ultrapassa a mera memorização de conteúdo, incentivando a pesquisa, a análise crítica e a formulação de soluções criativas para problemas ambientais (BRASIL, 1996). Essa perspectiva alinha-se à visão de que a EA deve ser uma prática educativa emancipatória, capaz de promover a participação ativa dos estudantes na construção de um futuro sustentável (LOUREIRO, 2004; TOZONI-REIS, 2006).
No entanto, apesar dos avanços, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não cita explicitamente a EA, limitando-se a abordagens relacionadas à sustentabilidade e à gestão de recursos naturais. Essa lacuna pode resultar em práticas descontextualizadas, nas quais a EA é tratada de forma superficial, sem a profundidade necessária para promover mudanças significativas (BRANCO; ROYER; BRANCO, 2018). Essa fragilidade evidencia a necessidade de maior integração da EA no currículo escolar, de modo a garantir que os estudantes desenvolvam uma compreensão holística e crítica das questões ambientais.
A EA em sala de aula deve ser entendida como um processo contínuo e interdisciplinar, que envolve não apenas a transmissão de conhecimentos, mas também a vivência prática e a reflexão sobre as relações entre sociedade e natureza. Para isso, é essencial que os professores sejam capacitados e que as atividades de EA, como aulas de campo e projetos interdisciplinares, sejam incorporadas ao planejamento pedagógico de forma sistemática (SILVA; SANTOS, 2018). Como destacam Tozoni-Reis (2006) e Loureiro (2004), a EA deve ser uma prática educativa que promova a autonomia e a participação ativa dos estudantes, contribuindo para a transformação social e ambiental.
Em síntese, a EA é um campo fundamental para a formação de cidadãos conscientes e críticos, capazes de enfrentar os desafios ambientais do século XXI. No entanto, sua efetivação nas escolas depende de políticas públicas consistentes, da formação continuada de professores e da integração da EA ao currículo de forma contextualizada e crítica. Somente assim será possível alcançar os objetivos propostos pela EA e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
A Educação Ambiental (EA) tem se consolidado como um campo essencial para a formação de cidadãos conscientes e críticos, capazes de refletir sobre sua relação com o meio ambiente e de agir de forma responsável e sustentável. No contexto escolar, a EA deve ser desenvolvida de forma interdisciplinar, superando a dicotomia entre natureza e sociedade e promovendo a construção de atitudes ecológicas e a formação para a cidadania sustentável (ALMEIDA; JUNIOR; LIZ, 2019).
3 ANÁLISE DOS DADOS
A EA deve ser trabalhada de forma interdisciplinar, integrando conhecimentos de diversas áreas e promovendo uma abordagem holística que contemple a complexidade das relações entre ser humano e natureza. Conrado e Silva (2017) destacam que “na prática interdisciplinar, o que se pretende não é acabar com as disciplinas, mas sim integrá-las de maneira que seus objetivos sejam alcançados, chegando-se a uma totalidade, a uma unicidade” (p. 654). Essa perspectiva permite que a EA seja tratada como um tema transversal, que permeia todas as áreas do conhecimento e contribui para a formação de uma consciência crítica e planetária.
O protagonismo dos alunos é outro aspecto fundamental para a efetivação da EA. Galvão, Spazziani e Monteiro (2018) defendem que “as atividades de sala de aula devem estar focadas no protagonismo do aluno, por meio da construção de atividades práticas desenvolvidas através da mediação do professor” (p. 65). Essa abordagem permite que os alunos se tornem agentes transformadores, capazes de agir de forma responsável e sustentável em sua comunidade.
A EA é reconhecida como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico, permitindo aos estudantes compreender as relações entre as ações humanas e os desequilíbrios ambientais. Almeida, Junior e Liz (2019) destacam que “reconhecer que os desequilíbrios ambientais estão relacionados intrinsecamente às condutas humanas inadequadas favorece a construção do pensamento crítico acerca das causas e dos efeitos entre ser humano e meio ambiente” (p. 484). Essa perspectiva permite que os alunos desenvolvam uma visão crítica sobre os impactos ambientais e se engajem na busca por soluções sustentáveis.
Costa (2011) reforça a importância de trabalhar a EA de forma crítica e contextualizada, utilizando conteúdos que permitam aos educandos aplicá-los em sua vida cotidiana. Para o autor, “para a EA devem-se utilizar os conteúdos de forma a propiciar ao educando condições de poder usá-los na sua vida e aprender a ser crítico nas questões sociais” (p. 20). Essa abordagem contribui para a formação de indivíduos autônomos e conscientes de seu papel na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
O uso de metodologias inovadoras, como jogos digitais, tem sido apontado como uma forma eficaz de engajar os estudantes e promover a construção do conhecimento de maneira participativa. Nunes e Chaves (2017) destacam que “o uso do jogo digital merece um espaço maior na prática pedagógica cotidiana dos professores”, pois pode contribuir para que os educadores deixem de ser meros transmissores de informações e passem a ser mediadores que favorecem a construção gradativa do conhecimento pelos educandos (p. 328). Exemplos como o Ciano Quiz demonstram como essas ferramentas podem ampliar a conscientização sobre questões ambientais e desenvolver habilidades e competências relacionadas à sustentabilidade.
