AS RELAÇÕES ENTRE: ESCOLA, TECNOLOGIA E A SOCIEDADE
ADRIANA DA CONCEIÇÃO VIEIRA COSTA
RESUMO
O propósito deste estudo tem como objetivo refletir sobre a relação entre educação, tecnologia e sociedade na atualidade. Vivemos em um cenário de grandes transformações sociais e econômicas. Este artigo baseia-se na análise da Informática como um processo importante da intervenção na reconstrução da prática pedagógica do professor. O uso da Informática na educação está transformando e revolucionando o modo de produção, de comunicação e de relacionamento, produzindo um intenso intercâmbio de produtos e práticas socioculturais. O uso ou a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação nos processos educativos tem implicações que ultrapassam de longe os muros de uma sala de aula ou de uma escola. Afinal, essas tecnologias favoreceram grandes mudanças, neste período que está sendo chamado de revolucionário. Esta pesquisa bibliográfica tem como objetivo geral, discutir o processo evolutivo da relação entre a educação e as tecnologias dentro da sociedade nos dias atuais e, como a utilização das ferramentas tecnológicas pode ajudar no ensino aprendizagem.
Palavras Chave: Informática, Educação, Aprendizagem, Tecnologia.
ABSTRACT
The purpose of this study is to reflect on the relationship between education, technology, and society in contemporary times. We live in a context of major social and economic transformations. This article is based on the analysis of Information Technology as an important process of intervention in the reconstruction of teachers’ pedagogical practices. The use of IT in education is transforming and revolutionizing modes of production, communication, and social relationships, generating an intense exchange of sociocultural products and practices. The incorporation of Information and Communication Technologies into educational processes has implications that go far beyond the walls of a classroom or school. After all, these technologies have driven major changes in this period, which has been called revolutionary. This bibliographic research aims to discuss the evolutionary process of the relationship between education and technology in today’s society and how the use of technological tools can support the teaching and learning process.
Keywords: Information Technology, Education, Learning, Technology.
INTRODUÇÃO
Atualmente, os avanços tecnológicos têm impactado profundamente a sociedade, promovendo transformações significativas nos aspectos sociais, culturais e comportamentais. Nesse contexto, a Informática destaca-se como uma importante ferramenta no campo educacional, sendo cada vez mais incorporada aos processos de ensino e aprendizagem. Sua crescente utilização no meio social contribui para a reconfiguração do ambiente escolar, promovendo mudanças estruturais e funcionais que exigem uma reavaliação das práticas pedagógicas tradicionais frente às novas demandas da era digital.
No entanto, houve época em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje já existe consenso quanto à sua importância, o que vem sendo questionado é da forma com que essa introdução vem ocorrendo. Os novos tempos chegam iniciando um período no qual ter conhecimento sobre a tecnologia facilita novas informações.
Com isso o computador passou a ser acessível a uma boa parte da população e à maioria das empresas, por isso seu uso passou a ser valorizado. Segundo Moran (2007, p.38), “as tecnologias podem ampliar o espaço e o tempo da aprendizagem, tornando a educação mais participativa, interativa e integrada ao cotidiano dos alunos.” Com essas mudanças, as escolas teve-se a necessidade de se adaptar ao uso do computador, assim, na área da educação, a informática vem ganhando cada vez mais espaço nos ambientes de ensino/aprendizagem e facilitando a busca do conhecimento.
Além de auxiliar nos estudos, a informática pode ser aplicada na integração entre os alunos e no estímulo ao aprendizado. A integração das escolas, a disponibilização de serviços via Internet e a criação de um canal de comunicação entre escola e família constitui uma ferramenta poderosa para a melhoria da qualidade do ensino. Ao mesmo tempo, é preciso refletir sobre os desafios e responsabilidades que surgem dessa integração entre escola, tecnologia e sociedade, garantindo uma formação crítica e consciente dos alunos diante do mundo digital.
