Início » A INCLUSÃO ESCOLAR E A LÍNGUA DE SINAIS: HISTÓRICO, DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS

A INCLUSÃO ESCOLAR E A LÍNGUA DE SINAIS: HISTÓRICO, DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS

por Francisca Edna Camelo Torres Lima

 Francisca Edna Camelo Torres Lima[1]

Quitéria Vanderleia Martins Sampaio[2]

Rossana Magalhães Farias[3]

 

 

 

A INCLUSÃO ESCOLAR E A LÍNGUA DE SINAIS: HISTÓRICO, DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS.

 

 

 

RESUMO

 

A presente pesquisa tem como objetivo de estudo fazer uma abordagem sobre o surgimento da língua de sinais, como se deu a inclusão de crianças surdas nas escolas e falar sobre práticas pedagógicas realizadas e dificuldades encontradas na inclusão escolar dessas crianças. O objetivo deste trabalho é refletir que atualmente a inclusão escolar tem papel de agregar e motivar, organizar e executar o ensino-aprendizagem de crianças com deficiências e necessidade especiais para se alcançar o sucesso escolar no contexto da educação contemporânea de cada indivíduo, o que vai além da ideia nos séculos passados. A metodologia foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica, na qual se buscou por meio de diversas leituras formar e sistematizar saberes referente ao objeto de estudo e a responder o questionamento de como é importante a inclusão escolar para o sucesso de cada criança. Concluindo por tanto essa temática buscou discutir acerca da inclusão escolar de crianças surdas e o uso da língua de sinais, que quando realizada de forma pedagógica e participativa os resultados alcançados são de sucesso escolar.

 

Palavras chave: Inclusão Escolar, Crianças Surdas, Língua de Sinais.

 

 

ABSTRACT

 

The objective of this research is to study the emergence of sign language, how deaf children were included in schools, and to discuss the pedagogical practices used and the difficulties encountered in the school inclusion of these children. The objective of this work is to reflect on the role that school inclusion currently plays in aggregating and motivating, organizing and implementing the teaching-learning of children with disabilities and special needs to achieve school success in the context of each individual’s contemporary education, which goes beyond the idea of ​​past centuries. The methodology was carried out through bibliographical research, in which we sought, through various readings, to form and systematize knowledge related to the object of study and to answer the question of how important school inclusion is for the success of each child. In conclusion, this theme sought to discuss the school inclusion of deaf children and the use of sign language, which, when carried out in a pedagogical and participatory manner, results in school success.

 

Keywords: School Inclusion, Deaf Children, Sign Language.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Este trabalho tem como tema a Inclusão Escolar: O Surgimento da língua de sinais no processo de educação dos surdos e sua trajetória, mostrando que nem sempre se teve o mesmo método de alfabetizar e ensinar essas crianças, vale ressaltar que durante muito tempo as crianças surdas eram consideradas doentes e por isso muitas não tinham acesso ao meio social, muito menos acesso à educação.

Sabemos que a linguagem oral, a comunicação verbal difere o ser humano dos demais animais, porém a capacidade cognitiva do ser humano dar outros meios de se comunicar além da fala. Lacerda 2006 lembra Vigotski 2001 e nos mostra que “a linguagem é responsável pela regulação da atividade psíquica humana, pois é ela que permeia a estruturação dos processos cognitivos”. (VIGOTSKI, 2001, apud LACERDA, 2006, p.03).

¹ Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Professora da rede Municipal de Fortaleza-Ce.

Vemos a importância da linguagem para o desenvolvimento do indivíduo, então foi necessário criar meios de linguagem para que as pessoas surdas pudessem se comunicar. Ao passar das décadas foram reconhecendo que não eram doentes mentais sem capacidade de ser comunicar.

E foi França que surgiu a primeira escola para surdos, no ano de 1712. Mas foi a partir da década de 1990 que no mundo todo se buscou a inclusão escolar dessas crianças e a apresentação de políticas públicas direcionadas para os surdos de forma mais efetiva. LACERDA.2006.

Assim as questões que norteiam este trabalho são:

  • Como surgiu a língua de sinais e seu uso no processo de educação dos surdos?
  • Quais as Leis que oficializam a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e seu regulamento?
  • A inclusão escolar tem sido eficiente para os surdos?

Desse modo a reflexão sobre a educação inclusiva de crianças com deficiência auditiva no âmbito educacional nos levará a conhecer mais a fundo a importância escolar na vida dessas crianças. Consideraremos a trajetória histórica por que passaram até alcançar as vitórias tidas hoje, como presença de interpretes em sala de aula, e o longo caminho pela frente com o papel social dos professores.