Além disso, a EA deve transcender os muros da escola, envolvendo a comunidade em ações concretas que promovam a sustentabilidade. Santana, Lima e Santos (2013) defendem que “é mudando hábitos antigos de destruição, degradação e desvalorização que se desenvolvem novas formas para tornar melhor a vida dos habitantes do planeta” (p. 65). Ações como o controle do desperdício de água e a redução de resíduos são exemplos de práticas que podem ser implementadas tanto na escola quanto na comunidade, contribuindo para a mudança de hábitos e a construção de uma sociedade mais sustentável.
Apesar dos avanços, a implementação da EA no contexto escolar enfrenta desafios significativos, como a falta de preparo dos professores e a fragmentação das ações educativas. Zuquim, Fonseca e Corgozinho (2010) destacam que “as propostas da educação ambiental e as condições necessárias a sua implementação podem auxiliar no desencadeamento das mudanças de que tanto necessita o ensino formal” (p. 1446). No entanto, para que isso ocorra, é fundamental investir na formação continuada dos educadores e na integração da EA de forma sistemática e contínua no currículo escolar.
Soares et al. (2004) reforçam que “sem um processo educativo consistente e participativo, que consiga abranger toda a sociedade, é inviável a busca pela sociedade sustentável” (p. 14). A EA deve ser tratada como um tema motivador e gerador de discussões amplas e significativas, que envolvam todas as disciplinas e promovam a conscientização sobre questões ambientais de forma integrada e contextualizada.
A EA é um campo fundamental para a formação de cidadãos conscientes e críticos, capazes de refletir sobre sua relação com o meio ambiente e de agir de forma responsável e sustentável. No entanto, sua efetivação no contexto escolar depende da superação de desafios como a falta de preparo dos professores e a fragmentação das ações educativas. Para isso, é essencial investir na formação continuada dos educadores, na integração da EA de forma interdisciplinar e contextualizada no currículo escolar, e no envolvimento da comunidade em ações concretas que promovam a sustentabilidade. Somente assim será possível alcançar os objetivos propostos pela EA e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e ecologicamente equilibrada.
A sociedade contemporânea enfrenta desafios significativos relacionados à preservação ambiental. O desenvolvimento econômico acelerado e o consumo desenfreado têm gerado consequências preocupantes para o meio ambiente. Neste contexto, a educação surge como ferramenta transformadora, especialmente quando abordamos a intersecção entre Geografia e Educação Ambiental.
O cenário atual é marcado por padrões insustentáveis de relação com a natureza. Como observam Salame, Ferreira Júnior e Santos:
“Diante de um mundo cada vez mais globalizado, evidencia-se uma sociedade marcada pelas características do consumo predatório, na qual o desejo de satisfação torna-se um anseio insaciável, ao ponto de os sujeitos não se preocuparem com o meio ambiente. Tais ações tendem a influenciar drasticamente uma crise ambiental, recaindo a culpa nos diversos setores da sociedade ― principalmente aqueles ligados ao âmbito econômico ― mediante a exploração exacerbada dos recursos provenientes da natureza.” (SALAME; FERREIRA JÚNIOR; SANTOS, 2023, p. 619-620).
Esta realidade demanda um repensar das relações entre sociedade e natureza. A formação educacional desempenha papel crucial nesta transformação, promovendo uma consciência ambiental mais profunda nas novas gerações. Os pesquisadores destacam essa necessidade ao afirmarem que:
“É necessário, então, (re)pensar um “equilíbrio” na relação sociedade-natureza. A educação, por exemplo, é essencial para o desenvolvimento e a formação crítica dos indivíduos ao corroborar discussões sobre questões ambientais no mundo. Para tratar dessas relações de modo harmônico, tem-se a Educação Ambiental (EA), cujos objetivos incluem promover a conexão entre as pessoas e a natureza e a continuidade de narrativas importantes, como preservação e sustentabilidade.” (SALAME; FERREIRA JÚNIOR; SANTOS, 2023, p. 620).
A Geografia, como disciplina escolar e ciência, possui características que a tornam particularmente adequada para abordar questões ambientais. Sua visão integradora dos elementos naturais e sociais permite uma compreensão mais holística dos desafios ecológicos atuais. Esta particularidade é ressaltada pelos autores quando explicam:
“Essa temática, por exemplo, ganha destaque na ciência geográfica, uma vez que a Geografia tem, entre suas concepções, um olhar direcionado para as questões ambientais, dando ênfase às (inter) relações de atores sociais e fenômenos físicos que sofrem transformações no espaço geográfico. Desse modo, o ensino de Geografia, quando articulado à EA, torna-se de suma importância para a formação dos sujeitos sobre a necessidade de preservar a natureza e garantir qualidade de vida.” (SALAME; FERREIRA JÚNIOR; SANTOS, 2023, p. 620-621).