REVISÃO DE LITERATURA: INTERFERENCIAS DA TECNOLOGIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Vivemos em uma era marcada por rápidas transformações tecnológicas que impactam diretamente todos os setores da sociedade, incluindo a educação. A escola, como espaço formador de cidadãos, não pode se manter alheia a essas mudanças. O uso das tecnologias digitais no ambiente escolar tem se mostrado uma ferramenta poderosa para enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, promovendo maior interação, autonomia e acesso à informação.
A informática hoje é essencial, pois exerce um papel fundamental na educação, tem se tornado uma aliada essencial na transformação do processo educacional. Com o avanço das tecnologias digitais, alunos e professores passaram a ter acesso facilitado a uma ampla gama de conteúdos e ferramentas que potencializam a aprendizagem. Plataformas online, jogos educativos, vídeos e recursos interativos tornam o ensino mais dinâmico, personalizado e acessível. De acordo com Fróes (2012, p.4),
Os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como alguém pode registrar seu pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito ou mesmo datilografado, provocando no indivíduo uma forma diferente de ler e interpretar o que escreve, forma esta que se associa, ora como causa, ora como consequência, a um pensar diferente.
Isso mostra que o uso consciente e planejado da informática favorece o desenvolvimento de várias habilidades no indivíduo. A tecnologia, quando bem utilizada, pode enriquecer significativamente o processo de ensino e aprendizagem. Ela oferece recursos que estimulam a criatividade, a colaboração, o pensamento crítico e a autonomia dos estudantes. Plataformas digitais, aplicativos educacionais, ambientes virtuais de aprendizagem e o uso da inteligência artificial são apenas alguns exemplos de ferramentas que podem ser integradas às práticas pedagógicas para torná-las mais dinâmicas e eficazes.
Vai um pouco mais além, quando coloca seres-humanos-com-mídias dizendo que os seres humanos são constituídos por técnicas que estendem e modificam o seu raciocínio e ao mesmo tempo, esses mesmo seres humanos estão constantemente transformando essas técnicas (BORBA 2001, p.46).
Partindo deste princípio, a informática contribui para a inclusão digital e social, possibilitando que estudantes de diferentes realidades tenham acesso ao conhecimento. No entanto, é importante destacar que o sucesso dessa integração depende da formação adequada dos educadores e do investimento em infraestrutura tecnológica nas escolas.
A partir do momento que usamos e entendemos a Informática, como sendo ela, uma ferramenta que não devemos usar simplesmente para apresentar um conteúdo, estamos se submetendo as mudanças que esta pode nos proporcionar. Conforme ressaltado por Fróes (2012), “a tecnologia molda nossa cultura e transforma o ambiente em que vivemos, reestruturando a sociedade de maneiras fundamentais” (Fróes, 2012, p. 15).
Paralelamente à busca da informática por compreender os métodos e processos de ensino aprendizagem para melhor servir aos objetivos destes, há uma necessária revisão e avaliação dos embasamentos teórico-práticos que alicerçam as atividades escolares. Dessa revisão e avaliação surge a proposta da educação integral, que consiste em desenvolver no educando, dentre outras coisas: criatividade, autonomia, cooperação, criticidade, competências, cidadania. A autora acrescenta ainda, Borba (2001, p. 4).
Os novos cenários […] requerem que o aprendiz, ao lado de uma sólida formação básica, desenvolva a autonomia, a capacidade de resolver problemas e a criatividade. Associado a essas habilidades, outras também estão sendo requeridas, como flexibilidade, criticidade, mudanças de valores, visão da totalidade, integradas à formação de competências cognitivas e sociais da população no sentido de preparar o indivíduo para uma nova cidadania […]
No dizer da autora a escola a ser construída não deve ser um espaço único, mas fundamental na preparação do ser para a vida, na relação consigo mesmo, com a natureza e com a sociedade, deve ser espaço de formação e vivencia da cidadania, considerando a capacidade humana de interagir com os elementos do entorno de forma ativa. Assim, em resposta à necessidade de desenvolver no educando as habilidades apontadas pelos estudos contemporâneos sobre a educação brasileira, surge a proposta de construção de uma escola onde haja, por exemplo, o desenvolvimento e a utilização dos recursos da informática no ambiente educacional escolar.
