Início » AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E O BULLYING: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO

AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E O BULLYING: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO

por Rebecca Franco de Andrade
a person in a garment

AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E O BULLYING:
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO

 

THE CONSEQUENCES OF SCHOOL VIOLENCE AND BULLYING:
STRATEGIES FOR PREVENTION AND COPING

 

 

Rebecca Franco de Andrade1
Orientadora: Dra. Marlene Marques²

 

RESUMO
Com este artigo se objetiva compreender o fenômeno da violência escolar e o bullying
no ambiente escolar e as possíveis estratégias de enfrentamento deste problema. O
espaço escolar é um dos mais discutidos no meio acadêmico sobre a temática do
bullying. Esta é uma expressão que define o comportamento agressivo entre pares,
seja nos estabelecimentos educativos ou em outros ambientes onde as crianças e
adolescentes passam uma quantidade significativa de tempo. O bullying ocorre
quando um aluno é repetidamente assediado, intimidado e agredido por outro aluno
ou um grupo de estudantes. Essas manifestações provocativas podem afetar a saúde
física e psicológica de quem sofre. Contudo, não afeta apenas a vítima, mas também
os agressores, uma vez que aumenta a probabilidade de realizarem atos antissociais,
a escola e a comunidade, pois favorece a criação de um clima generalizado de medo
e insegurança. O bullying pode ocorrer e ocorre em quase todas as instituições
escolares; por essa razão há uma necessidade de as escolas se conscientizarem do
problema e desenvolverem um programa anti-bullying que possa capacitar os
professores, os alunos, as famílias e todos os envolvidos no funcionamento da escola
sobre como prevenir e/ou reduzir esses comportamentos, bem como ajudar os alunos
a minimizar seu impacto. Para a escrita deste trabalho se utilizou como metodologia
uma revisão bibliográfica sobre o tema abordado.

 

Palavras-chave: Violência escolar; Bullying; Consequências.

 

ABSTRACT
This article aims to understand the phenomenon of school violence and bullying within
the school environment and the possible strategies for addressing this problem. The
school space is one of the most discussed within academia regarding the theme of

1 Artigo publicado na EBWU no Curso de Mestrado em Ciências da Educação como trabalho de
nivelamento de estudos das disciplinas básicas. Formada em Pedagogia e Mestranda em Ciências da
educação pela EMIL BRUNNER. Pós-graduada em educação inclusiva. Email: rebecca.rfa@gmail.com
² Orientadora Dra. Marlene Marques. Doutora em Ciências da Educação. Docente na EBWU. Email:
leninhamrp@gmail.com

bullying. This term refers to aggressive behavior among peers, whether in educational
institutions or in other environments where children and adolescents spend a
significant amount of time. Bullying occurs when a student is repeatedly harassed,
intimidated, and assaulted by another student or a group of students. Such provocative
manifestations can affect the physical and psychological health of the victim. However,
it does not only affect the victim but also the aggressors, as it increases the likelihood
of engaging in antisocial acts, as well as the school and the community, since it
contributes to the creation of a generalized climate of fear and insecurity. Bullying can
and does occur in almost every school institution; for this reason, schools need to be
aware of the problem and develop an anti-bullying program that can train teachers,
students, families, and all those involved in the functioning of the school on how to
prevent and/or reduce such behaviors, as well as help students minimize their impact.
For the writing of this paper, a bibliographical review on the subject was used as the
methodology.
Keywords: School violence; Bullying; Consequences.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Durante muitas gerações as crianças tenham sido repetidamente ameaçadas,
agredidas, humilhadas ou rejeitadas por outras crianças, somente há pouco tempo se
passou a tomar consciência de que esse tipo de comportamento, que atualmente é
denominado bullying ou maus-tratos entre crianças e adolescentes, é intolerável, pois
representa uma agressão gratuita, cruel e recorrente de pessoas mais fortes ou com
mais poder contra outras mais fracas ou com menos poder real ou percebido.
Embora, esse comportamento represente um subtipo de conduta violenta,
tradicionalmente não foi considerado dessa forma e, por diferentes razões, nem
sequer constituiu motivo de queixa nas instituições de ensino por parte de professores,
pais ou mesmo dos próprios alunos que o sofrem. Uma questão importante nesse
sentido está na definição do conceito de violência.
De acordo com Fante (2015), o conceito de violência escolar deve ser definido
de forma ampla, para incluir qualquer condição ou ato que crie um clima no qual
estudantes e professores sintam medo ou intimidação, além de serem vítimas de
agressão, roubo ou vandalismo. Incluir o bullying na definição de violência amplia
significativamente a análise sobre suas consequências (já que não afetam apenas as
pessoas que o sofrem de forma direta ou indireta, mas também o clima escolar) e o
debate sobre o tema da violência e da segurança nas escolas, tradicionalmente mais
centrado em problemas de agressões, roubos e vandalismo.