A abordagem da Educação Ambiental no contexto geográfico não deve se limitar às salas de aula. É fundamental que esses conhecimentos sejam aplicados no cotidiano dos estudantes, transformando-se em práticas sustentáveis. Esta expansão do ambiente educacional é defendida na seguinte reflexão: “É indispensável que essa temática seja cada vez mais estudada nas salas de aula, e investigada e explorada para além do espaço escolar, ou seja, também na vivência cotidiana de jovens e adolescentes.” (SALAME; FERREIRA JÚNIOR; SANTOS, 2023, p. 621).
A urgência destas discussões torna-se ainda mais evidente quando consideramos o agravamento dos problemas ambientais nas últimas décadas. Como apontam os pesquisadores:
“A preocupação com a questão ambiental vem se expandindo nas últimas décadas, uma vez que as ações antrópicas que partem das atividades produtivas causam diversos impactos no meio ambiente. Tais atitudes corroboram avanços significativos da crise ambiental, resultando em problemáticas para o meio natural e em malefícios para a qualidade de vida dos seres vivos.” (SALAME; FERREIRA JÚNIOR; SANTOS, 2023, p. 621).
Em síntese, a integração entre Educação Ambiental e ensino de Geografia representa uma potente estratégia pedagógica para formar cidadãos ambientalmente conscientes. Esta abordagem interdisciplinar proporciona aos estudantes não apenas conhecimentos teóricos, mas também ferramentas práticas para intervir positivamente em seu entorno, contribuindo para a construção de uma sociedade mais sustentável e equilibrada em sua relação com o meio ambiente.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A integração entre Geografia e Educação Ambiental (EA) apresenta-se como uma estratégia fundamental para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos e promover a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu papel na transformação do espaço geográfico. Ao longo deste artigo, buscou-se demonstrar que a superação da dicotomia entre Geografia Física e Geografia Humana é essencial para uma abordagem holística que considere as interações entre sociedade e natureza. A EA, por sua vez, surge como uma aliada indispensável nesse processo, ao propor práticas pedagógicas que incentivam a reflexão crítica, o protagonismo estudantil e a construção de uma consciência socioambiental.
A revisão bibliográfica realizada permitiu identificar que o ensino tradicional de Geografia, baseado na memorização e na transmissão unilateral de conhecimento, tem limitado o potencial da disciplina para formar indivíduos engajados com a sustentabilidade. No entanto, a adoção de metodologias inovadoras, como aulas de campo, jogos digitais e projetos interdisciplinares, pode transformar a prática docente, tornando o ensino mais dinâmico, significativo e conectado à realidade dos estudantes. Essas práticas não apenas ampliam o conhecimento sobre questões ambientais, mas também incentivam a participação ativa dos alunos na busca por soluções para problemas locais e globais.
A crítica à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) evidenciou a necessidade de uma maior integração da EA no currículo escolar, de forma a garantir que os estudantes desenvolvam uma compreensão crítica e contextualizada das relações entre sociedade e natureza. A Geografia, com sua capacidade de analisar fenômenos em múltiplas escalas e sua visão integradora, tem um papel central nesse processo, mas sua efetividade depende da superação de desafios como a fragmentação do conhecimento e a falta de preparo dos professores.
Em síntese, este artigo reforça a importância de uma abordagem interdisciplinar e crítica no ensino de Geografia, aliada à Educação Ambiental, para a promoção da sustentabilidade socioambiental. A formação de cidadãos conscientes e responsáveis requer não apenas a transmissão de conhecimentos, mas também a criação de espaços de reflexão, diálogo e ação que permitam aos estudantes compreender e transformar o mundo em que vivem. Para isso, é essencial investir na formação continuada de professores, na integração de práticas pedagógicas inovadoras e na construção de currículos que valorizem a EA como um tema transversal e transformador.
Por fim, este trabalho sugere que futuras pesquisas explorem a implementação de práticas pedagógicas inovadoras em contextos escolares específicos, avaliando seu impacto na formação de uma consciência socioambiental crítica. Acreditamos que, ao unir teoria e prática, Geografia e Educação Ambiental podem contribuir significativamente para a construção de uma sociedade mais justa, equilibrada e sustentável.
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[1] Artigo publicado na EBWU no Curso de Mestrado em Ciências da Educação como trabalho de nivelamento de estudos das disciplinas básicas. Formada em Geografia e Mestranda em Ciências da educação pela EMIL BRUNNER. Email: cassiblopes@gmail.com
Arquivo – Artigo Revista EMIL Ana Cassia Barbosa Lopes Ripardo
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