A educação tem sido amplamente discutida como um dos principais pilares para o desenvolvimento social e econômico de um país. Nesse contexto, torna-se fundamental refletir sobre os processos de aprendizagem, especialmente à luz dos avanços tecnológicos. A incorporação das tecnologias digitais no ambiente educacional representa uma importante estratégia para a promoção de uma educação mais eficaz e significativa, particularmente no que se refere à leitura e à escrita. Segundo Fróes (2012, p. 4), os meios digitais, como a multimídia e a internet, “trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir”, possibilitando novas maneiras de aprender e ensinar que ampliam o potencial pedagógico da escola.
Com base nas discussões anteriores e considerando os desafios enfrentados pela educação na contemporaneidade, observa-se que a aprendizagem da leitura e da escrita tem sido significativamente transformada com o uso de novas tecnologias. Esses recursos inovadores têm contribuído para que o processo deixe de ser um ato meramente mecânico, tornando-se mais dinâmico, interativo e contextualizado. No entanto, é essencial que a criança compreenda o propósito da leitura e da escrita, reconhecendo sua importância como instrumento de comunicação, expressão e construção do conhecimento.
INFORMÁTICA COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO GLOBAL
O principal objetivo, defendido hoje, ao adaptar a Informática ao currículo escolar, além de sua utilização como instrumento de apoio às matérias e aos conteúdos lecionados, tem a função de preparar os alunos para uma sociedade informatizada.
Jonassen (1996- p27) classifica a aprendizagem em:
Aprender a partir da tecnologia em que a tecnologia apresenta o conhecimento, e o papel do aluno é receber esse conhecimento, como se ele fosse apresentado pelo próprio professor;
Aprender acerca da tecnologia, em que a própria tecnologia é objeto de aprendizagem;
Aprender através da tecnologia, em que o aluno aprende ensinando o computador (programando o computador através de linguagens como BASIC ou o LOGO);
Aprender com a tecnologia, em que o aluno aprende usando as tecnologias como ferramentas que o apoiam no processo de reflexão e de construção do conhecimento (ferramentas cognitivas). Nesse caso a questão determinante não é a tecnologia em si mesma, mas a forma de encarar essa mesma tecnologia, usando-a, sobretudo, como estratégia cognitiva de aprendizagem.
Nesta linha de pensamento, a aprendizagem mediada pelas tecnologias permite o acesso a informações de forma rápida, interativa e personalizada. Plataformas online, vídeos, jogos pedagógicos, aplicativos e ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam que os alunos explorem o conhecimento de maneira dinâmica e mais próxima da sua realidade. Além disso, o uso da tecnologia na educação desenvolve habilidades importantes para o século XXI, como o pensamento crítico, a autonomia, a criatividade e a colaboração. Os estudantes se tornam protagonistas do seu processo de aprendizagem, podendo aprender no seu ritmo e de forma mais envolvente.
Para Flores (1996- p.28) “A Informática deve habilitar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino/aprendizagem, enfim ser um complemento de conteúdos curriculares visando o desenvolvimento integral do indivíduo.” Diante disso, a escola, enquanto instituição social e educativa enfrenta o desafio de se adaptar a essas transformações e de preparar os alunos para atuarem de maneira crítica e consciente nesse novo contexto.
Para Santos Vieira (2002 p.83) dizem: “As profundas e rápidas transformações, em curso no mundo contemporâneo, estão exigindo dos profissionais que atuam na escola, de um modo geral, uma revisão de suas formas de atuação.”. A escola precisa preparar cidadãos capazes de lidar com as complexidades do mundo contemporâneo, de resolver problemas, de se comunicar de forma eficiente e de atuar com ética nas redes e nos diversos contextos sociais.
De acordo com Levy (1994-p.96),
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das comunicações e da Informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturadas por uma Informática cada vez mais avançada.
Neste contexto, as relações entre escola, tecnologia e sociedade são interdependentes e complexas. A integração consciente da tecnologia à educação deve estar alinhada aos valores humanísticos, ao respeito à diversidade e à construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Cabe à escola o papel de formar indivíduos preparados não apenas para o mercado de trabalho, mas também para o exercício pleno da cidadania em um mundo cada vez mais digital.