Diversos autores falam sobre esse tema, mostram estudos de casos realizados em escolas regulares, apontam dados de pesquisas feitas em diversos países e enriquecem assim a literatura sobre a aceitação e evolução das conquistas de crianças surdas no mundo inteiro.

Para realização do presente artigo usamos o recurso metodológico baseado na pesquisa bibliográfica, autores como Lacerda 2009, Souza 2019, Trillo 2000, dentre outros foram utilizados para fundamentar o que aqui será discutido.

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 HISTORICIDADE DA TRAGETÓRIA EDUCACIONAL VOLTADAS PARA SURDOS

No período anterior à Idade Moderna, os surdos viviam na marginalidade, incapacitados de se comunicarem com as outras pessoas, tidos como seres irracionais e não educáveis. Eram considerados pessoas doentes e privadas de instrução. Não havia uma educação voltada para essa parcela da população.

Somente no ano de 1775 na França, veio a surgir a primeira escola para crianças surdas coletiva, seu fundador foi Charles-Michel de l’Épée  (Versalhes, 25 de Novembro de 1712Paris, 23 de Dezembro de 1789), onde era utilizada a língua de sinais. l’Épée era um educador filantrópico, ou seja, ele ajudava os surdos por sua conta própria, sua escola era gratuita.  Essa língua era uma combinação de símbolos com a gramática francesa, com o objetivo de alfabetizar e transmitir a cultura aos indivíduos com deficiência auditiva, mas como mostra a história o principal interesse de l’Épée era a educação religiosa dos surdos. Anos mais tarde, especificamente em 1791, esta escola se transformou no Instituto Nacional de Surdos e Mudos de Paris. (LACERDA, 1998).

Já no ano de 1864, os Estados Unidos entram para a história como a primeira nação do mundo a criar uma universidade para surdos, chamada: Universidade Gallaudet, em Washington. Nos estados Unidos a língua de sinais era chamada de ASL (Língua de Sinais Americana), influenciada pela língua de sinais francesa. (STROBEL, 2009)

No Brasil, segundo alguns historiadores, a educação de surdos iniciou-se no ano de 1857, durante o império de D. Pedro II, com a inauguração do Instituto Nacional dos Surdos no Rio de Janeiro. O instituto, que utilizava o modelo da língua de sinais, foi fundado pelo francês Hernest Hwet, que veio ao nosso país a convite do imperador.

Em 1862, por motivos pessoais, Hwet deixa o instituto e seu cargo passa a ser ocupado por Manuel de Magalhães Couto, que não era especialista em surdez, O instituto passa, então, a ser considerado uma espécie de asilo para surdos, pois deixa de realizar o treino de fala e leitura de lábios.

Por volta do ano de 1897, a educação de surdos no Brasil sofre forte influência europeia do Congresso de Milão, que dizia que os surdos não poderiam mais utilizar as mãos e eram obrigados a falar para se comunicarem. Isto levou o Brasil, em 1957, a empregar o oralismo puro em suas salas de aula. Essa educação oralista perdurou até a década de 1970.

Ainda na década de setenta o princípio da normalização (originado nos países escandinavos) ganha força e passa a ser conhecido mundialmente.

 

Tinha como proposta básica a ideia de que toda pessoa com deficiência teria o direito inalienável de experienciar um estilo ou padrão de vida que seria comum ou normal em sua cultura, e que a todos, indistintamente, deveriam ser fornecidas oportunidades iguais de participação em todas as atividades partilhadas por grupos de idades equivalentes”. (MENDES, 2006, p.04).

 

Sendo assim, nessa década, algumas escolas regulares, em diferentes partes do mundo, passaram a aceitar crianças ou adolescente deficientes, entre eles os surdos, em classes comuns, o que anteriormente era tido como inviável, pois consideravam que a segregação era a melhor forma destas pessoas, ditas “especiais”, serem bem atendidas em suas necessidades educacionais.

A década de 1990 foi marcada pela discussão acerca do bilinguismo no território brasileiro, apontando as vantagens da utilização dos sinais no processo de educação de surdos; e principalmente pela consignação da lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece que a educação é direito de todos e que as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter atendimento educacional preferencialmente na rede regular de ensino.