É importante destacar que, de acordo com dados de diversas pesquisas, o
bullying pode ser a forma mais prevalente de violência nas escolas e uma das que
afeta um maior número de estudantes. De acordo com Beaudoin e Taylor (2016), o
estudo sistemático do bullying passou a ser desenvolvido no início da década de 1970,
restrito à Escandinávia. Mas a preocupação pública com esse problema se intensificou
na Noruega, no final de 1982, quando foi divulgado na imprensa que três meninos de
10 a 14 anos haviam se suicidado em consequência do grave assédio ao qual eram
submetidos por seus colegas de classe.
Em 1983, o Ministério da Educação norueguês lançou uma campanha nacional
contra esses problemas nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Posteriormente,
a partir do final da década de 1980 e início da seguinte, o fenômeno despertou o
interesse de pesquisadores de muitos países. Assim, no conjunto de Estados que
compõem a União Europeia, atualmente existe um amplo conhecimento sobre a
incidência, a prevalência e a tipologia do bullying escolar (Beaudoin e Taylor, 2016).
No Brasil, o fenômeno passou a ganhar maior interesse a partir da década de 1990,
quando foram realizadas algumas pesquisas em diferentes regiões, além de estudos
nacionais.
De acordo com Felizardo (2024), no Brasil, ainda não existe um tratamento
sistemático do bullying por parte das instituições educacionais, embora algumas
iniciativas e atividades tenham sido implementadas em determinadas instituições de
ensino, geralmente dentro de estratégias mais amplas de tratamento de conflitos.
Assim como na Noruega, o interesse por esse tema ganhou força a partir da comoção
provocada pelo suicídio, em setembro de 2004, de um adolescente de 14 anos que
sofreu o assédio e as humilhações de seus colegas de escola.
O assédio, a intimidação e a ameaça – em uma palavra, o bullying – fazem
parte de uma contínua vitimização que pode começar com piadas às custas de outra
pessoa, minando sua autoestima por meio de acusações, ridicularização e
humilhação, podendo terminar, em alguns casos, em morte por homicídio ou suicídio.
Esse tipo de comportamento tem consequências importantes a curto, médio e longo
prazo para todas as pessoas envolvidas. Por isso, é fundamental dispor de
informações e elaborar estratégias necessárias para preveni-lo e, uma vez iniciado,
interrompê-lo e ajudar a reduzir suas consequências emocionais, físicas e sociais nas
pessoas afetadas.

Diante desse cenário, o objetivo geral deste estudo é compreender as
consequências da violência escolar e do bullying, com destaque para estratégias de
enfrentamento deste problema. Como objetivos específicos, pretende-se:
compreender o conceito de bullying e de que forma este se manifesta no contexto
escolar; identificar as principais causas que levam à prática desse tipo de violência
entre estudantes; analisar as características e as consequências do bullying tanto para
quem sofre quanto para quem pratica; discutir a ocorrência do problema nas escolas;
e, por fim, refletir sobre as possibilidades de intervenção e as estratégias de prevenção
que podem ser adotadas para reduzir seus efeitos.
O problema de pesquisa que norteia este trabalho pode ser formulado da
seguinte maneira: quais são as principais consequências do bullying no contexto
escolar e de que forma a escola pode intervir para reduzir seus efeitos? A metodologia
utilizada é a pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de materiais publicados em
livros e artigos científicos, os quais possibilitam uma análise teórica e reflexiva sobre
o tema.

 

2 COMPREENDENDO O CONCEITO DO BULLYING

 

O bullying é definido como um abuso de poder sistemático, repetido e
deliberado. Mais especificamente, entende-se o bullying como uma forma de maus-
tratos e intimidação entre iguais, crianças e adolescentes. De acordo com Fante
(2015), trata-se de uma conduta agressiva intencional e persistente ao longo do tempo
contra a mesma pessoa. Há, portanto, uma intencionalidade negativa: causar dano a
alguém repetidamente, dentro de uma relação interpessoal caracterizada pelo
desequilíbrio de poder e que ocorre sem provocação por parte da vítima.
Conforme Ruotti, Alves e Cubas (2016), esse comportamento pode ser
praticado por uma pessoa ou por várias, e em muitos casos envolve processos de
grupo. O bullying é, essencialmente, uma conduta de abuso de poder que transforma
o outro em objeto, em meio de diversão ou como espaço para projetar aspectos
negativos. Inclui uma ampla variedade de condutas nas quais existe desequilíbrio de
poder ou força, real ou percebida, entre o agressor e a vítima.
O bullying pode ser direto ou indireto, ativo ou passivo, e geralmente assume
três formas: físico (bater, chutar, cuspir, empurrar, destruir, esconder ou apropriar-se
de pertences), verbal (zombarias, piadas de mau gosto, apelidos e ameaças) e