Para finalizar, Borba (2001-p19), enfatiza que: “O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma ‘alfabetização tecnológica”. Segundo o autor, as escolas devem proporcionar um aprendizado diferenciado das novas mídias e não como um mero curso de informática. No entanto, é fundamental que o uso das tecnologias na educação seja feito de forma consciente e planejada, com o apoio de professores e responsáveis. A tecnologia sozinha não garante a aprendizagem, mas, quando bem utilizada, pode enriquecer significativamente o processo educativo e aproximar o aluno de novos saberes e experiências.
INTERDICIPLINARIEDADE
Com o passar do tempo, algumas escolas, percebendo o potencial dessa ferramenta introduziram a Informática educativa, que, além de promover o contato com o computador, tinha como objetivo a utilização dessa ferramenta como instrumento de apoio às matérias e aos conteúdos lecionados.
Entretanto esse apoio continuava vinculado a uma disciplina de Informática, que tinha a função de oferecer os recursos necessários para que os alunos apresentassem o conteúdo de outras disciplinas.
No mundo tecnológico em que vivemos, a Informática é uma das peças principais. Percebe-se que a maioria das escolas ignora essa tendência tecnológica, do qual fazemos parte; e em vez de levarem a Informática para toda a escola, colocam-na circunscrita em uma sala, presa em um horário fixo e sob a responsabilidade de um único professor. Para Moran (2007, p.9), “Nossa vida interligará cada vez mais as situações reais e as digitais (…). Ter acesso contínuo ao digital é um novo direito de cidadania plena.” Cerceia assim, todo o processo de desenvolvimento da escola como um todo e perdem a oportunidade de fortalecer o processo pedagógico.
Diante dessa nova situação, é importante que o professor possa refletir sobre essa nova realidade, repensar sua prática e construir novas formas de ação que permitam não só lidar, com essa nova realidade, como também construí-la. Para que isso ocorra, o professor tem que ir para o laboratório de informática dar sua aula e não deixar o técnico do laboratório fazer isso por ele. Como diz Govêa (1999, p.35)
O professor será mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um professor, que um dia, introduziu o primeiro livro numa escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o conhecimento – sem deixar as outras tecnologias de comunicação de lado. Continuaremos a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora também pelo computador, pela informação em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que vão se aprofundando às nossas vistas.
Neste sentido, vê-se que aprender é um ato que se dá a partir de um conhecimento, que se resulta em uma aproximação com a realidade, na qual o indivíduo se conecta com o processo de compreensão, tornando-se capaz de refletir sobre o que aprendeu, tendo a possibilidade de interpretar de forma crítica a realidade. Assim, com a transformação do conhecimento, o educando se torna capaz de entender o significado do real, ordenando suas representações reflexivas e críticas. Compreende-se que aprender não é somente uma cópia das transformações do conhecimento, mas na verdade é uma construção do real que reflete no desenvolvimento cognitivo, onde as crianças passam a entender o significado das coisas e ordenar suas representações adequadamente. Sendo que é um processo em que se dá a partir do desenvolvimento crítico do conhecimento. No dizer de Fazenda (1993: p.64):
A atitude interdisciplinar não está na junção de conteúdos, nem na junção de métodos; muito menos na junção de disciplinas, nem na criação de novos conteúdos produtos dessas funções; a atitude interdisciplinar está contida nas pessoas que pensam o projeto educativo. Qualquer disciplina, e não especificamente a didática ou estágio, pode ser a articuladora de um novo fazer e de um novo pensar a formação de educador.
Vendo o método de aprender como uma ação refletidora, o autor acima mencionado estabelece característica que diferencia o aprender e o conhecer, dando a compreender que a aprendizagem acontece a partir do momento em que se sabe como chegar ao objetivo proposto e desejado.
Portanto recomenda-se que a escola se estruture a fim de atender as necessidades dos alunos e professores, e ainda que o professor reflita sobre sua prática pedagógica, fazendo com que cada momento da escola se torne uma situação de conhecimento, oportunizando assim ao educando momentos prazerosos de aprendizagem. Em suma para que os desafios sejam vencidos, é necessário que a escola inclua a tecnologia em seu projeto pedagógico.