O autor Fontes, 2009 nos mostra que o marco histórico da educação inclusiva ocorreu, sem dúvida, com a Declaração de Salamanca (1994), criada na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, promovida pelo governo da Espanha e pela UNESCO. Essa declaração impulsionou o movimento da chamada educação inclusiva, a qual defende o compromisso que a escola deve assumir de educar cada estudante, contemplando a pedagogia da diversidade, pois todos os alunos deverão estar dentro da escola regular.

Anos depois, o Governo Federal do Brasil sanciona a Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, que reconhece a LIBRA (Língua Brasileira de Sinais) como meio legal de comunicação. Tal lei determina também, entre outras coisas, um prazo máximo de dez anos para implantação da língua de sinais nos currículos dos cursos de licenciaturas, pedagogia, letras e fonoaudiologia, bem como a regulamentação da profissão de intérprete dessa forma de comunicação. SOUZA 2019, relata a importância dessa lei, mostra como os surdos ganham espaço na sociedade e passam a não mais serem excluídos de inúmeras situações do dia-a-dia. A Lei nº 10.436, reconhece a LIBRAS como comunicação legal e em seu parágrafo terceiro narra que as instituições públicas e as empresas que prestam serviços públicos devem garantir atendimento para pessoas com deficiência auditiva.

Após essa retomada histórica acerca da inclusão de surdos mundo e no Brasil, podemos observar que o movimento pela inclusão de crianças portadoras de deficiência auditiva ganha força com o passar dos anos. Se todos, segundo a lei, têm direitos iguais, então, o Estado tem que proporcionar para todas as crianças, jovens ou adultos, independentemente de cor, etnia, gênero ou limitação, o direito de viver em sociedade e de compartilhar experiências com os demais grupos existentes.

 

2.1  O PROFESSOR E SEU PAPEL SOCIAL FRENTE A INCLUSÃO DE ESTUDANTES SURDOS

 

O papel social do professor diz respeito ao seu modo de proceder na sociedade: seus deveres, direitos e seu comportamento, que deve ser motivado por seus ideais.  (TRILLO,2000). Há muitas práticas pedagógicas importantes que o professor só aprenderá em sua vivência escolar. Não se pode simplesmente copiar as ideias dos outros, até porque nos depararemos com situações que talvez nunca imaginamos. O educador precisa amar, aceitar e respeitar a todos. Nenhuma criança quer nem precisa ser suportada. As crianças precisam ser abraçadas.  TRILLO, 2000 fala sobre o papel da escola como um todo, que é formar o indivíduo com atitudes e valores por meio de uma pedagogia eficiente que a abranja a diversidade cultural.

O educador precisa entender o meio social em que atua, interpretando-o e criticando-o, refletindo em suas práticas pedagógicas ações concretas para a construção de uma sociedade mais humana. Às vezes pensamos em grandes atos, em grandes discursos e acabamos nos esquecendo das pequenas coisas, que vão tomando conta da nossa vida sem que as percebamos.

 

[…] O professor a que procura nos trabalhos a expressão pessoal dos seus estudantes, e que os adverte valorará a originalidade como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, está a estabelecer as bases de uma atitude de expressão livre. E se isto ampliar, no sentido em que, numa fase posterior do processo, cada um deverá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais, parece provável que a atitude de trabalho pessoal será enriquecida com a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e as diferentes perspectivas sobre as coisas […] (TRILLO 2000, p.44)

 

O educador precisa direcionar a sua prática pedagógica para a realidade do educando. Procurar promover atividades que englobe a todos de igual forma. Estar sempre atento para comentários ou atitudes que denotem preconceito, procurando desconstruí-los no exato momento. Na inclusão de alunos com deficiência auditiva, o professor deve encarar a realidade do mesmo, reconhecer que precisa de auxílio para atender melhor essa criança. Fingir que não vê o problema de surdez não é incluir. A questão muitas vezes é que julgamos as pessoas pelas suas limitações e não pela capacidade de superação.  O que queremos é formar pessoas que não abaixem a cabeça e que se reconheçam como sujeitos valorosos e únicos.

A aquisição da língua de sinais é de fundamental importância para o processo educacional de crianças com deficiência auditiva. Atualmente tem se mostrado como meio de comunicação mais eficaz entre surdos, denominando-se como uma linguagem própria desses indivíduos.

 

Na realidade brasileira, são poucas as pessoas com formação específica para atuarem como intérpretes da LIBRAS. Tem crescido o número de cursos oferecidos, todavia eles se concentram nos grandes centros, atingindo um número restrito de pessoas. Desse modo, é difícil encontrar, […], pessoas com formação específica como intérprete da LIBRAS e que se disponham a atuar como intérprete educacional, já que este trabalho exige dedicação de muitas horas semanais, com horários fixos. (LACERDA 2006, p.170).