psicológico (espalhar rumores desagradáveis, manipular relações sociais, praticar
exclusão social, extorsão ou intimidação). O bullying também pode estar relacionado
a diferentes formas de perseguição, isolamento social e intimidação, incluindo atos
hostis contra minorias raciais e étnicas, assim como contra jovens homossexuais
(Beaudoin e Taylor, 2016).
Uma briga ou agressão entre crianças e adolescentes de força real ou
percebida equivalente não se enquadra como bullying. O que caracteriza um episódio
de bullying é a intenção deliberada de causar dano, a repetição ao longo do tempo e
a dificuldade das vítimas em se defender (Fante, 2015).
Com base nessa definição, a lista de condutas de bullying é bastante extensa.
O assédio, a intimidação e o abuso não se limitam ao contexto escolar; ao contrário,
o chamado cyberbullying utiliza as tecnologias da informação e da comunicação para
agredir de forma impune e com potencial de difusão global. Para Felizardo (2024),
hoje, a vítima pode ser atacada por meio de ligações de celular, mensagens de texto,
envio de fotos ou vídeos ofensivos, divulgação de imagens constrangedoras (em que
a vítima é atacada enquanto um cúmplice grava a agressão, geralmente com celular),
e também por e-mail, chats, páginas difamatórias, redes sociais, enquetes online e
outros meios. O objetivo permanece o mesmo, mas busca-se alcançá-lo de maneira
mais rápida, perversa e agressiva.
O bullying costuma começar no Ensino Fundamental e se prolongar no Ensino
Médio. Nas situações concretas de violência e intimidação, as agressões podem
ocorrer entre dois alunos, entre um aluno e um grupo, ou até entre dois grupos, tanto
masculinos quanto femininos ou mistos. O mais comum é que um aluno sofra
agressões e intimidações de outro colega (ou, em menor número, de uma colega), ou
de um grupo da própria turma (Silva, 2010).
Esses episódios fazem parte de um processo lento e insidioso que acontece
em um ambiente físico e/ou virtual específico. Assim, salas de aula, corredores,
banheiros, pátios e entradas e saídas da escola são locais frequentes de agressão,
que vão se expandindo conforme o processo de vitimização se consolida ao longo de
dias, semanas e até anos. Para as vítimas, é extremamente difícil se defender
(Tognetta, 2020).
As condutas de bullying tendem a se repetir continuamente e podem durar
muito tempo, a menos que se adotem medidas para detê-las. Uma das principais
características dessa forma de violência é que não ocorre de maneira casual ou

aleatória, mas sim de forma intencional, contínua e progressiva. Maldonado (2011, p.
34) apresenta um esquema que ilustra o processo de vitimização:

 

brincadeiras às custas de outra pessoa (piadas, travessuras, histórias
jocosas); acusações (atribuição de culpa, críticas, encontrar defeitos,
responsabilizar a vítima); ridicularização (apelidos, sarcasmo, zombarias,
ofensas à família); humilhação (ataques pessoais em público); abuso físico
(empurrões, tapas, socos, agressões diversas); “bode expiatório”
(transformar alguém em alvo de ataques grupais sistemáticos em várias
formas); sacrifício (que pode culminar em morte por homicídio ou suicídio).

 

Segundo Fante (2015), o processo de vitimização, assim como ocorre em
outros tipos de abuso de poder, como a violência doméstica, começa com práticas
que não se limitam à agressão física. São condutas recorrentes que buscam ferir
sentimentos e minar a confiança e a autoestima do outro por meio de palavras, ações
ou exclusão social. Em pouco tempo, essas práticas passam a se repetir com maior
frequência, em mais contextos, e com uma gama mais variada de condutas.
Para um observador externo, muitas dessas ações podem parecer de pouca
importância. No entanto, pesquisas com professores mostram que há tendência em
subestimar a frequência e a gravidade do bullying, devido ao conhecimento
insuficiente sobre as condutas envolvidas (Felizardo, 2024). Condutas verbais diretas,
como apelidar, ou indiretas, como espalhar boatos e promover exclusão social,
frequentemente não são consideradas bullying. Porém, uma das formas mais
persistentes e duradouras é justamente a atribuição de apelidos.
As práticas comunicativas são utilizadas como meio de causar dano
intencional, valendo-se de verbalizações ofensivas reconhecidas pelos grupos de
referência, para destruir a autoestima da vítima. Nas palavras de Silva (2010), a
avaliação dessas condutas, especialmente nos estágios iniciais, depende não apenas
do conhecimento sobre elas ou da sensibilidade e empatia para reconhecer o dano
sofrido pela vítima, mas, sobretudo, do nível de tolerância do sistema em que ocorrem.
Esse aspecto é muito importante e gera consequências para as formas de
intervenção. O limite de tolerância deve ser zero, ou seja, tais condutas não devem
ser aceitas e precisam ser interrompidas assim que surgem.
No entanto, ocorre que muitas práticas de bullying são difíceis de detectar por
professores e pais, porque algumas delas são sutis e disfarçadas, e também porque
as vítimas não costumam relatá-las. Isso acontece por diferentes razões, entre elas o
medo de se sentirem ainda mais vulneráveis diante de si mesmas, dos pais, amigos

e demais pessoas próximas que poderiam intervir, mas que muitas vezes não
acreditam poder ajudar. A ausência de preparo do corpo docente e de normas
específicas também dificulta esse processo (Fante, 2015).
Tognetta (2020) explica que ainda assim, é comum que apenas uma pequena
parcela dos alunos mais jovens relate os episódios aos pais ou a algum amigo.
Estimular a circulação dessas informações faz parte da intervenção necessária dentro
da instituição escolar, em diferentes etapas de ensino.