VANTAGENS DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
Antes dos recursos computacionais serem, efetivamente dispostos no ambiente educacional escolar, é absolutamente necessário avaliar se esse proceder pode contribuir para a melhoria da qualidade das atividades desenvolvidas na escola, portanto, faz-se preciso avaliar, cuidadosamente, a viabilidade de inserção dos computadores nas salas de aula.
O uso das máquinas de processamento na educação implica inúmeros requisitos: dispêndios econômicos para aquisição dos equipamentos e programas, assim como para montagem dos laboratórios; capacitação dos professores para o manuseio das máquinas; elaboração de estratégia para utilização dos recursos disponibilizados, dentre outros.
Assim sendo, é inquestionável a necessidade de análise da viabilidade do uso dos computadores em sala de aula para avaliar se os benefícios resultantes desta prática fazem jus aos esforços exigidos, principalmente quando tratamos de escolas públicas, carentes em todos os aspectos.
Vale ressalvar que as possíveis vantagens de uso dos computadores na educação escolar, apontadas neste capítulo, não são garantidas pela simples chegada de máquinas e programas às salas de aula; são frutos da utilização consciente e criteriosa da informática na escola.
“pela primeira vez na história, a tecnologia da dominação é mais conhecida pelo “dominado”. Em outros termos: até hoje o professor trazia o saber, a norma culta, a escrita “correta”, para os não letrados… Hoje, ocorre um paradoxo: aquele a ser educado é o que melhor domina os instrumentos simbólicos do poder, o aparato de maior prestígio: as tecnologias.” (RAMAL, 2000, p.28).
Programas de cunho educativo ou mesmo os aplicativos de escritório comuns podem ser utilizados como instrumentos de ensino em sala de aula. O ensino de informática, propriamente dito, tem se tornado cada vez mais importante à medida em que a tecnologia passa a integrar nosso dia-a-dia, cada vez mais. Por fim, a informática pode não estar envolvida diretamente com a aula, mas constitui a infraestrutura que facilita e suporta a educação.
Portanto, a escola encontra-se inserida no contexto da influência das novas tecnologias, com isso, há necessidade de educar os alunos para um mundo em que a evolução tecnológica e todas as descobertas definem os limites do saber e aprender. A Informática Educativa significa, Pois a inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem, dos conteúdos passados pelos profissionais educadores, em todos os níveis e séries e com isso, capacita o aluno a explorar uso da mesma, tendo em vista o papel de cidadão.
O corpo docente da escola que se prepara para ser repensada e para implantar as ferramentas computacionais em sua prática educacional precisa de capacitação para bem explorar os novos ambientes de trabalho e para contribuir com o processo de reformulação.
O professor é peça-chave na estrutura de transformação da escola desencadeada pelos questionamentos levantados no estudo de inserção das máquinas de processar no ambiente escolar, pois é o fomentado r natural da mudança na prática educacional, principalmente, em virtude do seu papel mediador entre alunos e administradores.
E para fomentar mudanças o professor precisa rever suas posturas, reavaliar seus propósitos, remodelar as ferramentas; o docente precisa reestruturar-se, o que requer estudo, análise e esforço; em uma palavra: preparar o professor representa a base de todo o trabalho. Sem o seu envolvimento, pouco se pode realizar.
É preciso estudar, ter iniciativa, e aprender-executar-refletir sobre o aprendido. Modificar o que for necessário. Exige-se, nesse processo, abertura, ousadia, colaboração e dedicação […]. É ele quem orienta as investigações dos alunos, incentiva o modo como cada aluno constrói seu próprio conhecimento.
Segundo FREIRE, (1998, p. 60).
[…]. O professor envolve-se em um processo que o mobiliza internamente: aprender uma coisa nova leva-o a instaurar um diálogo consigo mesmo. Aprender, atuar com os alunos, analisar sua ação pedagógica e modificá-la permite-lhe, com o passar do tempo, desenvolver uma metodologia de trabalho própria constantemente aberta a novas reformulação.