 

O interesse pela linguagem de libras surgiu a partir dos insucessos provenientes da abordagem oralista. Segundo os princípios do oralismo, a criança com surdez deve desenvolver uma língua oral como forma de comunicação. O que acontecia, no entanto era que os resultados alcançados por meio deste método eram, em sua grande maioria, insatisfatórios, podendo-se citar as dificuldades de ler e escrever apresentadas mesmo após anos de escolarização. LACERDA, 2009.

A autora Cristina lacerda,2009 traz um discursão em seu trabalho intitulado: “A Inclusão Escolar de Alunos Surdos: O Que Dizem Alunos, Professores e Intérpretes Sobre Esta Experiência”, no qual ela faz um estudo de caso e mostra falas e pensamentos dos diversos sujeitos que compõe a inclusão social de surdos nas escolas brasileiras. Por meio da leitura desse material vemos que a linguagem de sinais se estabelece como forma de comunicação própria dos surdos, se constituindo assim como uma língua realmente. Esta se insere como modo de comunicação mais acessível a eles sendo adquirida de forma rápida e natural. A mesma designa na vida destes o mesmo papel que a linguagem oral estabelece na vida dos ouvintes, permitindo de forma eficiente o estabelecimento de comunicação e interação entre surdos e ouvintes, favorecendo assim o desenvolvimento de processos cognitivos de importância vital na vida do ser humano.

A partir do reconhecimento da validade de incorporação das libras no processo pedagógico, surge a abordagem bilíngue para a educação de pessoas com deficiência auditiva. O bilinguismo surgiu na década de 80, como nos mostra LERNER, 2002. Segundo o autor, esta abordagem, utilização bilíngue, faz com que o indivíduo com surdez tenha contato o mais precocemente possível com a língua de sinais, permitindo desta forma a ele um desenvolvimento pleno da linguagem. A partir da compreensão da mesma ele passará a ter contato com a forma de linguagem vigente no seu grupo social, de maneira que ela seja compreendida, tendo como ponte para essa compreensão a língua de sinais, já dominada pelo indivíduo surdo.

O movimento de inclusão contempla a diversidade, visando uma educação que procure atender a todos. A educação inclusiva tem sido desenvolvida no Brasil há pelo menos trinta anos, e apregoa o dever da escola e de seus profissionais envolvidos de se adaptarem ao aluno incluído, buscando estratégias e inovações que garantam a permanência satisfatória deste na escola regular. Trazendo à tona o valor da diversidade, como elemento de riqueza que se manifesta no diferencial.

Vale ressaltar a importância da formação continuada para o desenvolvimento profissional do professor, para desenvolver habilidades e trabalhar com alunos surdos no cotidiano escolar.

Libâneo (2012) em suas obras, Libâneo enfatiza que a formação contínua é essencial para que os professores desenvolvam competências que atendam à diversidade dos alunos, promovendo uma educação equitativa e de qualidade.

Na esfera da prática pedagógica, o docente desempenha uma função relevante em várias atividades, instâncias, e essa função pode estar profundamente vinculada a uma organização e aos processos que a cercam. O processo combina a transmissão e a assimilação dos conhecimentos, cujo objetivo primordial é o desenvolvimento da formação do indivíduo, ciente disso, o “programa de formação de professores deve incluir profundo de educação profissional comum e especializado. Além disso devem ser-lhe experiências práticas, integradas com a teoria” (MAZZOTA, 1996, p. 43).

Vigotski (2004) aponta que esse cenário exige que o professor tenha clareza acerca das diretrizes escolares, entendendo que não podem fugir de suas

determinações. É viável que as necessidades dos alunos, independente de qual seja, torne-se alinhada as exigências curriculares. Neste sentido, o autor confere, que para tanto, é preciso que os professores atuem com emoção, quando enfatiza

que “[…] as reações emocionais exercem a influência mais substancial sobre todas as formas do nosso comportamento e os momentos do processo educativo” (VIGOTSKI,2004, p. 143), ou seja, quando ele motiva os sujeitos, os mesmos tendem a conseguir se conectar e aprender com qualidade.