 

3 AS CAUSAS DO BULLYING

 

Não existe uma única razão que explique por que alguns meninos e meninas
se tornam agressores ou vítimas. Trata-se, na realidade, de um conjunto de variáveis
familiares, escolares, sociais, culturais e pessoais que podem favorecer ou prevenir
os comportamentos de bullying. Alguns autores como Abramovay (2012) consideram
que o determinante mais importante da conduta de bullying é o contexto em que
ocorre.
Foi destacada a maior probabilidade de que aqueles que sofrem
comportamentos agressivos venham a se tornar agressores. Muitas vezes, essas
crianças foram testemunhas ou vítimas de violência em sua própria casa. Costumam
escolher como alvo outros colegas que apresentam alguma diferença em relação a
eles, como aqueles mais calados, tímidos, solitários no recreio ou com dificuldade
para se defender. Crianças com alguma deficiência ou necessidades educacionais
especiais também apresentam maior risco de serem vítimas de bullying (Souza e
Junior, 2019).
De modo geral, o agressor seleciona suas vítimas entre aqueles que acredita
não serem capazes de denunciá-lo, que não vão reagir com sucesso, que não
possuem amigos, que carecem de vínculos grupais; em resumo, que se encontram
em uma situação de inferioridade real ou percebida (Felizardo, 2024).
Fante (2015) revisa as causas do bullying e da vitimização e conclui que esses
comportamentos são aprendidos em ambientes caracterizados por estilos educativos
familiares marcados pela falta de envolvimento e de afeto dos pais, pela ausência de
limites diante da conduta agressiva e por punições severas e inconsistentes.
Além disso, a frequência do bullying também pode ser explicada por
determinados fatores do contexto escolar, como a supervisão insuficiente do corpo

docente durante os intervalos, a falta de reação dos estudantes que não participam
do bullying, a inexistência de normas claras sobre agressão, a pouca coerência entre
a equipe diretiva e os professores, a reduzida participação de alunos e professores
nos processos de decisão (Silva, 2010). Em síntese, a ausência de uma cultura
preventiva contra o bullying e de programas anti-bullying nas instituições de ensino
contribui para a ocorrência do fenômeno.
O grupo de pares está presente na maioria dos incidentes de bullying,
reforçando ou intensificando os comportamentos do agressor por meio de atitudes
ativas ou passivas. Por esse motivo, é importante considerar as condutas adotadas
pelos espectadores (Abramovay, 2012).
O aprofundamento nas causas do comportamento dos espectadores – entre
elas, a falta de normas e de apoio no contexto escolar, o medo de também se tornarem
vítimas ou a ausência de estratégias eficazes para intervir – possibilitou o
desenvolvimento de estratégias de apoio dirigidas especificamente a esse público. O
objetivo é auxiliar os alunos que observam o bullying e gostariam de ter uma
participação mais ativa em sua prevenção (Souza e Junior, 2019).

 

4 CARACTERÍSTICAS E CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING

 

Atualmente, há evidências empíricas sobre as consequências, tanto a curto
quanto a longo prazo, para todas as pessoas envolvidas em situações de maus-tratos
contínuos e severos entre iguais: o agressor, a vítima (que pode ser uma vítima
exclusiva ou uma vítima que também agride outros) e aqueles que presenciam a
situação sem agir ou dizer nada (os espectadores).
Em uma primeira análise, destaca-se que, no contexto em que ocorre o
bullying, há um tipo de aprendizado baseado na aceitação da agressão e da
intimidação, bem como na negação de ajuda diante de situações de dificuldade. Esse
processo fomenta a insatisfação, a insegurança e a desconfiança no ambiente
educacional, modelando e normalizando comportamentos abusivos nas relações
interpessoais (Ruotti, Alves e Cubas, 2016).
Em segundo lugar, o bullying gera nas vítimas tensão, ansiedade e medo. A
curto prazo, podem ser observados problemas de absenteísmo – a ausência habitual
ou recorrente de uma pessoa em suas atividades regulares na escola, sem uma
justificativa válida – por receio de frequentar a escola, dificuldades de concentração,

alterações psicossomáticas, distúrbios do sono, perda progressiva da autoestima ou
da autoconfiança, ansiedade, dificuldades de adaptação social e de desempenho
acadêmico e, em casos mais extremos, tentativas de suicídio. Por isso, é importante
prestar atenção aos sinais de advertência, conforme explica Maldonado (2011, p. 29).

 

Um menino ou menina que está sendo vítima de bullying pode apresentar
alguns dos seguintes sinais: Recolhimento social: tem poucos ou nenhum
amigo, escassas habilidades sociais. Sente-se isolado, sozinho e triste.
Sente-se rejeitado e não querido. Sente-se perseguido. Queixa-se
frequentemente de doenças. Não quer ir à escola; evita algumas aulas ou
falta às aulas. Leva pertences danificados ou diz que os “perdeu”. Chora
facilmente; apresenta mudanças de humor e fala de desesperança. Fala em
fugir ou em suicídio. Ameaça agredir a si mesmo ou a outros. Mostra
alterações nos padrões de alimentação e sono. Tenta se proteger ao ir para
a escola levando objetos como paus, facas etc. Apresenta sinais externos,
como cabeça baixa, costas curvadas ou evitação do contato visual.