Freire suscita o questionamento a necessidade da escola repensar e construir espaço para a capacitação continuada dos professores, promovendo eventos, reservando horário e adquirindo ou facilitando a aquisição de materiais de apoio, oferecendo subsídio teórico metodológico práticos para que os professores compreendam o potencial pedagógico dos recursos tecnológicos no ensino aprendizagem nas escolas.
EQUIPAR A ESCOLA
Estudada e deliberada à forma de inserção e uso dos computadores em sala de aula, é passo indispensável, no processo de adoção dos recursos da informática no ambiente educacional escolar, equipar a escola. Nessa tarefa, o ideal é que os agentes escolares tenham o apoio de profissionais da área de informática para elaboração das especificações dos equipamentos físicos a serem adquiridos, pois os avanços nessa área são significativamente velozes, geralmente impossibilitando a elaboração de projetos com validade média superior a seis meses. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017, p. 53) “A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças”. É importante ressalvar que a escola, dependendo das atividades que pretende desenvolver com o uso dos computadores, não precisa dos equipamentos mais sofisticados, nem de todos os componentes disponibilizados pela informática. Também é fundamental definir os programas computacionais a serem providenciados.
Não se pode presumir que a simples chegada de máquinas e softwares às salas de aula garantirá, automaticamente, melhorias educacionais. Conforme abordado por Silva (2015, p. 87), “dependendo da forma de uso das máquinas de processamento em sala de aula, tutoriais, programas de automação de escritórios, de simulação ou de exercício e prática deverão ser adquiridos”. Isso evidencia a necessidade de planejamento e adequação pedagógica para que o uso das tecnologias seja de fato significativo.
Além disso, o autor ressalta que, “para o funcionamento de todo e qualquer computador, seu usuário precisa contar com um programa denominado sistema operacional, responsável pelo gerenciamento da comunicação dos outros programas com o hardware” (SILVA, 2015, p. 88). Tal observação reforça a importância do conhecimento técnico mínimo necessário por parte dos usuários, inclusive dos professores, para que possam explorar adequadamente os recursos computacionais disponíveis.
Quanto às especificações dos programas, precisam ser observados, principalmente: empresa produtora, registro, garantia de originalidade, compatibilidade com o hardware disponível e restrições da licença de uso. É preciso atentar ainda para a infraestrutura da edificação do laboratório, que deve obedecer às normas e recomendações de segurança como: sistema de ar refrigerado, instalações elétricas, mobília e iluminação adequadas, dentre outras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
Diante das reflexões apresentadas ao longo deste estudo, torna-se evidente que a integração das tecnologias digitais, em especial o uso dos computadores em sala de aula, deve ser objeto de criteriosa análise quanto à sua viabilidade e efetividade. Tal avaliação é ainda mais relevante no contexto das escolas públicas, frequentemente marcadas por carências estruturais, pedagógicas e de formação docente.
A simples presença de equipamentos e programas tecnológicos não garante, por si só, a melhoria da qualidade da educação. As possíveis vantagens destacadas ao longo deste trabalho são frutos do uso consciente, planejado e pedagogicamente orientado dos recursos informáticos no ambiente escolar. É fundamental, portanto, que a inserção dessas tecnologias esteja articulada a um projeto pedagógico claro, que considere as especificidades da comunidade escolar, as demandas dos estudantes e a formação continuada dos profissionais da educação. Como defendem Kenski (2012) e Moran (2007), o papel do professor permanece central nesse processo, atuando como mediador da aprendizagem e orientador da construção do conhecimento. As tecnologias digitais devem ser vistas como ferramentas complementares, capazes de enriquecer as práticas pedagógicas, mas nunca de substituir a intencionalidade e a ação reflexiva do educador.
Portanto, é inquestionável a necessidade de analisar cuidadosamente a viabilidade da utilização dos computadores em sala de aula, a fim de verificar se os benefícios dessa prática justificam os investimentos e os esforços demandados. Trata-se de um compromisso não apenas técnico, mas essencialmente pedagógico e ético, com vistas à promoção de uma educação de qualidade, equitativa e significativa para todos.
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