O impacto inicial das crianças ao iniciarem na escola é complexo e necessita de muita atenção e paciência por parte de todos os envolvidos na escola:

 

Aprender a conviver e relacionar-se com pessoas que possuem hábitos e competências diferentes, que possuem expressões culturais e marcas sociais próprias, é condição necessária para o desenvolvimento de valores éticos, como a dignidade do ser humano, o respeito ao outro, a igualdade e a equidade e a solidariedade. (Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, 1998, p. 35).

 

O aprendizado da convivência em ambientes diversos é fundamental para a formação de cidadãos éticos e conscientes. Ao interagir com pessoas que possuem hábitos, competências e expressões culturais distintas, os indivíduos ampliam sua percepção sobre o mundo e desenvolvem a capacidade de respeitar e valorizar as diferenças. Essa interação não apenas enriquece a experiência pessoal, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa, onde os valores de dignidade e respeito são promovidos e praticados.

A convivência com a diversidade é essencial para fomentar a igualdade e a equidade nas relações sociais. Ao aprender a lidar com as particularidades de cada indivíduo, as pessoas se tornam mais solidárias e empáticas, reconhecendo que todos têm direitos e dignidade, independentemente de suas origens ou características. Essa formação ética é crucial para a construção de um ambiente escolar inclusivo e acolhedor, onde todos se sintam valorizados e respeitados, contribuindo assim para uma sociedade mais coesa e harmoniosa.

Há diversas formas de o educador aprimorar-se na língua de sinais. Independentemente de se tratar de uma formação de nível superior em Letras – Libras, Letras – Libras/Português, ou de uma formação continuada para educadores em exercício, o que inclui cursos técnicos, cursos de níveis básico, intermediário e avançado, além de cursos online. Existem diversos caminhos para obter uma qualificação apropriada; no entanto, o aspecto mais relevante é o envolvimento direto com a língua e sua cultura em toda a sua extensão.

Para estabelecer esse vínculo, o docente necessitará realizar cursos de extensão, participar de formações contínuas, assistir a palestras, integrar-se a rodas de conversa, interagir com pessoas e educadores surdos, além de vivenciar diversas outras experiências. É evidente que todas essas ações contribuirão para o desenvolvimento profissional do docente, sendo que o contato direto representa o primeiro estágio na aquisição do conhecimento dessa língua.

Para buscar essa fluência na língua de sinais, os docentes precisam de uma formação específica que os capacite na língua de sinais. Para isso existem vários caminhos, como formação continuada ou graduações em Letras com habilitação em Libras e Português.

A formação de professores de Libras, de Língua Portuguesa como L2, de tradutores e intérpretes é fundamental para formar profissionais para atuarem na Educação Básica. Essas formações devem ser garantidas em nível superior (licenciatura e bacharelado) e enquanto formação continuada para os professores que já estejam atuando na Educação Básica e Superior. Os cursos de graduação envolvem a Pedagogia Bilíngue (que forma o professor bilíngue para atuar na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental), os cursos de licenciatura em Letras – Libras (que forma professores de Libras para atuar no ensino da Libras na Educação Básica e nível médio) e bacharelado (que forma tradutores e intérpretes de Libras e Língua Portuguesa). O curso de Língua Portuguesa como L2 deve ser oferecido para formar os professores que atuarão, tanto na Educação Básica como no nível superior (Brasil, 2014, p. 18-19).

 

Entendemos assim que a formação de professores nas áreas de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa como segunda língua (L2) é crucial para garantir uma educação inclusiva e de qualidade. Estas formações devem ser oferecidas em nível superior, tanto em licenciaturas quanto em bacharelados, para preparar profissionais capacitados a atuar de maneira eficaz na Educação Básica e Superior. A Pedagogia Bilíngue, por exemplo, é fundamental para a formação de professores que possam ensinar em um ambiente bilíngue, atendendo alunos surdos e ouvintes desde a Educação Infantil até as séries iniciais do Ensino Fundamental. Isso assegura que todos os alunos tenham acesso ao conhecimento em suas línguas de instrução, promovendo a inclusão e o respeito à diversidade linguística.

Os cursos de licenciatura em Letras – Libras formam professores especializados para ensinar Libras nas escolas, enquanto os bacharelados preparam tradutores e intérpretes que desempenham um papel vital na mediação da comunicação entre surdos e ouvintes. A formação de professores de Língua Portuguesa como L2 é igualmente importante, pois capacita educadores que trabalham com alunos surdos, assegurando que todos tenham as habilidades necessárias para se expressar e compreender a Língua Portuguesa. Essa estrutura de formação contínua e diversificada é essencial para criar um corpo docente preparado para enfrentar os desafios da inclusão e garantir que a educação seja acessível a todos os estudantes, independentemente de suas necessidades linguísticas.