 

A longo prazo, podem surgir baixa valorização pessoal e dificuldades no
estabelecimento de relações de confiança e intimidade. Treviso e Uberti (2016)
também indica uma continuidade geracional na problemática da vitimização, ou seja,
os filhos de pessoas que sofreram maus-tratos na escola apresentam maior
probabilidade de serem vitimizados.
Um menino ou menina que pratica bullying contra outro ou outros pode
apresentar um ou vários dos seguintes sinais, conforme Abramovay (2012, p. 30):

 

Gosta de dominar e/ou manipular os outros. Sente prazer em se sentir
poderoso e em “controlar” a situação (independentemente de realmente
conseguir ou não). Pode demonstrar atitudes de não saber ganhar (gabar-se,
arrogância) nem perder. Parece obter satisfação do medo, do mal-estar ou
da dor dos demais. Tem facilidade em ocultar condutas negativas ou realizá-
las quando os adultos não estão presentes. Estimula-se em situações de
conflito com os outros. Costuma acusar os demais por seus problemas.
Apresenta dificuldades para controlar a raiva. Tem histórico de problemas
disciplinares. Mostra um padrão crônico de conduta agressiva e intimidadora
Demonstra atitudes e comportamentos de intolerância, falta de empatia e
preconceito em relação aos demais. Pode consumir drogas, álcool e fazer
parte de uma gangue.

 

As vítimas de bullying demonstram mais sintomas psiquiátricos e/ou
psicossomáticos do que aqueles que não passaram por tais experiências. Relatam
maiores problemas de sono, desânimo, dores de cabeça e de estômago em
comparação a colegas da mesma idade. Em muitos casos, possuem poucos amigos
e passam a maior parte do tempo sozinhos. Frequentemente apresentam quadros de
depressão e baixa autoestima. Algumas vítimas recorrem a medidas drásticas para

se proteger ou vingar-se da situação diante da qual se sentem indefesas e impotentes,
chegando a utilizar objetos cortantes ou facas. O risco de ideação suicida também é
maior, e a desesperança pode levar ao suicídio. Estudos apontam ainda que adultos
que sofreram bullying na infância e adolescência apresentam níveis mais elevados de
depressão e autoestima mais baixa em comparação a outros adultos (Beaudoin e
Taylor, 2016).
A depressão também é comum entre adolescentes agressores, especialmente
os que acumulam a condição de agressores e vítimas. Em casos extremos, os efeitos
podem ser devastadores e com repercussões a longo prazo. Diversos especialistas
corroboram que uma porcentagem significativa de vítimas também exerce o papel de
agressor (Felizardo, 2017).
No caso dos agressores do sexo masculino, pesquisas apontam uma forte
relação entre a prática do bullying e comportamentos antissociais ou delitivos, como
vandalismo, roubo, uso de drogas e violência (infantil ou adulta) na vida adulta. Não
surpreende, portanto, que em estudos realizados em vários países tenha sido
encontrada alta correlação entre a prática do bullying nos anos escolares e problemas
legais ou criminais na fase adulta (Abramovay, 2012).
Ruotti, Alves e Cubas (2016) constataram que 60% dos casos apresentavam,
pelo menos, um registro criminal até os 24 anos de idade. Agressores crônicos na
infância e adolescência tendem a manter comportamentos abusivos na vida adulta, o
que afeta sua capacidade de desenvolver e manter relações positivas. Também
verificou que esses indivíduos apresentam maior grau de depressão na fase adulta.
Outro aspecto relevante é que, embora a maioria dos estudantes que presencia
situações de bullying não auxilie as vítimas por medo de também ser vitimizada, parte
deles sente desconforto e culpa por sua passividade. Beaudoin e Taylor (2016)
identificam que os espectadores não intervêm por diferentes razões: a pressão dos
pares para não agir, o medo de represálias por parte dos agressores, a falta de
confiança em suas próprias habilidades para apoiar, o receio de rejeição, a ansiedade
de dizer algo inadequado, o alívio de não serem as vítimas ou, em alguns casos, até
o prazer pela desgraça alheia. Em certos casos, isso pode levá-los a negar o que
presenciaram.
Esses fatores reforçam a necessidade de desenvolver intervenções precoces,
com programas de apoio ao grupo de pares, que estimulem a substituição de atitudes
de apatia por posturas de empatia, solidariedade e ajuda às vítimas. Em síntese,

evidencia-se a importância de que a escola reconheça o valor da prevenção, da
detecção precoce e da intervenção imediata frente ao bullying, que compromete não
apenas o aprendizado, mas também a saúde física e psicológica dos estudantes. É
essencial que professores e gestores escolares estejam atentos aos sinais de alerta,
tanto das vítimas quanto dos agressores.
O enfrentamento do bullying deve ser assumido de forma clara e rigorosa pela
escola, de modo a prevenir ou reduzir seus efeitos sobre a adaptação social e escolar
das crianças. Essa abordagem precisa começar ainda na educação infantil, pois tanto
o status social quanto a identificação entre pares já pode ser estabelecida nessa etapa
(Felizardo, 2017).

 

5 A OCORRÊNCIA DO BULLYING NAS ESCOLAS

 

São várias as pesquisas apontam que o bullying é uma das formas de violência
mais comuns nas escolas e atinge um grande número de estudantes. Segundo Fante
(2015), uma parte significativa dos alunos relata já ter se sentido ameaçada ou
intimidada por colegas, especialmente entre os anos finais do ensino fundamental e
os primeiros anos do ensino médio.
Ao considerar a perspectiva de gênero, nota-se que meninos e meninas sofrem
e praticam o bullying de maneiras diferentes. Conforme Treviso e Uberti (2016), os
meninos tendem a praticar formas mais diretas de agressão, como empurrões,
xingamentos ou violência física, enquanto as meninas geralmente utilizam formas
mais indiretas, como espalhar boatos, exclusão social ou apelidos depreciativos.
Outros estudos também indicam que a maioria dos episódios acontece dentro
da própria escola, em locais de convivência como pátios, corredores, salas de aula e
até nos banheiros. Para Silva (2010), isso mostra que o bullying não está restrito a
situações isoladas, mas faz parte do cotidiano escolar, em ambientes muitas vezes
pouco supervisionados.
O bullying verbal aparece como a forma mais recorrente, seguido por práticas
de exclusão social e agressões físicas. Neste aspecto, a palavra é utilizada como arma
para humilhar e ferir a autoestima das vítimas, tornando-se um dos mecanismos mais
persistentes e dolorosos (Abramovay, 2012).
Se faz necessário também considerar a percepção dos espectadores, uma vez
que muitos estudantes que presenciam o bullying não intervêm, seja por medo de

represálias ou por não saberem como agir. Alguns até se unem ao grupo dos
agressores, reforçando o ciclo de violência. Essa omissão pode transmitir a ideia de
que o comportamento agressivo é aceito ou até incentivado pela comunidade escolar
(Treviso e Uberti, 2016).
Com o avanço das tecnologias, também se observa o crescimento do chamado
cyberbullying. A este respeito, Ruotti, Alves e Cubas (2016) afirma que muitos
estudantes relatam já ter sido alvo de ofensas e perseguições em redes sociais,
aplicativos de mensagens e outros meios digitais, o que amplia os efeitos da violência
para além dos muros da escola.
Essas situações revelam que o bullying não é apenas um problema individual
entre vítimas e agressores, mas um fenômeno coletivo o qual envolve todo o ambiente
escolar. Por isso, é de suma importância que professores, gestores e famílias
reconheçam sua responsabilidade no enfrentamento, estes atores escolares possam
criar estratégias de prevenção, diálogo e acompanhamento constante.

 

6 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO

 

A intervenção sobre o bullying não é uma tarefa fácil, fundamentalmente
porque, tal como já foi mencionado, trata-se de uma conduta cujo principal aliado é o
silêncio. Por isso, a primeira iniciativa deve consistir em criar as condições que
impeçam o secretismo no qual se mantém e se reforça. É necessário que as famílias,
os educadores, o alunado, os médicos, os psicólogos, os assistentes sociais e a
Administração disponham da informação e das estratégias necessárias para mudar
suas atitudes e condutas em relação a este fenômeno e favorecer sua prevenção e
tratamento (Abramovay, 2012).
Nos estabelecimentos de ensino é importante a implementação de um
programa global que incorpore o professorado, o alunado e os pais. Assim, conhecer
e tomar consciência do bullying e proporcionar apoio e formação às vítimas, trabalhar
com os agressores e melhorar o clima escolar é o objetivo de uma parte necessária.
Os resultados documentam reduções muito significativas nos níveis de bullying e uma
melhora do clima social do centro educacional (Treviso e Uberti, 2016).

 

6.1 Os Pais

 

Conhecer os “sinais de advertência” do bullying pode ajudar as famílias a
interpretar o que está acontecendo com seus filhos. Levando em conta a dificuldade
que representa tomar a decisão de contar que está sendo vítima de bullying, quando
as vítimas resolvem fazê-lo, muitas vezes já passaram bastante tempo sofrendo em
silêncio e inclusive pode ser que tenham tentado, sem sucesso, resolver o problema
por si mesmas.
As vítimas de bullying podem se sentir envergonhadas e culpadas pelo que lhes
acontece, acreditando que merecem. Além disso, com frequência, têm medo de que
o agressor ou os agressores saibam que relataram a situação e tomem represálias.
Daí a grande importância de que os pais recebam formação em respostas eficazes;
que levem em conta o que o filho ou a filha necessita nessa situação: saber que seus
pais o escutam e acreditam, que pode confiar neles e contar tudo o que aconteceu,
que pode contar com sua ajuda e que é possível aprender algumas técnicas e
estratégias para se defender e para recuperar a segurança em si mesmo (Felizardo,
2024).
Escutá-los de forma tranquila é o mais importante que o pai e a mãe podem
fazer em um primeiro momento; animar o filho ou a filha a contar tudo o que deseja
sobre o ocorrido para poder ter uma ideia clara dos fatos; pouco a pouco e de forma
suave, fazer perguntas sobre o que aconteceu, quem está envolvido, onde ocorreu,
quando e, se houve testemunhas, quem são (Souza e Junior, 2019).
Convém também que os pais aliviem os filhos vítimas de bullying de todo
sentimento de culpa e que lhes façam saber a importância de terem contado o
problema para resolvê-lo, além de assegurar que as coisas não irão piorar por causa
disso. A partir desse momento, é necessário que os pais marquem uma reunião com
a pessoa de referência e confiança do centro docente, a fim de acordar de forma
conjunta uma estratégia para deter o comportamento de bullying e trabalhar para que
a criança possa estar segura e se sentir bem no ambiente escolar (Ruotti, Alves e
Cubas, 2016).
Outra forma de ajudar a enfrentar o problema consiste em reforçar as relações
da criança vítima com seus amigos, convidando-os para casa, assim como ampliando
os espaços de convivência e de jogo nos quais possa conhecer novas amizades. Além
disso, é recomendável ensinar algumas estratégias cognitivas, como ignorar
comentários negativos ou insultos, fornecer a si mesmo informações positivas, praticar