 

3 METODOLOGIA

A metodologia aplicada consistiu em uma pesquisa bibliográfica com método qualitativo, baseada na revisão de literatura nacional. As publicações foram pesquisadas no Google Acadêmico, e, após selecionar uma quantidade suficiente de material para subsidiar a pesquisa, procedeu-se à leitura para identificar citações específicas relevantes ao estudo.

Segundo Gil (2019), essas vantagens da pesquisa bibliográfica têm uma contrapartida que pode comprometer a qualidade da pesquisa. Muitas vezes, as fontes secundárias apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. Portanto, um trabalho fundamentado nessas fontes tende a reproduzir ou mesmo ampliar esses erros. Para reduzir essa possibilidade, é fundamental que os pesquisadores garantam as condições em que os dados foram obtidos, analisem em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizem fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Na escola a criança vivencia uma série de relações e experiências importantes para sua vida social, e essas relações se dão principalmente através da linguagem. Sendo assim a utilização das LIBRAS se torna indispensável, como forma de comunicação com melhores resultados e acessível a todos, tanto surdos como ouvintes. As aulas, dinâmicas e brincadeiras propostas, devem procurar englobar e dar possibilidade de participação a todos, gerando uma inclusão que seja sucesso em todos os seus aspectos.

Precisamos conhecer mais sobre a surdez, a fim de refletirmos e construirmos estratégias pedagógicas específicas e eficazmente podermos atuar como protagonistas de uma verdadeira educação, uma educação mais humana. Todos envolvidos no processo de inclusão e escolarização de crianças surdas devem ser pessoas responsáveis, unidas pelo mesmo ideal: promover o enriquecimento de todos a partir da diversidade, além de promover a melhor educação possível a todos com igual empenho e preocupação.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. MEC/Secadi. Relatório do grupo de trabalho designado pelas Portarias nº 1.060/13 e nº 91/13. Subsídios para a Política Linguística de Educação Bilíngue – Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa – a ser implementada no Brasil. 2014.

FONTES, Carlos. Educação Inclusiva: Algumas Questões Prévias. Disponível em: <http://www.educacionenvalores.org/Educacao-Inclusiva-Algumas.html> Acesso em: 21 de fev. 2023.

LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Scielo, v. 26, n. 69, p. 163-184, ago. 2006. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n69/a04v2669.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2023.

LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. A prática pedagógica mediada (também) pela língua de sinais: trabalhando com sujeitos surdos. Scielo, v.20, n.50, p. 70-83, abr. 2000. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v20n50/a06v2050.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2023.

LIBÂNEO, José Carlos. Identidade da pedagogia e identidade do pedagogo. In: BRABO, Tânia Suely Antonelli Marcelino; CORDEIRO, Ana Paula. MILANEZ, Simone Ghedini Costa (Orgs). Formação da pedagogia e do pedagogo: pressupostos e perspectivas. Marília: Oficina Universitária. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. – São Paulo: Editora Atlas, 2019.

MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas. 5ª ed., São Paulo: Cortez Editora, 2005.

MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 33 set./dez. 2006. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n33/a02v1133.pdf> Acesso em: 24 fev. 2020.

STROBEL, Karin. História da Educação de Surdos. Florianópolis, 2009. Disponível em: <http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacao DeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf> Acesso em: 24 fev.2023.

TRILLO, Felipe. Atitudes e Valores do Ensino, Lisboa. Editora Piaget. (2000).

VIGOTSKI, L. S. Psicologia Pedagógica (P. Bezerra, Trad., 2a ed.). São Paulo: Martins Fontes, 2004.

[1] Mestranda em Ciências da Educação pela UNIGRAN

[2] Mestranda em Ciências da Educação pela UNIGRAN

[3] Mestranda em Ciências da Educação pela UNIGRAN

 

Arquivo – A INCLUSÃO ESCOLAR E A LÍNGUA DE SINAIS HISTÓRICO, DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO DE SURDOS. EDNA, ROSSANA, VANDERLEIA

Revision List

#1 on 2025-abr-11 sex  04:25+-10800

#2 on 2025-abr-11 sex  04:07+-10800

#3 on 2025-abr-10 qui  04:48+-10800

#4 on 2025-abr-10 qui  04:49+-10800

Autores

   Send article as PDF   

você pode gostar

Deixe um comentário

Translate »