técnicas de autocontrole e relaxamento para enfrentar a angústia e o medo, assim
como pedir ajuda quando necessário (Silva, 2010).
No caso de que as condutas de bullying se realizem por meio de tecnologias, é
importante aconselhar que não respondam a essas mensagens, que guardem uma
cópia, que deixem de utilizar esses meios durante um período, que não leiam
mensagens de remetentes desconhecidos, que não forneçam o número de celular a
pessoas que não sejam de confiança, que mudem o número de celular ou de chat e
não deem informações pessoais e, sobretudo, insistir que não são responsáveis pelo
que lhes está acontecendo (Tognetta, 2020).

 

6.2 Os Professores e a Escola

 

O bullying ocorre em quase todas as escolas, embora, tal como já foi
comentado, aconteça com maior probabilidade naquelas em que faltam informação e
formação a respeito e supervisão nos intervalos; onde o professor e os estudantes
mostram indiferença ou aceitam essas condutas; e onde não existem normas claras
em relação ao manejo desse tipo de situação.
Conhecer a incidência e a prevalência, dispor de um programa anti-bullying que
reduza as oportunidades de que essas condutas ocorram e se reforcem é, atualmente,
uma exigência. Tomando como referência as estratégias de Beaudoin e Taylor (2016),
os âmbitos de atuação devem incluir, de forma simultânea, o currículo (ou os
programas das disciplinas) e sua instrução, a organização escolar e as relações
sociais dentro da sala de aula.
A conscientização é o elemento essencial para abordar os problemas de
convivência: ter consciência de que existem problemas, decidir enfrentá-los e fazê-lo
de maneira participativa e compartilhando responsabilidades. Isso incluiria dois níveis:
a detecção (coleta de dados, registro de incidentes) e a criação de normas
compartilhadas de convivência (Calhau, 2018).
Segundo Beaudoin e Taylor (2016), um dos aspectos que contribuem de forma
importante para motivar os docentes a intervir em atos de bullying é a constatação de
que há um problema e, sobretudo, de que eles podem contribuir para sua solução.
No que diz respeito à criação de normas compartilhadas de convivência, estas
devem basear-se nos princípios de responsabilidade e coerência. Conforme Tognetta
(2020), as normas devem expressar de forma explícita a “tolerância zero” em relação

ao bullying e também as expectativas de conduta. O mais importante, além de que
sejam cumpridas, é que sejam revisadas e atualizadas periodicamente, que haja
coerência entre a infração e a sanção e, sobretudo, que sejam também conhecidas
pelas famílias.
Essas normas também se aprendem por meio da prática de condutas positivas
para a convivência diária e incompatíveis com o bullying, tais como ajudar um colega
que está sendo agredido – falando sobre isso e tentando impedir, ou pedindo ajuda ;
realizar trabalhos ou atividades em grupo garantindo que ninguém fique excluído;
preparar e dar as boas-vindas aos alunos novos; escutar as opiniões dos demais;
tratar os outros de forma respeitosa; respeitar as pertenças; reforçar os aspectos
positivos dos demais, entre outros (Calhau, 2018).
A incorporação deliberada, dentro do projeto curricular e das programações
curriculares de área, de temas relacionados ao desenvolvimento socio-pessoal pode
resultar de grande utilidade. A tutoria é o espaço apropriado para desenvolver
atividades individuais e coletivas, com o objetivo de prevenir o problema e capacitar
os alunos a adquirir competências sociais que lhes permitam resistir ao bullying e
manejar suas consequências (Calhau, 2018).
Embora os aspectos concretos do desenvolvimento socio-pessoal devam
adequar-se a cada contexto, em geral deve-se incluir educação em valores,
habilidades sociais, habilidades de resolução de conflitos e metodologias de trabalho
cooperativas entre os alunos e participativas em relação à sala de aula e à escola
(Felizardo, 2024).
De acordo com Tognetta (2020), o fator protetor mais importante quando se é
objeto de bullying é a percepção de controle sobre a situação, respondendo de forma
ativa e assertiva em lugar de passiva. Além disso, esse tipo de resposta é a mais
valorizada pelos pares. Por isso, além de um contexto que possibilite esse
enfrentamento, é aconselhável que o alunado disponha de um repertório de
estratégias de enfrentamento que possa utilizar nessas situações.
Na medida em que se ensina aos alunos habilidades como fazer amigos,
expressar emoções e ser receptivos à expressão de emoções dos outros, defender
os próprios direitos e opiniões, tolerar diferentes perspectivas sobre um tema,
enfrentar a pressão de grupo, resolver problemas interpessoais, entre outras, dota-se
as possíveis vítimas de competências para enfrentar a ameaça, a manipulação e a
persuasão; ensina-se aos possíveis agressores formas alternativas de relação e de

conduta baseadas no respeito e na cooperação; e aos espectadores, formas possíveis
de ajudar uns e outros a evitar a situação de abuso. Em definitivo, cria-se um clima
em que comportamentos de assédio, intimidação e agressão não têm espaço
(Beaudoin e Taylor, 2016).

 

6.3 Os Outros Alunos

 

A pressão social exercida pelo grupo de pares adquire um papel significativo
tanto para instigar, reforçar e manter o bullying, como para detê-lo. Isso justifica o
interesse de pesquisa que o aluno espectador vem despertando.
Com a finalidade de formar os estudantes para que adotem um papel mais
ativo, envolvendo-se em comportamentos pró-sociais de ajuda a seus colegas vítimas
de bullying, foi elaborado e avaliado um conjunto de técnicas úteis para desenvolver
o potencial de apoio e ajuda daqueles alunos que, sem concordar com os agressores,
não intervêm para ajudar as vítimas (Tognetta, 2020).
Nesse contexto, forma-se e apoia-se esse alunado para que possa oferecer
diferentes tipos de apoio, ajuda e colaboração a outros em situações de
vulnerabilidade: proporcionar amizade ou respaldo na interação diária, oferecer
modelos de referência e de orientação positivos, dar conselhos e informações em
temas escolares ou não escolares de interesse, entre outros (Ruotti, Alves e Cubas,
2016). Em definitivo, o objetivo é capacitá-los para que criem redes sociais de apoio
necessárias para prevenir e/ou reduzir o impacto das condutas de bullying.

 

7 CONCLUSÃO

 

De acordo com tudo o que foi exposto nestas páginas, o tratamento da violência
escolar, tanto no âmbito preventivo quanto no de intervenção (estratégias), não deve
se centrar em um indivíduo específico, mas sim no grupo de alunos e colegas. No
entanto, em algumas ocasiões existem casos particulares de alunos que, além de
requererem medidas de aplicação coletiva, demandam, por sua atitude, sua conduta,
o lugar que ocupam no grupo de pares, sua relação com os professores e, em alguns
casos, suas circunstâncias familiares, uma atenção específica.
Os casos em que se produzem situações de maus-tratos e intimidação a um
colega ou algum outro tipo de conduta grave exigem, além disso, um trabalho

individualizado e um trabalho conjunto com a família. Em determinadas
circunstâncias, seja diante de graves perturbações ou de dificuldades para trabalhar
com a família, pode ser necessário incorporar recursos de apoio externos.
Tanto o aluno agressor quanto o aluno vitimizado necessitam de ajuda para
sair dessa situação e para enfrentar da melhor maneira suas consequências. As
condutas de tipo antissocial que mostra o agressor e as condutas de indefesa que
mostra a vítima comprometem seu futuro pessoal e acadêmico, sua autoestima, sua
forma de enfrentar os problemas, suas expectativas educativas e, em definitivo, sua
própria saúde mental.

 

REFERÊNCIAS

 

ABRAMOVAY, Miriam (Org.). Escola e violência. Brasília: UNESCO, 2012.

 

BEAUDOIN, Marie-Nathalie; TAYLOR, Maureen. Bullying e desrespeito: como
acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre: Penso/Artmed, 2016.

 

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção
e repressão. 5. ed. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018.

 

FANTE, Cléo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar
para a paz. Campinas: Verus Editora, 2015.

 

FELIZARDO, Ana Regina. Bullying escolar: prevenção, intervenção e resolução
com princípios da justiça restaurativa. Curitiba: InterSaberes, 2017.

 

FELIZARDO, Ana Regina. Bullying e cyberbullying: aplicação do círculo de diálogo
respeitoso para a cultura de paz. Curitiba: InterSaberes, 2024.

 

MALDONADO, Maria Tereza. Bullying e cyberbullying. São Paulo: Moderna, 2011.

 

RUOTTI, Caren; ALVES, Rúbia; CUBAS, Viviane. Violência na escola: um guia
para pais e professores. São Paulo: ANDHEP/Imprensa Oficial, 2016.

 

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de
Janeiro: Fontanar/Objetiva, 2010.

 

SOUZA, Ivanete Pimenta Vilela; JUNIOR, Sebastião Augusto. Bullying no ambiente
escolar: violência velada e de difícil identificação. Revista Psicologia em Foco,
Maceió, v. 11, n. 1, p. 66-80, 2019.

 

TOGNETTA, Luciene Regina Paulino. Quando a preocupação é compartilhada:
intervenções aos casos de bullying. Americana: Adonis, 2020.

 

TREVISOL, Maria Teresa Ceron; UBERTI, Luana. Bullying na escola: inquirindo

sobre as razões promotoras dos conflitos entre e dos alunos. Campinas: Editora
Mercado de Letras, 2016.

 

 

Arquivo – AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E O BULLYING ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO

 

 

 

Revision List

#1 on 2025-out-03 sex  10:04+-10800

Autores

   Send article as PDF   

você pode gostar

Deixe um comentário

Translate »